segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Dúvida de muitos pais: é transtorno ou travessura do filho?

Retirado do site Gazeta do povo


Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)  afeta até 5% das crianças, de acordo com a Sociedade Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).
Com menos de um metro de altura e apenas 4 anos de idade, A.S.* dita as regras quando não gosta de algo: “não quero assim!”. Ao mesmo tempo, a menina conta diversas histórias, acena para os coleguinhas que passam no corredor, fala “hi” para a professora de inglês e tenta se equilibrar na calçada como se estivesse numa corda bamba. Hiperativa? Não, somente uma criança falante, conquistadora e completamente saudável, garante o pai R.S.*.
Em contrapartida A.A.*, 10 anos, é estudiosa e serena, presta atenção a todos os comandos e responde prontamente apenas o que lhe é perguntado. Mas nem sempre foi assim, afirma L.C., mãe da menina: “a escola deu o alerta de que ela não conseguia acompanhar as lições, tinha problemas de relacionamento com os colegas e não deixava ninguém estudar”. A solução encontrada foi buscar ajuda de um psicólogo e de um neurologista, que diagnosticaram o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
O TDAH afeta até 5% das crianças, de acordo com a Sociedade Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), sendo a desatenção e a hiperatividade/impulsividade os sintomas principais. Porém, na infância e adolescência, é relativamente comum ter dificuldade com regras e limites. Então, como diferenciar o distúrbio de uma característica comportamental?
Diagnóstico
Para a neuropediatra Ana Chrystina Crippa, essa distinção é difícil para a família, devendo-se procurar ajuda especializada. Mas, é importante notar alguns sinais: “a desatenção, que pode resultar em baixo rendimento escolar; os prejuízos sociais, quando a criança estraga a brincadeira por não assimilar as regras, por exemplo; e a hiperatividade, que a faz não parar quieta um minuto sequer”, expõe Ana.
Além disso, apresentar agitação motora excessiva, incapacidade de se envolver em uma atividade por tempo prolongado, responder antes de concluírem a pergunta, interromper conversas ou falar demais são outros pontos levantados pela mestre em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Thaise Löhr-Tacla.
Por meio de um questionário construído pela American Psychiatric Association – que disponibilizamos na página ao lado – é possível reconhecer alguns sintomas primários do TDAH em crianças (o teste é diferente para detectar indícios em adultos). Porém, ele serve apenas como ponto de partida, pois o diagnóstico preciso só pode ser feito por um profissional especializado.
Tratamento
A psicoterapia, a pedagogia e a medicação à base de Metilfenidato devem ser trabalhados em conjunto, de acordo com a neuropediatra. A Ritalina e o Concerta – que geram polêmica por terem se popularizado, nos últimos anos, entre estudantes sem TDAH que buscam aumentar seu rendimento em provas e concursos – são os remédios mais utilizados.
Há dois anos, A.A. passou a tomar Ritalina e mudou muito de comportamento. “Antes ela ia mal na escola, e agora tem notas boas e maior capacidade de concentração. A relação com os coleguinhas também melhorou muito. Agora ela é mais aceita”, relata a mãe.
Muitas crianças com o transtorno são discriminadas e mal compreendidas. Segundo a psicóloga, isso pode comprometer a autoestima devido às críticas frequentes, daí a importância de se receber tratamento adequado. “Muitos pais têm filhos em situação semelhante e não aceitam, não procuram ajuda. Mas o TDAH existe, é real, e buscar assistência médica é fundamental para o bem de nossos filhos”, alerta a mãe de A.A..

QUESTIONÁRIO
Construído pela American Psychiatric Association, o questionário revela alguns sintomas primários do TDAH em crianças. Porém, serve apenas como ponto de partida, pois o diagnóstico preciso só pode ser feito por um profissional especializado. Para cada item, escolha: “nem um pouco”; “só um pouco”; “bastante” ou “demais”: 
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros nos trabalhos da escola ou tarefas por descuido.
2. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer.
3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele.
4. Não segue instruções até o fim ou não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
7. Perde coisas necessárias para atividades (brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros, por exemplo).
8. Se distrai com estímulos externos.
9. É esquecido em atividades do dia-a-dia.
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado.
12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado.
13. Tem dificuldade em brincar ou se envolver em atividades de lazer de forma calma.
14. Não para ou frequentemente está a “mil por hora”.
15. Fala em excesso.
16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas.
17. Tem dificuldade de esperar sua vez.
18. Interrompe os outros ou se intromete (em conversas ou jogos, por exemplo).
Como avaliar
Se existem pelo menos 12 itens marcados como “bastante” ou “demais”, os sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade estão acima do esperado de uma criança ou adolescente. Neste caso, procure um neurologista ou um psiquiatra.
* Os nomes dos personagens entrevistados foram mantidos em segredo.

8 Dificuldades Escolares que os Pais Precisam Prestar Atenção

Retirado do excelente portal MIDIA BAHIA


O segundo semestre do ano letivo começou. Para a maior parte dos estudantes é motivo para comemorar, rever amigos e voltar à vida normal. Porém, para algumas crianças e adolescentes estudar ou ir para a escola pode não ser tão divertido assim.
Por isso, com a ajuda da neuropsicopedagoga Viviani Zumpano e da neuropediatraDra. Karina Weinmann, preparamos uma lista de 8 sinais que podem indicar que o estudante está passando por uma alguma dificuldade que precisa ser avaliada:
  1. Notas ruins em todas as matérias: Se a criança ou adolescente era um bom aluno e de repente começa a apresentar queda do desempenho escolar em todas as matérias, é preciso ficar atento. “Os pais precisam avaliar se há problemas em casa, como divórcio, chegada de um irmão, morte de um parente, etc. Além disso, conversar sobre um possível bullying ou conflito escolar também é importante. Pensar em problemas de visão é uma boa ideia, já que quando a criança não enxerga bem isso pode levar a problemas em sua performance escolar.
  2. Notas ruins em matérias específicas: A criança é ótima em português, mas tem um desempenho ruim em matérias que envolvem cálculos ou vice-versa. Cada dificuldade pode ser um sinal dos diferentes tipos de Transtornos de Aprendizagem, como a discalculia  ou dislexia.
  3. Desatenção: A atenção é uma habilidade que se desenvolve com o tempo. Porém, se há reclamações da escola em relação a isso é bom averiguar. A falta de atenção é um dos comportamentos relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas pode também ser consequência de um sono não reparador, ansiedade, estresse ou depressão.
  4. Agressividade: Se repentinamente a criança começa a apresentar comportamentos agressivos, bater nos colegas ou até mesmo a xingá-los, é um sinal de alerta. Bullying e problemas em casa podem ser a causa, assim como o TDAH ou ainda o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).
  5. Choro excessivo: Do mesmo modo que a agressividade, o choro pode indicar que a criança está passando por problemas com colegas, professores ou até mesmo com a família.
  6. Dificuldades no relacionamento: Crianças brigam e fazem as pazes no mesmo dia e é importante deixar que resolvam suas questões sozinhas. Mas, se a criança não consegue fazer e manter amizades, os pais devem procurar ajuda especializada. A dificuldade de interação social pode ser simplesmente timidez, como também indicar algum transtorno do desenvolvimento, como o autismo.
  7. Oposição excessiva: Por natureza, as crianças costumam desafiar pais e professores. Mas, se as reações são agressivas demais, se há resistência em aceitar regras, se incomodam os demais com suas atitudes e argumentam o tempo todo com os adultos, sem reconhecer sua responsabilidade perante um mau comportamento, os pais precisam procurar ajuda, uma vez que estes sinais podem indicar a presença do Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), que costuma aparecer na idade pré-escolar, antes dos 10 anos. Vale lembrar que em 50% dos casos, o TOD e o TDAH acontecem juntos.
  8. Preguiça de estudar: Se não há nenhum explicação orgânica ou doença diagnosticada, a preguiça de estudar pode estar relacionada à falta de atribuições de responsabilidade em outros setores da vida da criança. “Atualmente, muitos pais não têm o costume de ensinar as crianças a terem tarefas e responsabilidades, como ajudar na arrumação da casa, ou organizar o próprio quarto, por exemplo. A única responsabilidade é estudar. Mas, como não aprenderam esses conceitos de deveres e direitos, alguns estudantes têm preguiça de estudar e acabam indo muito mal na escola.

O que fazer?

Se você é pai ou mãe e identificou algum sinal na lista, o ideal é procurar ajuda especializada. “Quanto mais precoce é o diagnóstico, melhor é a resposta ao tratamento. Mais importante ainda é lembrar que não adianta medicar a criança. É preciso identificar a causa e procurar resolvê-la. Quando necessário são usadas terapias como fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicoterapia e neuropsicopedagogia”, explica Dra. Karina.
“A fase escolar é um dos períodos mais marcantes na vida de uma pessoa. Por isso, precisamos estar atentos aos comportamentos das crianças e oferecer recursos que possam ser utilizados para que elas superem as dificuldades, principalmente quando o problema está mais ligado ao gerenciamento das emoções do que a alguma doença física”, conclui Viviani.

Seu filho tem transtorno de aprendizagem ou só dificuldade?

Retirado do portal midia bahia

Quando estão em período escolar, é comum algumas crianças apresentarem certas dificuldades. Mas como saber se essa complicação é ou não um transtorno? Pais e professores também se deparam com esse questionamento. Segundo especialistas, família e escola devem ficar atentos para que os pequenos não sejam vistos como preguiçosos ou desinteressados.
De acordo com o Dr. Clay Brites, neuropediatra do instituto NeuroSaber, os transtornos de aprendizagem são distúrbios de desenvolvimento que levam a uma incapacidade de aprender normalmente. Isso acontece devido a falhas no processamento cerebral da informação por meio da leitura, escrita e matemática.
“Normalmente inteligentes, estas crianças não conseguem processar informações veiculadas por símbolos gráficos ou numéricos e por meios que exigem organização sensorial ou espacial”, ressalta.
Clay explica que existem dois tipos de transtornos de aprendizagem: o não verbal e o verbal. Segundo o profissional, o não verbal está relacionado com problemas de percepção sensorial, ou seja, um bom processamento tátil. Ele comenta que a criança tem também muita dificuldade de perceber situações de orientação espacial ou com o raciocínio matemático. “Mas não nos números em si, mas em como esses números são representados no espaço.”
Sobre os transtornos verbais, o neuropediatra diz que eles são divididos de quatro formas: Dislexia, Disortografia, Discalculia e Disgrafia. Brites esclarece que a discalculia é uma desordem neurológica onde é afetada a habilidade da criança de compreender e lidar com os números e operações matemáticas. Já a disortografia é a incapacidade de seguir gramaticalmente a linguagem. “Ela se manifesta com erros de concordância e pontuação”.
Em relação à disgrafia, o neuropediatra explica que se trata da dificuldade crônica e persistente na habilidade motora e espacial da escrita. Ela é caracterizada por uma grafia sempre ruim e alterada e que gera um constante incômodo em quem escreve. “E a dislexia é caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração”.
No entanto, há outros problemas que também podem atrapalhar as crianças sem que os pais se apercebam, é o que alerta a psicopedagoga Luciana Brites, uma das fundadoras do instituto NeuroSaber.
“Antes de pensar no diagnóstico como transtorno, é importante que os filhos tenham acompanhamento médico, pois as dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas aos problemas de visão, audição, má alfabetização e até mesmo a questões afetivas dentro da família”, destaca.
Para ela, é essencial que pais observem com cautela as crianças e que os profissionais da educação possam estar capacitados. “Caso contrário, os sintomas podem ser pormenorizados ou podem banalizar tudo, achando que qualquer problema se trata de um transtorno de aprendizagem”.

CONHEÇA 10 MITOS SOBRE DOR DE CABEÇA EM CRIANÇAS

RETIRADO DO PORTAL GREEN ME:

É fácil dizer mas difícil entender. Existem muitos mitos e falsas crenças sobre as dores de cabeça, especialmente sobre aquelas que acometem crianças e adolescentes.
As dores de cabeça não são todas iguais e por isso devem ser tratadas de forma diferente. Temos que distinguir entre as cefaleias primárias e secundárias. Nas primeiras, (enxaqueca, dor de cabeça de tensão e cefaleia em salvas) a dor na cabeça é ela a própria doença, enquanto nas segundas, a dor de cabeça é um sintoma de outros problemas ou doenças.
A forma mais comum de cefaleia primária é a enxaqueca, um problema que pode ser genético pois está ligado à presença de membros da família que sofrem disso.
Na Itália, 10 em casa 100 crianças e adolescentes sofrem de algum tipo de dor de cabeça, e o Hospital Pediátrico Bambino Gesù em Roma, elaborou um manual de falsas crenças para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre esta questão. Vejamos:

1. A dor de cabeça acomete apenas adultos

Não é verdade. Crianças podem sofrer desde mal desde os seus primeiros meses de vida.

2. A dor de cabeça é apenas um fator psicológico

Embora o fator psicológico possa ser um aspecto importante a se considerar, especialmente em casos graves, a dor de cabeça está relacionada à uma predisposição constitucional especialmente nos casos da cefaleia primária.

3. Problemas de vista causam dor de cabeça

A dor de cabeça não é um sintoma direto de problemas de visão. Faz-se uma consulta oftalmológica para excluir a hipertensão intracraniana.

4. Para dores de cabeça causada pela sinusite, basta fazer inalação

Sinusite não afeta crianças menores de 8 anos de idade, porque os seus seios nasais ainda não estão bem desenvolvidos. Por isso, associar dor de cabeça em crianças pequenas à sinusite não é correto, assim como a inalação com soro fisiológico não funcionará para fazê-la passar.

5. Para tratar dor de cabeça em crianças não é necessária consulta especializada

Nem sempre uma dor de cabeça é uma coisa trivial. De fato, há casos em que elas podem ser sintomas de doenças mais graves. Não há necessidade de se assustar com um único episódio, mas se as dores forem frequentes, será necessário consultar um centro especializado, sim.

6. Resista à dor. Ela passará sozinha

Viver com dor de cabeça sem poder fazer nada? Não é assim. As dores de cabeça não tratadas podem resultar em sensibilização das áreas do cérebro que lidam com a dor. Estes podem começar a interpretar como dor, sinais de tipo indolor. O risco é um aumento na frequência dos ataques.

7. Automedicação

Nunca medique seu filho baseado em experiências pessoais, etc. O tratamento da dor deve sempre ser seguido por um médico. Errar a dosagem de analgésicos ou assumir mais de 15 doses mensais pode levar à dores de cabeça crônicas.

8. Suplementos são suficientes para tratar dores de cabeça

Embora às vezes eles são prescritos no lugar de medicamentos, de acordo com os médicos do hospital italiano,
"Não há nenhuma evidência científica sobre a eficácia dos suplementos de ervaspara o tratamento de enxaquecas. Há estudos, no entanto, que confirmam a elevada eficácia do efeito placebo em crianças. Entre as crianças com dor de cabeça, o efeito funciona em até 60% delas, uma percentagem igual à dos melhores medicamentos. O efeito placebo não significa “enganar”, mas é um mecanismo psicológico para estimular a produção de substâncias com propriedades analgésicas: as endorfinas "

9. Os analgésicos são todos iguais

Analgésicos têm efeitos diferentes dependendo do ingrediente ativo. Na Itália, e também no Brasil, o paracetamol é um dos mais comuns, no entanto, o medicamento mais utilizado para controlar as dores de cabeça, ali, é o ibuprofeno. Somente um médico poderá receitar qual é o melhor analgésico para cada caso em particular.

10. Prevenção nao existe

Falso, você pode prevenir alguns tipos de dores de cabeça. Como? A realização de uma vida regular evitando a exposição à temperaturas extremas, ao estresse, às alterações do ritmo de sono-vigília e dormir um número adequado de horas.
"Uma série de falsas crenças muitas vezes nos levam a abordar o problema de forma incorreta, com o risco de fazer da dor de cabeça um problema crônico ou medicar inútil ou erradamente a criança. Nossa tarefa é lançar luz sobre esta questão, sugerindo, em primeira instância, uma consulta ao pediatra ou médico de família. Um passo necessário para enquadrar adequadamente o problema e avaliar se é necessário fazer uma investigação mais aprofundada em um centro especializado em dor de cabeça“.

Enxaqueca infantil pode ser causada pela alimentação?

Alguns esclarecimentos dados pela dra Ana Escobar, em seu blog no portal BEM ESTAR, DO G1:



Ao final de um dia de semana cotidianamente normal, chega em casa um familiar que se diz cansado, visivelmente irritado, enjoado, com claros sinais de que não tem ânimo para fazer nada, a não ser ficar quieto em um canto, de preferência na própria cama, em silêncio, alegando muita dor de cabeça já diagnosticada como enxaqueca. Todos conhecemos alguém que já passou por isso. No entanto, quando a cena acima descrita se refere a uma criança de 6 anos, os fatos ficam mais preocupantes.

Crianças podem ter enxaqueca? Sim. A incidência de crianças que, a partir de 5 anos de idade, reclamam de constantes dores de cabeça está aumentando nos últimos tempos. Estima-se que, atualmente, 8% da população infantil tem o diagnóstico de enxaqueca.

Quais as razões para o aumento da enxaqueca infantil?

Muitas são as razões apontadas para explicar o aumento da enxaqueca entre crianças. A causa é, portanto, multifatorial.

Não há a menor dúvida de que a vida está muito mais estressante para os pequenos. A rotina das crianças é intensa, com aulas regulamentares, mais as aulas extras de esportes, inglês, música e outras tantas que os pais julgam necessárias para “preparar” os filhos para uma vida competitiva. O tempo para brincar é mais escasso. A violência urbana impede que as crianças brinquem ou gastem energia ao ar livre. Os jogos eletrônicos tomam conta do tempo livre das crianças com bastante intensidade. O período de sono fica mais curto. Como não poderia deixar de ser, a ansiedade infantil é outra situação que, paralelamente, aumenta a incidência nos dias de hoje.

A alimentação é mais “rápida”, mais “fast”. A indústria oferece uma série de opções alimentares para que as refeições sejam preparadas em menor tempo, posto que na vida acelerada não há um segundo a perder. Resultado: as crianças consomem mais alimentos que notadamente podem causar cefaleia tipo enxaqueca. São exemplos: salsichas, frituras, corantes, queijo tipo cheddar, molhos, refrigerantes tipo cola, cafeína, chocolates e tudo o que contem chocolate como iogurtes ou leites.

Por tudo isso, a enxaqueca infantil aumenta. Crianças queixam-se mais comumente de dor de cabeça, geralmente na região frontal, acompanhada de enjoo, eventualmente de vômitos, intolerância à luz e mal estar. A boa notícia é que as crises infantis em geral são mais curtas que as dos adultos. Duram no máximo algumas poucas horas.

É essencial deixar claro que a dor de cabeça recorrente em crianças merece sempre uma investigação médica mais aprofundada. Há várias patologias que necessariamente devem ser descartadas, como, por exemplo, alteração na acuidade visual, sinusiopatia ou até diagnósticos mais complexos como tumores.

Há tratamento para as crises de enxaqueca infantil. No entanto, o melhor e mais indicado é que estas crises sejam evitadas, posto que debilitam a criança e impedem que ela aproveite em plenitude sua infância. Para a profilaxia das crises, é fundamental que a família procure mudar alguns hábitos que podem desencadeá-las.

Neste sentido, um estilo de vida mais tranquilo, menos ansioso, com mais tempo para atividades lúdicas e uma a alimentação adequada e saudável podem atuar como as condutas mais relevantes no sentido de diminuir a frequência das crises. Pode parecer óbvio, mas é exatamente isso que funciona.

Cultive bons hábitos. O estilo de vida que você escolhe pode  dar mais -- ou menos -- dor de cabeça. Vale sempre.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TDAH não é desculpa para um desempenho escolar ruim

Mais que a medicação, a postura e organização são fatores decisivos no tratamento do TDAH.

“Meu filho tira notas baixas por que tem TDAH. Vamos agendar algumas aulas particulares para ajudá-lo?” Eu ouço essa frase diariamente. A questão é muito séria e os pais precisam aprofundar os debates sobre o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), popularmente chamado de DDA. É preciso entender que a frase acima pode ter efeitos colaterais para o futuro do seu filho.
A premissa é perigosa: alguns pais consideram que uma criança (ou adolescente) com laudo de TDAH automaticamente terá mal desempenho escolar. Esta presunção é equivocada, é mais uma forma de tirar a responsabilidade das costas do sujeito ativo do processo de aprendizagem (o estudante). Nenhum pai diz, mas muitos pensam: “Meu filho não tem culpa pelas notas baixas, afinal, ele tem um transtorno de atenção”. Não é bem assim.
A autora inglesa Pamela Druckerman explicou em seu livro “Bringing Up Bébé” (publicado no Brasil sob o título “Crianças Francesas Não Fazem Manha”) os motivos pelos quais os alunos matriculados em Paris apresentam índices de TDAH muito abaixo do que crianças que vão ao colégio em Washington D.C.
Druckerman vai no ponto, ela mostra que os médicos franceses buscam avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança e não apenas o cérebro dela. Avaliam o contexto social daquela criança/adolescente. Os psiquiatras, então, optam por tratar a questão com psicoterapia ou aconselhamento familiar.
Entender o conceito do transtorno de aprendizagem é fundamental para compreendermos suas implicações no dia a dia do aluno, no que podemos exigir dele e, sobretudo, no que podemos esperar dele.
Um alerta: não é porque uma criança é agitada ou não presta atenção nas coisas que ela tem TDAH. É preciso que se faça um diagnóstico profissional, multidisciplinar. Os pais precisam seguir um caminho longo para ter um diagnóstico seguro."
O que é, afinal, o TDAH? Costumo usar o seguinte conceito: é uma síndrome (conjunto de sintomas) caracterizada por distração, agitação/hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico (entre outras características) em intensidade alta, que, consequentemente, comprometem o rendimento escolar e/ou social de uma criança/adolescente.
Em entrevista à jornalista Marília Gabriela, o neuropediatra Paulo Mattos, autor do livro “No Mundo da Lua”, resumiu a questão: “São crianças que apresentam um exagero na inquietude, na desatenção e na impulsividade”. Notem: ele usa a palavra “exagero”.
Aprofundemos, o TDAH apresenta uma disfunção em áreas do córtex cerebral, conhecido como lobo pré-frontal. Quando seu funcionamento está comprometido, ocorrem dificuldades com concentração, memória, hiperatividade e impulsividade, originando os principais sintomas do transtorno.
Normalmente, em atividades como estudo, leitura ou outras que exijam concentração, o cérebro aumenta os níveis de ativação, justamente para dar conta destas atividades. Nos casos típicos de TDAH, a característica psicofisiológica mais comum é a hipofunção/hipoativação do córtex pré-frontal. Trocando em miúdos, uma quantidade significativa de neurônios pulsa mais devagar do que o esperado, especialmente quando as circunstâncias exigem maior esforço mental e, portanto, maior ativação.
Em paralelo à questão neurológica, o TDAH tem fortes componentes comportamentais. Nossa maneira de ser – tanto o funcionamento do cérebro quanto a personalidade, hábitos e preferências – é resultado de uma interação entre nossa carga genética e todas as experiências pelas quais passamos.
O cérebro se desenvolve a partir destas interações, de toda a estimulação que recebe e das aprendizagens que dela decorrem. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que o cérebro se constrói e se reconstrói ao longo da vida. A isto a ciência dá o nome de neuroplasticidade. Por isso, depende dos nossos estímulos agravarmos ou controlarmos os sintomas do TDAH.
É fundamental que os pais entendam o diagnóstico do transtorno como uma característica a mais do filho, que a criança/adolescente terá de se esforçar mais, mas que não tratem o mau desempenho do estudante como algo inerente e automático."
A neuropsicóloga Suzana Myrian Gonçalves explica que muito da melhoria do desempenho escolar das crianças depende da adaptação da família. “Os pais precisam mudar a rotina quando têm uma criança com laudo de TDAH. Se a família for disfuncional, as dificuldades do filho se agravam. Por outro lado, se os pais são atenciosos, têm tempo de estudar com a criança, conseguem sentar e comer com ela, a melhoria do desempenho aparece. Às vezes, os sintomas até são dissolvidos por esta rotina funcional”, ensina.
Estes pais cobram dos seus filhos, oferecem a eles uma rotina em casa que favoreça os estudos, estabelecem combinados e têm a consciência de que eles podem obter um excelente desempenho escolar. Vão suar mais? Vão. Mas é impossível? Longe disso!
Aprofundar os estudos sobre o TDAH é fundamental não apenas para o desempenho escolar do seu filho hoje. É fundamental para o desempenho social e profissional do seu filho por toda a vida.