quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Convulsões febris

O que é a crise epiléptica febril?

As crises epilépticas febris ( CF) são muito comuns em crianças com menos de 5 anos de idade, acometendo cerca de 4 a 5% desta população. Existe uma clara predisposição genética: cerca de 30% das crianças com CF possuem uma história familiar positiva para o distúrbio.

As crises febris são mais comuns nas primeiras 48 horas de febre e com temperaturas mais altas. Porém, mesmo febres baixas podem ocasionar as crises. A febre pode ocorrer por qualquer motivo e, geralmente, decorre de infecções - sobretudo virais. Por definição, convulsões que ocorrem após vacinação também são consideradas febris.


Como identificar a crise?

As crises febris podem apresentar diversas manifestações. A criança pode ficar molinha, endurecer o corpo todo ou parte dele, perder ou não a consciência, apresentar fixação ou desvio do olhar, palidez ou roxeamento perilabial e movimentos rítmicos de uma parte do corpo. A criança também pode urinar ou defecar durante as crises. Estas alterações, ocorrem rapidamente, e o quadro, mesmo sem medicação, dura poucos segundos ou minutos. Ao final da crise, a criança costuma ficar sonolenta, confusa, irritada ou com perda de força de todo o corpo ou de uma parte dele, quadro que dura por volta de 30 minutos e regride sozinho.


O que fazer durante a crise?


1- Proteja a cabeça da criança: Durante a crise, a criança pode cair ou se debater muito e acabar apresentando lesões cerebrais importantes.

2- Chame ajuda especializada

3- Proteja as vias respiratórias: Acomode seu filho deitado de lado, para drenar a saliva. Se ele vomitar, limpe sua boca. Não empurre nada na boca de seu filho nem enfie o dedo sob hipótese alguma.


Outras causas de crises epilépticas em vigência de febre:

1- Epilepsia

2- Meningite

3- Desidratação

4- Distúrbios metabólicos

5- Intoxicações

Para se fazer o diagnóstico de crise febril, é fundamental que a criança tenha entre um mês e 6 anos de idade, e essas causas acima sejam descartadas.


Prognóstico

Crianças com crises febris tem desenvolvimento, comportamento, aprendizagem, crescimento e evolução normais em relação as outras crianças. As crise podem recorrer, de acordo com cada paciente e a necessidade de tratamento medicamentoso profilático e sua escolha devem ser feitas junto ao seu neuropediatra.


Leia mais aqui: SIQUEIRA, Luis Felipe Mendonça de . Atualização no diagnóstico e tratamento das crises epilépticas febris. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2010, vol.56, n.4, pp. 489-492.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Teste: você sabe fazer seu filho dormir?

Saiba se você oferece as condições para
uma boa noite de sono a seu filho

1. Seu bebê só dorme se estiver no seu colo?
Sim
Não

2. Você costuma cantar para ele dormir?
Sim
Não

3. Antes de seu filho dormir, você sempre dá mamadeira ou o amamenta?
Sim
Não

4. Você deixa ele adormecer no sofá ou na cama dos pais para depois levá-lo ao quarto dele?
Sim
Não

5. Você costuma levá-lo para passear de carro antes de dormir?
Sim
Não

6. Você deixa ele andar de um lado para o outro até cair exausto?
Sim
Não

7. Você faz seu filho dormir no berço e evita ficar ao seu lado até ele pegar no sono?
Sim
Não

8. Seu filho tem alguma espécie de ritual para ir à cama?
Sim
Não

9. Para dormir, a criança faz uma lista de exigências e você sempre as atende?
Sim
Não

Pontos

GABARITO

• De 6 a 9 pontos
Atenção! - Nem você nem seu filho estão dormindo direito. Ele já criou o hábito de só cair no sono depois de fazer uma lista de exigências. Por causa dos hábitos incorretos, o bebê pode despertar muitas vezes por noite e ter um sono superficial.

• De 5 a 2 pontos
Com calma, você vai educando seu bebê para dormir sozinho, o que é considerado saudável. Mas às vezes você ainda usa artifícios para que ele durma rapidamente. É preciso tomar cuidado. No futuro, a criança pode apresentar dificuldades para adormecer.

• De 2 pontos a 0
Sono saudável - Seu filho consegue dormir sozinho sem a sua ajuda ou de elementos externos. Segundo especialistas, crianças com essa facilidade dificilmente apresentam problemas com o sono.


Fonte:
Nana, Nenê - Como resolver o problema da insônia
do seu filho
, de Eduard Estivill e Sylvia de Béjar

Truques para as crianças dormirem



15 truques comentados para fazer as crianças dormirem

Folha de S.Paulo


Alimentar enquanto dorme
Embora muitos pais recorram às mamadeiras noturnas como estratégia para que a criança não desperte, há muitas ressalvas à alimentação durante o sono. "Durante os primeiros meses, o aleitamento materno não tem hora. A partir dos seis meses, a criança já vai deixando de acordar toda hora. Alimentá-la para que adormeça pode até fazer com que fique obesa", alerta Isabel Madeira, pediatra do departamento de pediatria ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria.

De acordo com Carlos Eduardo de Carvalho Corrêa, coordenador de neonatologia do Hospital da Vila Alpina, em São Paulo, nos recém-nascidos, não há relação entre a amamentação durante o sono e a incidência de problemas digestivos. "O que ocorre é que, se o bebê for alimentado deitado, pode entrar leite na tuba de Eustáquio (canal que liga o ouvido médio a boca), gerando otite. Se a alimentação é feita com leite materno, a tendência é que não haja infecção, mas pode acontecer."

Balançar
Cadeira de balanço, rede, voltas no carrinho. Percebendo que o movimento adormece as crianças, há quem leve o pequeno para uma volta de carro para rendê-lo. "Balançar não é recomendado, é um condicionamento ruim para a criança. Recorre ao sono induzido pelo sensor do movimento, então, quando desativa-se esse sensor, ela acorda. Não é recomendado balançar no carrinho nem dar uma volta de carro para que a criança durma", ensina Márcia Pradella-Hallinan, neuropediatra coordenadora do setor de crianças e adolescentes do Instituto do Sono da Unifesp.

"Balançar é ninar. Para a criança é aconchegante, é gostoso, mas é um erro. A criança deve deitar na cama e lá receber os carinhos da mãe. Não recomendo que balance nunca porque a criança quer cada vez mais. Tenho pacientes que sobem e descem no elevador até a criança adormecer. Não faz sentido", analisa Hamilton Robledo, pediatra do Hospital São camilo, em São Paulo

Banhos de imersão
Além de ser uma medida obviamente relaxante, os benefícios de um banho quente e sua contribuição a uma boa noite de sono têm explicação científica. "A água quente promove uma vasodilatação e uma queda de pressão. Se feito em uma banheira proporcional ao tamanho da criança e casado com a massagem, é uma estratégia muito eficiente. Com ervas é ótimo porque o cheiro é relaxante também", comenta a pediatra Suzana Altikes Hazzan.

Carlos Eduardo de Carvalho Corrêa, que desenvolveu um programa de banhos de imersão para prematuros, diz que a melhor hora para dar o o banho é imediatamente antes de a criança ir para a cama. "O efeito é imediato. Muitas vezes elas chegam a dormir durante o banho", conta.

Bichinhos
Muitas mães oferecem um brinquedo --um boneco ou um urso, por exemplo-- para que a criança leve para a cama. "Esse bonequinho é recomendado a partir dos 5 meses. A literatura médica chama-o de "objeto de transição". O melhor é que sejam laváveis e sem pêlos. A criança pode chamá-lo por um nome e se sentir responsável por levá-lo para dormir. Não tem de ter pressa de tirar, mas a regra deve de ser clara: usar só para dormir", diz a neuropediatra Márcia Pradella-Hallinan.

"Pode até ser uma fraldinha de pano, qualquer objeto que passe a ter um significado afetivo. É como se o objeto fosse a concretização de uma afetividade: nele está a representação do amor dos pais, por exemplo, a tranqüilidade de que eles estão por perto, de que ela não está sozinha. Este objeto ajuda a criança a se sentir mais segura para enfrentar algumas situações como dormir sozinha", comenta a psicóloga Natércia Tiba.

Canções de ninar
"Cantar é ótimo. Para os pequenos, a técnica mais recomendada é o canto. E o ideal é que seja sempre a mesma música. A criança associa tanto a música aos sono e à hora de dormir que começa a fechar os olhos antes de a música acabar. Da música passa-se à leitura de histórias, que têm mais impacto nas crianças maiores", ensina Márcia Pradella-Hallinan.

Além da cantoria da mãe ou do pai, vale recorrer a CDs com músicas de ninar ou sons relaxantes. "Isso é correto e usado até nos berçários de hospitais para aclamar os recém-nascidos. Acostumar a criança a ouvir um disco e segurar na mão do adulto por alguns minutos enquanto ela está deitada é um segredo para um sossego", comenta Hamilton Robledo.

Chá de camomila
Geração após geração, a receita de avós e bisavós continua muito popular entre as mães. Mas, para os médicos, a ingestão de um líquido morno é mais calmante do que os princípios da camomila. "Na verdade, ingerir qualquer líquido quente relaxa. Tenho dúvidas sobre o poder calmante da camomila. Dependendo da idade da criança, oferecer o peito basta. Para as maiores, pode ser um chá ou qualquer outro líquido quente. Vale lembrar que chás açucarados são altamente cariogênicos [provocam cáries]. O ideal é oferecê-los sem açúcar", diz a pediatra Suzana Altikes Hazzan.

Deixar chorar
Há quem defenda criança seja colocada no berço e deixada chorando. A opção é polêmica. A partir dela, o pediatra norte-americano Richard Feber, professor da universidade Harvard, desenvolveu um método de retornos programados ao quarto que ensina a criança a dormir sozinha em três dias. No primeiro dia, a mãe deixe deixar a criança no quarto durante 15 minutos sozinha e só depois ir até ela. No segundo dia, o tempo sobre para 20 minutos e, no terceiro dia, para 30.

"Deixar chorar é necessário às vezes, mas não deve ser drástico. A criança pode associar que dormir é algo muito ruim e tudo vai se tornar cada vez mais difícil. Porém, os pais não devem ir até a criança já no primeiro choro. Se ela se desesperar, vale ir lá e acalmar um pouco. O que não pode é deixar a criança chegar ao ponto de perder fôlego ou vomitar", explica Márcia Pradella-Hallinan.

Deixar que a criança durma com os pais
Muitas crianças manifestam a preferência de dormir com a mãe, com o pai ou com ambos. "Na nossa cultura, deixar que a criança durma com os pais é desaconselhável. Há muitos estudos nesse sentido, principalmente americanos, pois lá nota-se um aumento da incidência do que eles passaram a chamar de "co-sleeping". Há dados que confirmam que, apesar de a criança parecer dormir melhor na cama dos pais, a arquitetura do sono fica prejudicada, isto é, a qualidade do sono é pior", diz a pediatra diz Eduardina Telles Tenenbojm, psicoterapeuta e doutoranda em ciências no departamento de neurologia clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ler livros e contar histórias
A leitura de histórias é uma das técnicas mais populares entre os pais. O ideal é que, antes de dormir, sejam lidos livros infantis, mas as histórias narradas às crianças também podem ser inventadas. A leitura deve acontecer na cama da criança, ou antes de ela ir para cama. Nunca na cama dos pais.

"Ler é uma técnica benéfica e um momento de aproximação entre os pais e filhos e pode ser parte do ritual para adormecer. É ainda uma forma de introduzir o hábito da leitura, que caiu em desuso entre os adolescentes", diz Eduardina Telles Tenenbojm.

Levar à exaustão
Muitas vezes as horas que antecedem o sono são aquelas em que as crianças manifestam comportamento mais agitado. A impressão que dá é que o pequeno não se rende ao sono e busca brincar até ficar exausto. "O correto é que a criança tenha momentos reservados à prática de atividades físicas durante o dia, preferencialmente durante a tarde. E que, o quanto antes, perca o hábito de dormir durante o dia. Depois de 4 ou 5 anos, a criança não precisa mais fazer a sesta. À medida que for chegando a hora de dormir, o certo é desacelerar. O ritual do sono deve ser tranqüilo", observa Isabel Madeiram.

Luz acesa
Por medo, algumas crianças se recusam a dormir no escuro. Para os especialistas, luz apagada é a maneira mais adequada de relaxar, porém é preferível que a criança durma com a luz acesa a dormir na cama dos pais. "No hospital, temos usado luzes azuis, que têm efeito relaxante, para acalmar recém-nascidos hiperativos. Essa estratégia pode ser adotada em casa também", afirma o pediatra Carlos Eduardo de Carvalho Corrêa. Ele ressalta que é necessário que os pais investiguem as razões do medo do escuro. "Esse é um sintoma que pede atenção. Afinal, quem são os fantasmas que estão ali? Podem até mesmo ser pessoas conhecidas das crianças", observa.

Márcia Pradella-Hallinan concorda. "Os medos podem vir de coisas trazidas de escola e se manifestarem à noite. Então é necessário desviar a atenção da criança para uma coisa positiva e desassociar o sono de medo", acrescenta.

Manter uma rotina fixa
"Organizar a rotina fixa de sono com horários e práticas repetidos diariamente é a regra de ouro. As crianças são bastante sensíveis aos rituais, às coisas que se repetem. A repetição é tranqüilizadora para a criança porque ela reencontra o "conhecido". Isso facilita a indução ao sono", diz a pediatra diz Eduardina Telles Tenenbojm.

O ideal é que o ritual do sono seja iniciado cerca de uma hora antes de a criança ir para a cama e que nele sejam cumpridas todas as tarefas que evidenciam que o momento do repouso se aproxima: tomar a mamadeira, escovar os dentes, pôr o pijama, deitar-se com seu urso. Essas tarefas devem ser repetidas diariamente nos mesmo horários.

Óleo de lavanda
Há quem creia que óleo essencial de lavanda ajuda combate a agitação noturna de bebês e crianças. "Basta pingar uma gota de óleo num paninho ou num travesseirinho e posicioná-lo no berço de forma que a criança deitada receba o aroma. O melhor é evite o contato direto do óleo com a pele para não provocar irritações. Em alguns minutos, a inquietação e a insônia melhoram", diz Cristina Baumgart, vice-presidente do Kyron Spa e mãe de dois meninos.

"Não acho que tenha efeito nenhum. Na verdade, é algo que a mãe passa a fazer como parte da rotina de dormir, e é o estabelecer dessa rotina que ajuda os bebês", comenta a pediatra Suzana Altikes Hazzan.

A terapeuta corporal Alice Keiko's Fujiura diz que óleos essenciais puros são muito fortes para a pele do bebê. "Devem ser diluídos em óleos vegetais como o de gergelim e o de semente de uva."

Pôr em frente à TV
O hábito dos adultos de pegar no sono assistindo TV é cada vez mais repassado para as crianças. Mas especialistas alertam que o costume não é recomendado. "Na verdade, o mundo da criança deve ser o mínimo condicionado possível à televisão. E, diferentemente do que ocorre com os adultos, a televisão pode não ser sinônimo de relaxamento para a criança. Se o programa for agitado ou muito interessante, por exemplo, ela não vai querer dormir. Além disso, essa será mais uma criança que precisa de TV no quarto, fato que causa isolamento e desagrega a família", diz Isabel Madeiram.

Shantala
A técnica indiana de massagens para bebês se tornou muito popular nos países do ocidente. Paralelamente, outras técnicas de massagem para bebês surgiram por aqui. Para a pediatra Suzana Altikes Hazzan, massagear é uma técnica fundamentada. "É positivo. Relaxa a criança e ajuda-a a ficar tranqüila. Além disso, o contato com a mãe promove a segurança dos bebês", explica. Mas ela alerta que é importante adquirir domínio da técnica e não forçar caso o bebê não seja receptivo. "Se a mãe começa devagarinho, de modo delicado, a tendência é o bebê aceitar. Entretanto, se ele não aceitar e ficar chorando, o melhor é não forçar", diz Hazzan.

"'Para massagear bebês, antes de começar, é preciso preparar um ambiente tranqüilo. Todos os movimentos devem ser muito suaves e é preciso usar óleo vegetal em abundância. A idéia é que as mãos escorreguem e não que exerçam pressão como no shiatsu", diz Alice Keiko Fujiura

Leia mais aqui: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u4044.shtml

O bebê que não dorme


24/11/2005 - 11h30

Médicos avaliam soluções para fazer dormir os bebês

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TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo

O sono não vem. E o que é pior: não é o seu, é o do seu filho. Quem já enfrentou uma criança acordada em casa enquanto se sente exausto conhece o drama. E, entre sentimentos de culpa, impotência e irritação, os pais buscam meios de adormecer o pequeno.

O tema, que já rendeu páginas e páginas de livros mundo afora, é assunto também de uma tese de doutorado que está sendo realizada pela pediatra, psicoterapeuta e especialista em sono Eduardina Telles Tenenbojm. Ainda em fase inicial, o estudo está sendo conduzido no departamento de neurologia clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e busca investigar o elo entre a relação mãe-bebê e a dificuldade de dormir apresentada por crianças com até dois anos de idade.

"Nos bebês, o uso de medicação para insônia não é indicado. Meu objetivo é chegar a fórmulas de intervenções breves, como consultas terapêuticas, que forneçam resultados consistentes", explica a médica.

Ela diz que mães que enfrentaram situações de luto ou perda recentes são atingidas com mais freqüência pela falta de sono dos filhos. "Bebês que não dormem acabam por trazer a síndrome de privação de sono para o cuidador, que geralmente é a mãe. Ela se sente irritada e chega a ter dificuldades de concentração e de memória. Por outro lado, na relação com a criança, revelam-se também dificuldades que a mãe está enfrentando em outro setores de sua vida. Essas dificuldades se manifestam sob a forma de insônia no bebê ", diz.

Miriam Matos Lagoa, 34, profissional da área de educação física, não dorme direito há sete meses --idade atual do filho Iago Ferrari.

"No meio da gravidez, o relacionamento com pai dele acabou e fiquei deprimida. Acho que ele sentiu isso tudo e, de certa forma, teve um impacto. O sono dele é muito picado, geralmente desperta de meia em meia hora, mesmo tomando um calmante fitoterápico desde os dois meses. Passo a maior parte da noite acordada, faço mamadeira, dou o peito, canto, empurro o carrinho pela sala, tudo para tentar acalmá-lo. Vivo morta de sono, com a rotina atrapalhada pelo cansaço", relata.

"Cheguei à conclusão de que ele é assim mesmo", afirma a artista plástica Alba Nascimento, 33, em relação às poucas horas de sono do filho Filipe Rudah, 22 meses. "Já fiz curso de shantala, pratiquei ioga --porque podia ser eu a estressada-- , levei-o para fazer exames, para benzer, para tomar florais, para fazer homeopatia, dei banho de imersão em camomila. Nada adiantou. O sono dele é leve e ele dorme pouco. Vivo com olheiras", conta Alba.

Para Márcia Pradella-Hallinan, neuropediatra coordenadora do setor de crianças e adolescentes do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo, muitos pais misturam dificuldades de dormir provocadas por condicionamento inadequado com manifestações reais de distúrbio de sono.

"Há pouco tempo, não era sequer recomendado usar o termo "insônia" pra crianças e adolescentes. Insone é alguém que já dormiu bem e perdeu o hábito, o que não é exatamente o caso da criança que apresenta dificuldade ou resistência para dormir", observa.

De acordo com dados do Instituto do Sono, até os três anos de idade 40% das crianças apresentam despertar confuso (seguido de choro). Na idade pré-escolar, o distúrbio de sono predominante é o sonambulismo, manifestado por entre 30% e 35% das crianças. Entre escolares e adolescentes, o terror noturno acomete 15%.

"Fora dessa margem, o que ocorrem são problemas decorrentes de condicionamento inadequado. São crianças que enfrentam dificuldades para dormir simplesmente porque foram mal-acostumadas, adquiriram maus hábitos", esclarece a neuropediatra.