terça-feira, 8 de novembro de 2016

MÚSICA É USADA PARA AJUDAR CRIANÇAS COM AUTISMO

Excelente matéria de Jefferson Gonçalves, para o site: ondda.com

Que a música aproxima as pessoas não é um ideia nova, mas sua aplicação em determinados campos é inovadora e muito importante. Sabemos que ela é um idioma universal e que pode auxiliar crianças, jovens e adultos, pois reflete práticas terapêuticas, mas, a musicoterapia é um poderoso instrumento no tratamento de pessoas com autismo.O autismo é um distúrbio que provoca até três tipos de comprometimentos. Ele faz com que o processamento sensorial seja diferenciado, fazendo com que portadores possam processar melhor informações espaciais e focar apenas em partes separadas, ainda que tenham dificuldade em formar uma ideia geral do todo.
Ou seja, os autistas podem ter dificuldade em entender o outro e se relacionarem com alguém. Podem ter dificuldade na fala; podendo variar desde eles não falarem a até ficarem repetindo a mesma palavra (pois o córtex cerebral auditivo secundário e as regiões frontais do cérebro, responsáveis pelas palavras, estão afetados). E também, desenvolverem variações diferentes de comportamento, tornando-as mecânicos e repetitivos.
Crianças autistas que recebem um acompanhamento terapêutico associado à música tem uma resposta emocional bem mais positiva que as outras.
Pesquisas recentes realizadas por vários países, incluindo o Brasil, indicam que este tipo de técnica tem o poder de desenvolver talentos e habilidades mediantes as experiências que a pessoa com autismo tem no contato com a musicalidade.
De acordo com a musicista e neurocientista Viviane Louro, a música é um recurso salvador para todas as crianças, mas quando se trata de uma que tem autismo, a mudança para melhor é ainda maior.
Ainda segundo ela, a música faz com que todo o cérebro trabalhe e isso permite a remodelação, usando áreas do cérebro que o distúrbio desliga ou inativa.
Programas da secretaria de cultura do Estado de São Paulo, como o Projeto Guri, presente em mais de 340 municípios paulistanos auxiliam no tratamento e na musicoterapia para crianças com quaisquer graus de autismo.
Segundo o professor Gustavo Schulz Gattino, especialista em Musicoterapia e um dos precursores da pesquisa, as pessoas com autismo tendem a apresentar uma alta capacidade para percepção de melodias.
Autistas que tem contato com a música, tendem a relacionar emoções e sentimentos de forma que facilite o envolvimento na comunicação e criatividade.

Música da esperança

O autista que tem um relacionamento com a música tem mais uma ferramenta para se aproximar do nosso mundo.
Lenira de Souza, paulista, tem 32 anos, é mãe do Rafael, um garotinho de 10 anos, diagnosticado com um tipo brando de autismo, o Asperger.
“Percebemos que ele tinha dificuldade em conversar com os colegas na escola. Aos 4, 5 anos, isso se intensificou. Alguns até o empurravam”, conta. “Hoje, ele consegue conversar e fez amigos. Às vezes, quando fica difícil, fala no ritmo November RainPatience…” revela emocionada.

Crianças surdas aprendem a falar com terapia de música

Várias pesquisas já mostraram o papel da música na abordagem de problemas como autismo e outros transtornos psiquiátricos. Mas um novo estudo realizado na Universidade de Aalborg, na Dinamarca, mostrou um bom desempenho da musicoterapia no tratamento de pacientes deficientes auditivos com implante coclear (às vezes chamado de “ouvido biônico”).
A pesquisadora Dikla Kerem analisou o desenvolvimento de crianças de 2 e 3 anos em sessões de musicoterapia, comparando a quando elas iam a sessões de fonoaudiologia com o método de brincadeiras.
“As análises dos vídeos gravados em todas as sessões confirmam que a musicoterapia melhorou a frequência ou a duração dos comportamentos-alvo significativamente mais do que as brincadeiras”, escreve a pesquisadora em sua tese.
Quando nasce, um bebê ainda não sabe distinguir os sons. Para ele, o barulho de uma buzina não é diferente do latido de um cachorro. É com o tempo que ele vai aprender essas diferenças.
“Primeiro, a criança precisa ter atenção para o som. Depois, ela passa a discriminar os diferentes sons. Então, ela começa a reconhecer. E, quando começa a compreender os sons, finalmente, começa a falar”, explica a fonoaudióloga Ana Cristina de Oliveira Mares Guia, doutoranda em saúde da criança e do adolescente.
Ela explica que uma criança que nasce com deficiência auditiva não irá desenvolver nenhuma dessas habilidades que levam à escuta e à fala. Por isso, quando recebem um implante coclear, precisa ser guiada por todo esse percurso até aprender a ouvir e a falar.
“A música, principalmente para as crianças, será um facilitador para promover todo o desenvolvimento dessas habilidades porque tem ritmo, tem entonação, você fala mais fino ou mais grosso, mais alto ou mais baixo”, diz a fonoaudióloga.
Além de desenvolver as habilidades que levam à fala, a musicoterapia também aumenta a taxa de adesão ao tratamento. “As crianças ficam muito mais felizes. A música mexe muito com o corpo, elas adoram”, conta a fonoaudióloga. O tempo médio que uma criança leva para aprender a falar é de um ano após a colocação do implante.
Adultos. O tratamento com a musicoterapia pode ser usado também em adultos que já ouviram, mas perderam a audição por algum motivo. Em adultos que já nasceram surdos, os resultados dos implantes não são muito bons, segundo Ana Cristina.

SUCESSO

Audição de menino hoje é ‘maravilhosa’

O menino Carlos Eduardo Filho, 11, nasceu prematuro e precisou ficar quase um mês internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. Ainda no hospital, ele pegou uma infecção, que evoluiu para uma meningite bacteriana.
“O diagnóstico foi uma surdez neurossensorial profunda bilateral. Ou seja, ele havia ficado completamente surdo”, conta a mãe, Débora Rodrigues da Silva, 48. A solução encontrada foi que Carlos Eduardo – ou Kadu – fosse submetido a uma cirurgia para a colocação de um implante coclear.
A família se mudou de Manaus, no Amazonas, para Bauru, no interior de São Paulo, para dar ao menino o melhor tratamento. “Aqui, a música fazia parte de tudo. E o que eu entendo é que a função da música é dar movimento aos sons. As crianças se movimentam, pulam, é lúdico”, diz Débora.
Aos 5 anos, Kadu começou a fazer aulas de flauta e, este ano, de violão. “Hoje, a voz dele é perfeita. A qualidade da audição é maravilhosa. Ele estuda em escola regular, faz inglês com crianças da mesma idade”, conta a mãe.


Link para matéria do jornal O TEMPO: http://www.otempo.com.br/interessa/crian%C3%A7as-surdas-aprendem-a-falar-com-terapia-de-m%C3%BAsica-1.1394013http://www.otempo.com.br/interessa/crian%C3%A7as-surdas-aprendem-a-falar-com-terapia-de-m%C3%BAsica-1.1394013

Os sinais de alerta para a identificação do transtorno de déficit de atenção

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é considerado uma desordem neurobiológica que afeta entre 3 a 7% da população infantil, tanto no Brasil quanto em outros países do mundo. Hoje, estima-se que 50% a 80% das pessoas que tiveram o TDAH na infância continuam a apresentar na vida adulta, sintomas significativos associados a importantes prejuízos em diversas esferas da vida cotidiana.
O DSM-5 descreve o TDAH como um conjunto de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que se manifestam por meio de um padrão persistente e freqüente ao longo do tempo. Estes sintomas dizem respeito ao excesso de agitação, inquietação, falta de autocontrole, falar em demasia, interromper os outros, responder antes de ouvir a pergunta inteira, incapacidade para protelar respostas, como também distrair-se com facilidade, não prestar atenção à detalhes, dificuldade para memorizar compromissos, organizar e realizar tarefas e perder objetos.
Os sintomas do TDAH aparecem cedo na vida da criança, mas tornam-se mais graves a partir do ingresso desta na escola, porque durante o processo de aprendizagem escolar a criança necessita focar mais a sua atenção e permanecer sentada durante as aulas. Quando uma criança se levanta, sem permissão, é distraída ou não segue as instruções, não é só porque ela sofre de TDAH, mas porque há uma deficiência crônica complexa, envolvida em processos de autocontrole e na capacidade de inibir respostas negativas a um estímulo, mesmo que o aluno estivesse consciente das consequências, o que o predispõe a enfrentar dificuldades para fazer o que se espera dele. Estudiosos têm apontado estas dificuldades como um prejuízo nas Funções Executivas que se localizam na área Pré-Frontal do cérebro, entre as quais cita-se o déficit na inibição de respostas, atenção sustentada, memória de trabalho não verbal e verbal, planejamento, noção de tempo, regulação da emoção e na fluência verbal e não verbal.
No âmbito familiar e escolar, este transtorno é sentido como um fator que promove dificuldades no convívio e no dia a dia. Os adultos acusam a criança de “não escutar”, de não seguir regras e normas, de não conseguir completar as solicitações mais simples, de reagir com agressividade e de não tolerar frustração.  O excesso de atividade motora, o alto nível de impulsividade evidenciada na antecipação das respostas e na inabilidade para esperar a sua vez, diante de um acontecimento, pode provocar, geralmente, um impacto negativo nas relações sociais e ou familiares e promover um alto nível de estresse com quem convive com a criança ou adolescente.
Por outro lado, os adultos tendem a encarar a criança com TDAH, como inoportuna, aversiva e desobediente, ou ainda, preguiçosa, mal-educada e incoveniente, e que tem muita dificuldade para se adaptar no ambiente onde convive e para corresponder às expectativas dos adultos.
As crianças com TDAH apresentam também uma frequente rotina de evitação, postergação e esquecimento das tarefas cotidianas. Os pais descrevem uma rotina familiar estressante, pois as tarefas mais simples podem se tornar uma missão quase impossível de o filho realizar, como por exemplo, tomar banho, escovar os dentes, sentar para as refeições, de se preparar para dormir, pegar no sono e fazer as tarefas de casa. Sem supervisão de um adulto, ele poderá começar outras três atividades sem terminar o que começou e, os pais ficam rapidamente desencorajados, ocupando grande parte do seu tempo de lazer com a criança, principalmente com o dever de casa, que se manifesta como uma das mais importantes incapacidades invisíveis da criança.
O ambiente escolar é uma das áreas mais comprometidas na vida do estudante com TDAH. Desta forma, professores e coordenadores são elementos chave no processo de identificação do transtorno, eles atuam como mediadores ou como um apoio para a família no sentido de indicar o estudante para uma avaliação, ocasionalmente indicando quais especialidades deverão ser consultadas.
É claro que não é responsabilidade direta da escola ou do professor realizar o diagnóstico do TDAH, mas sim identificar dificuldades e prejuízos e compartilhar estes dados com os pais, mesmo que no primeiro momento, os pais estejam defensivos e não os aceitem.
A identificação precoce do quadro determinará a extensão na qual as dificuldades de atenção e hiperatividade estão interferindo nas suas habilidades acadêmicas, afetivas e sociais, possibilitando o estabelecimento de uma proposta de prevenção de problemas, antes do seu agravamento, evitando assim a exacerbação dos sintomas, o nível grave de prejuízos e o grau de sofrimento do estudante.
O conhecimento e a postura dos professores com relação ao TDAH são cruciais, pois a equipe escolar que é avessa ao diagnóstico, quer por desconhecimento ou por razões teóricas e filosóficas, com receio de rotulação e estigmatização, e às intervenções escolares, necessárias a estes estudantes, não colaboram com o processo escolar destes alunos, colocando em risco o seu desempenho escolar, o qual se constitui em uma experiência de vida que tem um enorme impacto no emocional do estudante e da sua família.
O sistema escolar deve ter consciência de seu papel, flexibilizando suas exigências, minimizando os riscos secundários ao TDAH, como fracasso escolar, rejeição, repetência, evasão e exclusão, cujos efeitos negativos na personalidade podem ser de uma magnitude que nem sempre é avaliada e prevista por aqueles que definem e aplicam as normas escolares.
Edyleine Bellini Peroni Benczik é Psicóloga e Neuropsicóloga, Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, Mestre em Psicologia Escolar e Proprietária do Psiquê – Núcleo de Psicologia e Neuropsicologia


domingo, 4 de setembro de 2016

Celulares, tablets, videogames, computadores: pode deixar?


Alerta: excesso de uso dos eletrônicos por crianças causa dependência

Especialistas comparam cérebro de criança exposta ao uso excessivo de aparelhos eletrônicos ao de usuário de drogas.

Por: Shyrlene Souza

Retirado de: http://br.blastingnews.com/ciencia-saude/2016/09/alerta-excesso-de-uso-dos-eletronicos-por-criancas-causa-dependencia-001095827.html 

  

                           

 

Se deparar com crianças fascinadas com uso de aparelhos eletrônicos é uma cena muito comum nos ambientes, atualmente. Essas novas tecnologias com tão pouco tempo de existência se tornaram um vício para grande parte das pessoas. Principalmente entre os adolescentes e as crianças. Esse comportamento de uso excessivo deveria ser algo impactante para a sociedade, mas acabou virando algo corriqueiro.

A maioria dos pais esquece que expor a criança a esses excessos, pode ser bastante prejudicial. O responsável pela clínica médica The Dunes, nos Estados Unidos, escreveu, recentemente, um artigo que foi publicado pelo New York Post, falando justamente pelo abuso dos aparelhos eletrônicos por crianças.
O médico comparou a exposição excessiva às tecnologias ao uso de drogas. Segundo o Dr. Nicholas Kardaras, o cérebro das crianças que brincam com o Minecraft parecem com o das pessoas que usam drogas. Ele acredita que isso seja algo mais prejudicial do que o vício em entorpecentes. Existem muitos casos graves de criança viciada em aparelhos eletrônicos.

Esse comportamento tem como característica sintomas como impaciência, crises depressivas e agressividade, no momento em que se retira os aparelhos eletrônicos como celulares, tablets e vídeo games. Existem alguns casos extremamente graves onde a criança perde contato com o ambiente real, chegando a se confundir o virtual com o real. A situação pode evoluir ao extremo, onde chega a praticar crimes e acreditam que não estão fazendo nenhum mal. Os especialistas adotaram o uso de expressões como heroína digital e cocaína eletrônica como referência ao vício nos eletrônicos.

O Doutor Kardaras ressalta que esse tempo gasto com o uso dos dispositivos eletrônicos, poderia ser melhor aproveitado no desenvolvimento de áreas do cérebro de grande importância, como o caráter e habilidades sociais e também elas poderiam estar interagindo com outras crianças.

Influências na vida adulta

O especialista também afirma que esses abusos provocam marcas que acompanham durante toda vida. A dependência causada pelo uso dos dispositivos provocam uma predisposição a se tornar um adulto solitário, cheio de complexos, baixa estima e alienado. Para combater esse mal é necessário estimular atividades que promovam a interação com a família e a imaginação.

É necessário limitar os períodos de uso aos aparelhos eletrônicos, principalmente as crianças muito pequenas.

                                                                     Família?
 
Leia também a matéria sobre formação emocional e uso de tablets, do jornal O Globo: http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/uso-excessivo-de-tablets-pode-prejudicar-desenvolvimento-emocional-de-criancas-diz-estudo-15219944http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/uso-excessivo-de-tablets-pode-prejudicar-desenvolvimento-emocional-de-criancas-diz-estudo-15219944

Sobre as crianças e a televisão

Publicidades de comida afetam cérebro das crianças, diz estudo
Retirado de: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/267918/publicidades-de-comida-afetamcerebro-das-criancas-diz-estudo  

                                                                          Vai deixar?

O objetivo das campanhas publicitárias de alimentos é bastante claro: levar ao consumo. As imagens usadas, as cores escolhidas, os protagonistas e o timing em que aparecem não são obras do acaso e se o efeito já é bem forte nos adultos, nos pequenos ele pode ser ainda maior.

Um recente estudo do Centro Médico da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, indica que os anúncios publicitários têm impacto direto no cérebro das crianças, que ficam querendo alimentos saborosos (como aqueles que veem) depois de assistirem aos anúncios. Além disso, a capacidade de resposta perante comida é mais rápida também.


Publicado no passado dia 12 no The Journal of Pediatrics, o estudo teve por base a análise de 23 crianças com idades entre os oito e os 14 anos, que foram convidadas a avaliar o sabor e o ‘fator saudável’ de 60 alimentos, antes e depois de assistirem a anúncios televisivos, alguns sobre comida. Os participantes puderam, ainda, escolher comer ou não cada um dos alimentos avaliados.

Todo este processo foi realizado ao mesmo tempo que os cérebros dos mais novos eram avaliados através de imagens de ressonância magnética, lê-se na Fox News.


Antes de assistirem aos anúncios, as crianças não escolheram os alimentos tendo em conta o fato de serem ou não saudáveis, mas sim tendo por base o quão saborosos eram. A escolha teve por base o sabor e o aspecto apetitoso foi ainda maior depois de terem assistido aos anúncios publicitários, algo que ficou provado com as imagens obtidas na ressonância magnética e que mostraram uma ativação da área cerebral relacionada com a recompensa.

Amanda Bruce, uma das mentoras da pesquisa, diz que os anúncios publicitários de comida têm um efeito bastante direto na capacidade de decisão, mas salienta que as crianças estão em desvantagem, uma vez que são mais facilmente influenciáveis para escolhas menos saudáveis.
 

Conviver com a diversidade pode favorecer o cérebro das crianças

Da revista Galileu: Cientistas identificam diferenças no desenvolvimento cerebral de crianças que tiveram contato com diferentes tipos de pessoas 


Para entender como o cérebro responde ao perceber diferenças raciais, cientistas têm estudado o chamado “preconceito implícito”: uma reação biológica e inconsciente que pode determinar o quanto confiamos em cada pessoa de acordo com suas características faciais.
 
Em uma convenção da American Psychological Association, a psicóloga Jasmin Cloutier apresentou um estudo recente que sugere que crianças expostas desde cedo a rostos de outras raças podem ser menos suscetíveis a certos tipos de preconceito. Os cientistas acreditam que essas impressões relacionadas aos rostos das pessoas são criadas durante a infância.

No artigo do Journal of Cognitive Neuroscience, Cloutier descreveu o experimento com 45 participantes brancos, expostos a uma série de atividades visuais com o rosto de pessoas brancas e negras. Durante o teste, seus cérebros foram escaneados na região da amídala, a parte relacionada à sensação de medo e outras emoções.

Entre os participantes que afirmaram ter se relacionado com pessoas de outras raças quando crianças, a atividade dessa área cerebral foi bem menos evidente. O resultado pode indicar que seus cérebros estão mais “preparados” para encarar o rosto de negros como indivíduos antes mesmo de considerá-los como parte de um grupo racial diferente do deles.

O objetivo principal dos pesquisadores é analisar alternativas capazes de minimizar esse possível preconceito implícito. O estudo ainda é recente, mas sugere que crianças expostas a uma variedade maior de rostos podem desenvolver melhor a habilidade cerebral de “processar” rostos e talvez estejam menos propensas a reações de medo quando tiverem contato com rostos que não forem familiares.

 Link para a reportagem : http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/08/conviver-com-diversidade-pode-favorecer-o-cerebro-das-criancas.html

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Mitos e verdades sobre a epilepsia

Programa Tarde Nacional, da Radio Nacional da Amazônia, entrevista a Neurologista infantil Adélia Henriques, que fala sobre os preconceitos, mitos e verdades relacionados a epilepsia.

Ouça aqui:
http://audios.ebc.com.br/d5/d5c2152c7f3e49c04ff3687c0fbca418.mp3



Estudo mostra que música pode ajudar bebês a processar fala

Bebês estimulados a fazer brincadeira musical tiveram mais atividade em área do cérebro relacionada à habilidade de falar.


Retirado de G1


Pesquisa publicada nesta segunda-feira (25) nos Estados Unidos mostra que a música pode ajudar os bebês no aprendizado da fala. Os autores observaram o comportamento de um grupo de crianças em idade de amamentação que participaram de jogos que incluíam o uso de ritmos musicais.
"Nosso estudo é o primeiro realizado em bebês que sugere que se expor a ritmos musicais pode melhorar a capacidade de detectar ritmos na linguagem", explica Christina Zhao, pesquisadora do Instituto de Aprendizado e Ciências do Cérebro (I-LABS) na Universidade do Estado de Washington.
Zhao é a principal autora do trabalho, publicado na revista da Academia de Ciências dos Estados Unidos, a "PNAS". Os pesquisadores compararam a evolução de um grupo de 20 menores de nove meses, aos quais ensinaram a reproduzir ritmos musicais em um pequeno tambor, enquanto um segundo grupo de 19 bebês, da mesma idade, recebeu outro tipo de brinquedos, como carrinhos ou cubos.
Uma semana depois desta experiência, os bebês foram submetidos a testes para determinar as áreas exatas do cérebro onde houve maior atividade. Como mostra a agência AFP, constatou-se que as crianças incentivadas a participar de jogos que envolviam música tiveram maior atividade nas regiões do cérebro importantes para o aprendizado da linguagem.
Como mostra a agência AFP, a linguagem, assim como a música, tem fortes características rítmicas, afirmam os pesquisadores. O ritmo das sílabas ajuda a distinguir os sons e a compreender o que uma pessoa diz e é essa capacidade de identificar os diferentes sons que ajuda os bebês a aprender a falar.
"Para adquirir a capacidade de falar, os bebês devem ser capazes de reconhecer os tons e os ritmos e ter a capacidade de se antecipar", explicou Zhao. "Isto significa que um estímulo musical precoce pode ter efeitos mais amplos nas capacidades cognitivas", acrescentou.
"A percepção de padrões é uma habilidade cognitiva importante, e melhorar essa habilidade desde cedo pode ter efeitos duradouros na capacidade de aprendizado", observou a co-autora Patricia Kuhl, também do I-LABS, em nota sobre o estudo.

quinta-feira, 3 de março de 2016

O que a música faz com o seu cérebro?

Retirado de Hypescience

Quer você esteja dançando ao som de sertanejo universitário em um churrasco ou ouvindo Bach enquanto lê um bom livro, a música tem o poder de levantar o seu humor ou te deixar para baixo. Os cientistas ainda estão tentando descobrir o que acontece em nosso cérebro quando nós ouvimos música e como ela produz estes efeitos potentes sobre a psique.
“Nós estamos usando a música para entender melhor o funcionamento do cérebro em geral”, disse Daniel Levitin, um proeminente psicólogo que estuda a neurociência da música na Universidade McGill, em Montreal, em entrevista ao site da rede CNN.

Três estudos publicados recentemente exploram a forma como o cérebro responde à música. A missão para chegar exatamente a que processos químicos ocorrem quando colocamos nossos fones de ouvido está longe de terminar, mas os cientistas já encontraram algumas pistas.

Benefícios para a saúde

Ouvir música é bom, mas será que pode se traduzir em benefício fisiológico? Levitin e sua equipe publicaram uma meta-análise de 400 estudos na revista “Trends in Cognitive Sciences” que sugere que a resposta para esta pergunta é “sim”.

Segundo a CNN, em um dos estudos revisados, os pesquisadores estudaram pacientes que estavam prestes a passar por cirurgias. Os participantes foram selecionados aleatoriamente para ouvir música ou tomar medicamentos anti-ansiedade. Os cientistas registraram as avaliações dos pacientes sobre sua própria ansiedade, bem como seus níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Os resultados: os pacientes que ouviram música tinham menos ansiedade e menores níveis de cortisol do que as pessoas que tomaram a medicação. Ainda que tenha advertido que este é apenas um estudo e mais pesquisas precisam ser feitas para confirmar os resultados, Levitin aponta para um uso medicinal poderoso para a música.
“A promessa aqui é que a música é, sem dúvida, menos cara do que as drogas, é melhor para o corpo e não tem efeitos colaterais”, explica. A equipe que fez a revisão bibliográfica também realça a evidência que ela é associada com a imunoglobulina A, um anticorpo ligado a imunidade, assim como maiores contagens de células que combatem as bactérias e germes.

O tipo de música que gostamos

Ok, a música é boa para nós, mas como podemos julgar se ela é prazerosa? Um estudo publicado na revista “Science” sugere que os padrões de atividade cerebral podem indicar se uma pessoa gosta do que está ouvindo.
Valorie Salimpoor, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Rotman de Toronto e ex-aluna de Levitin, conduziu um estudo no qual os participantes acompanharam 60 trechos de música que nunca tinham ouvido antes, enquanto tinham seus cérebros escaneados por uma máquina de ressonância magnética funcional (RMf).
Os 19 participantes foram convidados a indicar quanto pagariam por uma determinada canção quando ouviam os trechos, ao mesmo tempo, permitindo que os investigadores analisassem seus padrões de atividade cerebral. Um número pequeno de participantes como esse é comum em um estudo de RMf em função de complexidade e custos, embora isso sugira que mais pesquisas devem ser feitas.
Os autores do estudo destacam em seus resultados uma área do cérebro chamada núcleo accumbens, que está envolvida na formação de expectativas. “Há uma rede de atividade que prevê se você vai ou não comprar a música que você está ouvindo”, afirma a pesquisadora.

Atividade cerebral

Quanto maior a atividade no núcleo accumbens, mais dinheiro as pessoas disseram que estavam dispostas a gastar em qualquer música no “leilão” que os pesquisadores projetaram. “Isto foi um indicador de que algum tipo de expectativa relacionada com a recompensa foi cumprida ou superada”, explica.
Outra área do cérebro chamada giro temporal superior está intimamente envolvida na experiência da música e sua conexão com o núcleo accumbens é importante. Os gêneros de música que a pessoa escuta durante a vida têm um impacto em como o giro temporal superior é formado.
O giro temporal superior sozinho não prevê se uma pessoa gosta de uma determinada música, mas está envolvido em armazenar modelos a partir do que você já ouviu antes. Por exemplo, uma pessoa que tenha ouvido muito jazz é mais propensa a apreciar um determinado trecho de jazz do que alguém com muito menos experiência. “O cérebro funciona meio que como um sistema de recomendação de música”, exemplifica Salimpoor. Isso mesmo, nosso cérebro tem um Spotify particular.
Levitin acredita que, embora os resultados sejam interessantes, eles são um refinamento do que outros laboratórios já encontraram no passado. Ele e Vinod Menon, na Universidade de Stanford, foram os primeiros a mostrar o papel do núcleo accumbens na música, em 2005.

Todos ouvimos a mesma coisa?

Parece intuitivo que pessoas diferentes, com base em suas personalidades, preferências e histórico pessoal, terão experiências diferentes quando expostos a uma determinada canção. Sua atenção a vários detalhes pode variar e elas podem gostar de coisas diferentes na música.
Mas Levitin e seus colaboradores mostraram em um estudo publicado no “European Journal of Neuroscience” que, da perspectiva do cérebro, pode haver mais semelhanças entre os ouvintes de música do que se acredita.
“Apesar das nossas idiossincrasias em ouvir, o cérebro experimenta a música de uma forma muito consistente entre os indivíduos”, disse Daniel Abrams, o principal autor e pesquisador de pós-doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, em entrevista à CNN.
Dezessete participantes que tinham pouca ou nenhuma formação em música participaram deste estudo que, como o de Salimpoor, é pequeno, mas típico para uma pesquisa de RMf. Os participantes ouviram quatro sinfonias do final do período barroco do compositor William Boyce – que os pesquisadores escolheram porque refletem a música ocidental, mas que provavelmente seriam desconhecidas para os participantes.

Música é mais que gosto

Entre os participantes, os pesquisadores encontraram sincronização em várias áreas importantes do cérebro e padrões de atividade cerebral semelhantes em diferentes pessoas que ouvem a mesma música. Isto sugere que os participantes não só perceberam a música da mesma forma, mas, apesar de todas as diferenças pessoais que possuíam previamente, há um nível em que compartilham uma experiência comum.
Regiões cerebrais envolvidas no movimento, atenção, planejamento e memória mostraram ativação quando os participantes ouviam as músicas – estas são estruturas que não têm a ver com o processamento auditivo em si. Isto significa que quando nós experimentamos a música, um monte de outras coisas estão acontecendo para além do mero processamento de som.
Uma teoria resultante é que essas áreas do cérebro estão envolvidas em “segurar” na mente determinadas partes de uma canção, como a melodia, enquanto o resto da música continua tocando, explica Abrams.
Para Levitin, os resultados também refletem o poder da música para unir as pessoas. “Não é nossa tendência natural nos enfiarmos em uma multidão de 20 mil pessoas, mas para um show do Muse ou do Radiohead, nós fazemos isso”, aponta Levitin. “Há uma força unificadora que vem da música e não achamos isso em outras coisas”.
Uma pesquisa adicional pode comparar a forma como os indivíduos com cérebros saudáveis ​​diferem na sua audição musical em comparação com as pessoas com autismo ou outros transtornos cerebrais, acreditam os cientistas. “Os métodos que usamos podem ser aplicados para entender como o cérebro controla a informação auditiva ao longo do tempo”, disse Abrams.

Qual é o próximo passo

A próxima fronteira na neurociência da música é olhar mais atentamente para quais substâncias químicas no cérebro estão envolvidas na audição da música e descobrir em que partes do cérebro elas estão ativas.
De acordo com Levitin, qualquer neuroquímico pode ter uma função diferente dependendo de sua área do cérebro. Por exemplo, a dopamina ajuda a aumentar a atenção nos lobos frontais, mas no sistema límbico está associada com o prazer.
Usando a música como uma janela para a função de um cérebro saudável, os pesquisadores podem ter insights sobre uma série de problemas neurológicos e psiquiátricos. “Conhecendo melhor como o cérebro é organizado, como funciona, quais mensageiros químicos estão trabalhando e como eles estão trabalhando é o que nos permitirá formular tratamentos para pessoas com lesão cerebral ou combater doenças, distúrbios ou mesmo problemas psiquiátricos”, completou Levitin. [CNN]