Do site da revista Veja:
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Segundo um levantamento feito pelo Food and Drug Administration (FDA),
órgão americano que regula alimentos e medicamentos, o número de
prescrições de antibióticos destinadas a crianças e adolescentes é menor
do que há oito anos, nos Estados Unidos. Por outro lado, são cada vez
mais prescritas drogas para transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) e asma. O trabalho foi publicado nesta
segunda-feira no Pediatrics, periódico oficial da Associação Americana de Pediatria.
Esses dados foram baseados nas prescrições médicas preenchidas no país
entre os anos de 2002 e 2010 para jovens com até 17 anos de idade. De
acordo com o estudo, em 2010 foram registradas 263,6 milhões de
prescrições de medicamentos em geral a pessoas dessa faixa etária — 7% a
menos do que em 2002. As prescrições para pacientes adultos, porém,
aumentaram em 22% nesse mesmo período.
O levantamento indicou que, nesses oito anos, as prescrições de
antibióticos a bebês, crianças e adolescentes caiu 14%, embora esse tipo
de remédio ainda seja o mais frequentemente fornecido para pacientes
pediátricos no país. Além dos antibióticos, também foram menos
prescritos medicamentos para alergia (-61%), tosse e resfriados (-42%),
dor (-14%) e depressão (-5%). Por outro lado, aumentou o número de
prescrições para anticoncepcionais (+93%) e remédios para tratar TDAH
(+46%) e asma (+14%).
TDAH — Para Alessandra Cavalcante, pediatra do
Hospital São Luiz, em São Paulo, a razão do aumento da prescrição de
medicamentos para TDAH não está relacionada a um excesso de
diagnósticos, mas sim a um maior nível de informação de pais e médicos.
"Isto é uma coisa boa, já que o transtorno, quanto mais cedo for
tratado, menos problemas causará no futuro", diz a médica.
De fato, ao menos nos Estados Unidos, onde o levantamento foi feito,
mais jovens estão sendo diagnosticados com TDAH e cada vez mais cedo. Um trabalho feito na Universidade de Northwestern e publicado em março deste ano também na revista Pediatrics
mostrou que, em dez anos, o número de pessoas menores do que 18 anos
diagnosticadas com o transtorno aumentou 66% no país. Além disso, em
outubro de 2011, a Academia Americana de Pediatria reduziu a idade mínima para diagnóstico e tratamento de TDAH de seis para quatro anos.
Brasil — Embora um levantamento como esse não tenha
sido feito no Brasil, Alessandra Cavalcante também percebeu na prática
clínica o aumento dos tratamentos destinados a crianças com TDAH. Da
mesma forma, ela acredita que os jovens brasileiros estão tomando mais
remédios para asma e mais anticoncepcionais. "O aumento da incidência de
asma é visível, especialmente em São Paulo, onde a poluição é forte.
Além disso, como os jovens entram na vida sexual cada vez mais cedo, os
contraceptivos estão se tornando mais comuns."
No entanto, a médica acredita que não tenha acontecido uma redução
significativa nas prescrições de antibióticos a pacientes infantis.
"Ainda temos um grande número de prescrições de antibióticos sem
necessidade. Precisamos acabar com o culto ao pronto-socorro. As
famílias devem, sempre que possível, procurar o pediatra que acompanha a
criança e conheça o seu histórico", afirmou.