quarta-feira, 25 de agosto de 2010

João Guimarães Rosa


"Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando."

"Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."

"(...) a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Metilfenidato: doping intelectual? ( Para o Deco)


Publicado em 08/12/2008 - 09h26

Grupo de cientistas pede liberação de doping mental

RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo

Um manifesto assinado por pesquisadores de sete universidades líderes nos EUA e no Reino Unido pede que o uso de drogas com o fim de melhorar a inteligência seja regulamentado e, eventualmente, liberado. Em artigo ontem no site da revista "Nature" (www.nature.com), os acadêmicos argumentam que é preciso disciplinar o uso que pessoas saudáveis fazem de medicamentos como a Ritalina (metilfenidato).

Concebida para tratar crianças com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade), essa droga (e outras similares) parece ter um efeito de melhora na concentração e na memória também em adultos saudáveis.

Um levantamento conduzido neste ano em universidades americanas revelou que cerca de 7% dos estudantes já fizeram uso de medicamentos desse tipo pelo menos uma vez, na tentativa de melhorarem seus desempenhos acadêmicos.

Tecnicamente, nos EUA, isso é crime, porque envolve comércio de uma droga para uso "off label" --fora do propósito original para o qual foi aprovada. Cientistas argumentam, porém, que a medida é um exagero e drogas como a Ritalina poderiam ser liberadas para "aprimoramento cognitivo", desde que novos testes comprovem sua segurança.

"Propomos ações que vão ajudar a sociedade a aceitar os benefícios do aprimoramento, acompanhadas de pesquisa apropriada e regulamento avançado", escrevem os cientistas. "Isso tem muito a oferecer para indivíduos e sociedade, e uma resposta apropriada por parte de todos deve incluir a disponibilização dos aprimoramentos acompanhada da gestão de riscos."

Sono e cansaço

Entre os nomes que assinam o documento estão "pesos-pesados" das neurociências, como Michael Gazzaniga, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, e também um jurista, Henry Greely, da Universidade de Stanford. A idéia do manifesto saiu de um seminário promovido pela "Nature" e pela Universidade Rockefeller, de Nova York.

Além da Ritalina, os pesquisadores mencionam outras três drogas que já vêm ganhando algum grau de popularidade em usos "off label". Uma delas é a similar Adderall, também usada em transtorno de TDAH. Outra é a Stavigile (modafinil), aprovada para tratar o desgaste físico causado pela narcolepsia, mas que vem sendo usada por alguns estudantes para combater sono e cansaço.

Há ainda uma quarta droga, a Aricept, mais difícil de obter, originalmente aprovada para tratamento do mal de Alzheimer. A preocupação inicial dos cientistas, contudo, é mesmo a Ritalina. "Com a prevalência de TDAH indo de 4% a 7% entre universitários americanos (...), há um bocado de droga no campus que pode ser desviada para usos de aprimoramento."

Concorrência desleal

Caso o uso de drogas para "turbinar" o cérebro venha realmente a ser aprovado, há outras questões que devem ser discutidas, além da segurança, afirma o manifesto publicado na "Nature". Uma delas é o risco de que estudantes deixem de concorrer em pé de igualdade quando participarem de exames que envolvam inteligência.

Uma pessoa que tenha se valido de uma droga poderia obter vantagem de maneira artificial, da mesma forma que um atleta dopado faz na disputa de uma competição, por exemplo. Os cientistas apontam também o risco de mais um problema: empresários poderiam obrigar seus funcionários --de maneira direta ou indireta-- a fazerem uso dessas drogas para melhorarem o rendimento.

O manifesto reconhece, porém, que faltam ainda muitos dados essenciais para que a discussão tome o rumo desejado. Ninguém sabe dizer, por exemplo, o quanto uma droga como a Ritalina pode de fato ajudar a inteligência propriamente dita. O efeito de longo prazo de uma dessas drogas sobre pessoas que já estão saudáveis, também, ainda é totalmente desconhecido.

"Clamamos por um programa de pesquisa sobre o uso e o impacto das drogas de aprimoramento cognitivo por indivíduos saudáveis", ressalta o documento.

Da folhaonline, http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u476483.shtml

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Distúrbios de articulação da fala: " dislalias"




Dislalia (do grego dys + lalia) é termo atualmente inadequado, que descreve um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os ordenadamente.

A falha na emissão das palavras pode ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim sendo, os sintomas da Dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas.
Não se observam, porem, transtornos no movimento dos músculos que intervêm na articulação e emissão da palavra.

Em muitos casos, a pronúncia das vogais e dos ditongos costuma ser correta, bem como a habilidade para imitar sons. Diante do paciente dislálico costuma-se fazer uma pesquisa das condições físicas dos órgãos necessários à emissão das palavras, verifica-se a mobilidade destes órgãos, ou seja, do palato, lábios e língua, assim como a audição, tanto sua quantidade como sua qualidade auditiva.

As Dislalias constituem um grupo numeroso de perturbações orgânicas ou funcionais da palavra. No primeiro caso, resultam da malformações ou de alterações de inervação da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro órgão da fonação. Encontram-se em casos de malformações congênitas, tais como o lábio leporino ou como conseqüência de traumatismos dos órgãos fonadores. Por outro lado, certas Dislalias são devidas a enfermidades do sistema nervoso central.

Quando não se encontra nenhuma alteração fisica a que possa ser atribuído a Dislalia, esta é chamada de Dislalia Funcional. Nesses casos, pensa-se em hereditariedade, imitação ou alterações emocionais e, entre essas, nas crianças é comum a Dislalia típica dos hipercinéticos ou hiperativos. Também nos deficientes mentais se observa uma Dislalia, às vezes grave ao ponto da linguagem ser acessível apenas ao grupo familiar.

Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase a criança pode ter problemas se continuar falando errado. A Dislalia, troca de fonemas (sons das letras), pode afetar também a escrita. Um caso clássico característico portador de dislalia são os personagens Cebolinha da Turma da Mônica o Hortelino Troca-Letras ("Elmer Fudd") do Looney Tunes, e Ming-Ming, do Super Fofos que sempre trocam o "R" (inicial e intervocálico) por "L", no caso de Hortelino, o "R" final também é afetado.


A dislalia em geral é um problema funcional, e pode ocorrer sem refletir uma doença propriamente dita até por volta dos 5 anos, quando se torna preocupante. O som alterado pode se manifestar de diversas formas, havendo distorções, sons muito próximos mas diferentes do real, omissão, ato em que se deixa de pronunciar algum fonema da palavra, transposições na ordem de apresentação dos fonemas (trocar máquina por mánica) e, por fim, acréscimos de sons.

Entretanto, o encaminhamento precoce a profissionais de habilitação e reabilitação na fala pode ser realizada já a partir dos 2 anos, com boa resposta. As dificuldade na linguagem oral devem ser muito valorizadas, porque podem interferir no aprendizado da escrita.

Em relação as alteraç~es mais comuns, há omissão, substituições, distorções ou acréscimos de sons. Eis alguns exemplos:

* Omissão: não pronuncia sons - "omei" = "tomei"; "estrela" = "estela"
* Substituição: troca alguns sons por outros - "balata" = "barata"; "coração" = "colação"
* Acréscimo: introduz mais um som - "Atelântico" = "Atlântico"

Editado, adaptado e corrigido de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dislalia