quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Reprovar as crianças com dificuldades de aprendizagem?



Terça-feira, 09/12/2014, às 08:26, por Andrea Ramal

Do site do G1


Reprovar não é solução, mas aprovar quem não aprendeu é pior


Uma escola não é boa porque não reprova. A escola é boa quando todos os alunos aprendem e, por isso, nem precisa haver reprovações.


De fato, a reprovação é hoje muito questionada. Afinal, fazer os estudantes repetirem o ano inteiro para ver os mesmos conteúdos outra vez é uma solução ultrapassada, cômoda, cara e ineficiente. Países com alta qualidade de ensino encontraram alternativas que funcionam melhor e de forma preventiva, como, por exemplo, aulas de reforço ao longo do ano. Na Finlândia, os professores são orientados a dedicar mais tempo aos alunos que têm mais dificuldades. Resultado: a taxa de reprovação é de 2% e o índice de conclusão da educação básica é de 99,7%. Em Hong Kong, quando um professor tem mais de 3% dos alunos com baixo desempenho, uma comissão vai avaliar o trabalho do docente.


Já o Brasil é um dos países que mais reprovam. No ensino médio o índice chega a 13,1%. São quase 3 bilhões de dólares/ano gastos além do necessário, só nos anos finais da escolaridade. O pior é que, como mostram as pesquisas qualitativas e quantitativas, há grande relação entre repetência e evasão.


Não é à toa que o estudo recém-divulgado pelo Todos pela Educação mostra que apenas 54% dos jovens brasileiros conseguem concluir o ensino médio até os 19 anos. Dos jovens entre 15 e 17 anos, um a cada cinco ainda está no ensino fundamental, acumulando reprovações. E 15,7% abandonaram o estudo, certamente depois de experiências de fracasso escolar.


Da constatação de que reprovar não resolve nossos problemas, a tomar a decisão de implementar um sistema de progressão continuada, sem as devidas melhorias na rede de ensino, o salto é arriscado demais. E o que é grave: muitos estados e municípios confundem esse conceito com o de “aprovação automática”. Na aprovação automática, se o aluno aprendeu, vai para a série seguinte; se não aprendeu, vai também. Consequência: o caos. Já a progressão continuada é um conceito diferente, constitui um alargamento dos ciclos escolares.


Trocando em miúdos: as escolas estruturam os períodos de aprendizagem em etapas de um ano, ou 200 dias letivos. Ora, certas competências podem levar mais tempo para se desenvolver, e poderíamos organizar essa “trilha de aprendizagem” em períodos diferentes. Percebe-se que a divisão das etapas de desenvolvimento em 12 meses é arbitrária e poderíamos usar outras medidas, como 24 ou 36 meses, por exemplo, dependendo do planejamento.


Na escola da sociedade industrial, entendida como fábrica, os “produtos” com defeito são mandados de volta para o início da linha de produção ou descartados. Já a progressão continuada parte do princípio de que a escola não produz pessoas “em série” e o trabalho deve ser personalizado. Baseia-se no princípio de que todos os alunos são capazes de aprender, mas têm ritmos diferentes. Assim, é injusto interromper os percursos em dezembro e exigir que alguns recomecem do zero, como se não tivesse havido nenhuma evolução. Quando bem aplicada, essa lógica ajuda a criança a manter-se na escola e não desistir.


Se, em si, a progressão continuada pode ser uma alternativa, por que os indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) continuam baixos mesmo nas redes que a adotaram?


Primeiro, porque há descontinuidade entre os professores das diversas séries. Alguns reclamam que o aluno “chegou sem base”, o que indica a falta de um trabalho integrado. Os registros das lacunas de aprendizagem dos estudantes inexistem ou são falhos. Faltam processos de avaliação continuada para conhecer os problemas e definir novas estratégias didáticas.


Além disso, as famílias não compreendem como isso funciona. Alguns pais procuram a escola e reclamam que a criança passou “sem saber nada”. Os professores não têm suficiente preparação para as novas práticas e, com frequência, não concordam com o modo como o sistema é implantado – até porque, não raro, são constrangidos a aprovar os estudantes compulsoriamente.


Ainda assim, a progressão continuada poderia funcionar melhor. Para começar, os professores precisam acreditar no modelo; para tanto, deveriam ser convidados a participar de sua construção e das mudanças que implica. É decisivo envolver as famílias, sobretudo no caso do ensino fundamental, capacitando-as para participar da vida escolar e reforçar o trabalho em casa. Os alunos devem ser acompanhados com registros cuidadosos, a partir de avaliações permanentes, que detectem lacunas e necessidades de correção. Há que desenhar um plano de reforço específico para alunos com mais dificuldades.


Sem isso, o problema vira uma bola de neve. O aluno vai sendo jogado para a etapa seguinte sem saber a matéria e depois a escola não sabe muito bem o que fazer com ele, porque formou um analfabeto funcional.


A fragilidade do modelo aparece no Ideb, que cruza números de aprovação com desempenho. Não adianta ter todos os estudantes nos anos finais da escola, se eles não conseguem responder às questões das provas. É isso o que vem acontecendo nas últimas medições: alta aprovação, mas baixo rendimento.






Do site G1

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O ponto fraco do ensino forte

Por Marta Medeiros
Revista Época - 28.07.11

 Foram os piores anos da minha vida.” A frase ainda é dita com sofrimento pela estudante carioca Chanel de Andrade Rodrigues, de 18 anos. Ela está no 1o ano da faculdade de artes, mas não esquece o período em que estudou no Santo Agostinho, do Rio de Janeiro, um dos colégios mais tradicionais e bem-conceituados do país. Do 7o ano do ensino fundamental ao 1o ano do ensino médio, passou seus dias perdida entre aulas que não acompanhava, um enorme volume de conteúdos para memorizar, provas difíceis, notas baixas e um séquito de professores particulares a cada final de ano letivo. Na escola, não gostava de sair para o recreio e não comia nada. Em casa, compensava a ansiedade comendo demais. Na escola anterior, menos rígida, onde tirava boas notas, costumava nadar e fazer aulas de dança. No Santo Agostinho, evitava as aulas de educação física. Chanel entrou em depressão e engordou 20 quilos.
A mãe tentou convencê-la a fazer terapia, mas ela se recusava. “Eu só queria ser invisível”, afirma. “Odiava a competitividade que estava sempre no ar.” Só depois que Chanel foi reprovada, no 1o ano, sua mãe decidiu trocá-la de escola. (Procurado por ÉPOCA, o Santo Agostinho não respondeu aos pedidos de entrevista.) O caso de Chanel é apenas um entre centenas que revelam uma realidade incômoda: o custo emocional alto – muitas vezes altíssimo – do modelo de eficiência adotado naquelas escolas que exigem alto desempenho dos alunos e garantem todo ano boas colocações nos melhores vestibulares.
Consideradas as melhores do país, quase sempre campeãs nas provas nacionais de avaliação, as escolas de ensino tradicional representam, na mente de muitos pais, uma esperança de sucesso para a vida dos filhos num mercado de trabalho competitivo. Apesar de seus resultados inquestionáveis e da procura crescente por escolas desse tipo, esse modelo agora começa a ser mais e mais questionado por seus efeitos colaterais.
O ensino tradicional surgiu na Europa do século XVIII como um modelo em que os alunos são ensinados e avaliados de forma padronizada. Ele se inspira na ideia de que a mente das crianças é uma tabula rasa, um espaço em branco sobre o qual os diversos conteúdos – gramática, matemática, ciências, história etc. – devem ser inscritos seguindo um método rigoroso de exposição e avaliação. Mais do que qualquer outra aptidão, valoriza o acúmulo de conhecimento: quanto mais fatos e fórmulas o aluno aprende, mais bem avaliado ele é.
Há, ainda, uma forte pressão por desempenho nas provas e um grande volume de conteúdo a estudar. As escolas tradicionais também costumam ser mais rígidas em regras de comportamento, como respeito ao horário, frequência às aulas, uso de uniforme e atitude no recreio. Apesar de ter incorporado conceitos pedagógicos mais modernos, a essência do modelo tradicional de ensino permanece a mesma – e a educação tradicional está em alta no mundo, com filas de espera para matrículas e salas abarrotadas de alunos.
A grande procura por uma vaga numa dessas escolas se explica pelo desempenho acima da média de seus alunos. No Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que classifica as escolas públicas e particulares a partir das notas tiradas numa prova feita pelos alunos, é decisivo para a família na hora de escolher onde matricular seus filhos. Há anos, os colégios mais tradicionais e rígidos ocupam o topo da lista. “É comum hoje em dia pais e mães compararem as posições das instituições em que seus filhos estudam. Se os resultados das escolas não são bons, bate o sentimento de que se está fazendo algo errado”, afirma Quézia Bombonato, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Em Vinhedo, no interior de São Paulo, uma escola aberta em 2001 mostra essa tendência. O Colégio de Vinhedo, que busca alunos de classe média alta, reproduz uma escola tradicional europeia. Os alunos usam uniformes formais, os professores vestem ternos e tailleurs. A própria decoração da escola parece de outro tempo – embora, dentro da sala de aula, haja lousas interativas, câmeras e laptops para cada aluno. Há ênfase no conteúdo e na disciplina. “Nossa ideia é resgatar valores que são esquecidos”, diz o diretor, Eduardo Cumone. “Também temos uma carga horária maior, para que haja melhores resultados.” A proposta da escola encontra eco nos pais. A procura triplicou nos últimos cinco anos. Em 2001, havia uma única turma por série; em 2012, haverá duas ou três.
Os rankings de avaliação também puxam a educação para o lado mais rígido em outros países. “Nos Estados Unidos, está havendo um retorno à tradição, amparado na crença de que pontos na competição internacional são importantes”, diz o psicólogo americano Howard Gardner, criador da Teoria das Inteligências Múltiplas, que propõe vários tipos de inteligência além daquela medida por testes de Q.I. Na Europa, acontece o mesmo. O Reino Unido é um bom exemplo. No fim de 2010, a Secretaria de Educação anunciou uma reforma no ensino que inclui o “retorno aos valores tradicionais”: mais conteúdo, mais disciplina – e até a obrigatoriedade de roupas s mais formais na rede pública, com aventais para as meninas e terno e gravata para os meninos. No anúncio, o secretário Michael Gove mostrou sua preocupação com a queda do país nos rankings mundiais de educação. “Vamos voltar ao topo”, disse.
O ensino tradicional ganhou ainda mais adeptos recentemente com o lançamento do livro Grito de guerra da mãe tigre. Nele, a advogada sino-americana Amy Chua relata sua experiência na criação de duas filhas com rigidez e exigências que beiravam o absurdo. Ambas eram proibidas de ficar abaixo do 1o lugar na classe e tinham de realizar atividades extracurriculares dificílimas escolhidas pela mãe – uma se tornou exímia violinista e a outra pianista. Pela defesa desses padrões quase marciais de ensino, Amy chegou a ser ameaçada de morte na internet. Mas seu livro entrou rapidamente na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos. Isso expõe o medo de toda a nação de se ver rebaixada nas listas internacionais de melhores alunos.
Para quem consegue seguir em frente e encarar tantas exigências, o ensino tradicional pode dar certo. Giulianna Freitas, de 12 anos, cursa o 7o ano do colégio Dante Alighieri, um dos mais antigos e tradicionais de São Paulo. Está lá desde os 3 anos. Ela diz que adora. Afirma tirar de letra as regras rígidas da escola, entre elas uniforme impecável e as restrições ao contato afetivo entre meninas e meninos. “Não me vejo em outro colégio”, diz. Sua mãe, a dentista Ana Claudia Garcia de Freitas, afirma ter escolhido o Dante pelos ótimos laboratórios e pelas bibliotecas. E também por ter sido sua escola – e a de sua mãe. “É uma tradição na família.”
Mas os educadores têm visto com ceticismo cada vez maior o sucesso desse modelo. Eles alertam sobre vários problemas que decorrem da estratégia convencional, baseada na combinação de competitividade e pressão por notas. A primeira limitação é a seleção natural que põe em prática. Esses colégios selecionam os alunos na hora da matrícula – com os famosos “vestibulinhos” – e, depois disso, acabam selecionando, pelo grau de dificuldade em acompanhar o ritmo, aqueles que ficam. “Valorizamos o conteúdo e somos inflexíveis em nossa filosofia de foco no professor, cultura clássica e disciplina”, diz Maria Elisa Penna Forte, supervisora do colégio carioca São Bento, que só aceita meninos e foi quatro vezes campeão nacional do Enem. “Os pais querem que os filhos se saiam bem aqui, mas, em muitos casos, isso não acontece. Aí o melhor é mudar de escola.”

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sobre os videogames, tablets, celulares e as crianças

Não há dúvidas que o uso de eletrônicos por crianças ( as vezes até por bebês) e pré-adolescentes, além de não ter nada de bonito, prejudica mais do que ajuda a formação emocional da criança. Já há estudos mostrando que crianças hiperestimuladas que ficam com frequencia em frente a computadores, tablets, videogames e mídias sociais no celular, tem mais dificuldade de concentração, não conseguem adiar gratificações e se tornam mais antisociais e agressivas. É mesmo bem provável que este adulto atual, que não tem um(a) parceiro(a) fixo(a), não pára em emprego, e é endividado(a) no cartão de crédito seja o resultado de uma geração que cresceu em frente ao computador, TV e videogame. Com a palavra, Flavio Comim, ex-economista senior do Pnud ( Programa da ONU para desenvolvimento), em reportagem da Folha Educação, que você lê aqui.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Por que as crianças estão cada vez mais infelizes?

Do site da revista VEJA, artigo de autoria da jornalista Natalia Cuminale


Uma em cada onze crianças com mais de oito anos de idade está infeliz, segundo um estudo divulgado em janeiro deste ano pela Children’s Society, organização centenária de proteção infantil. Apesar de a pesquisa trazer à tona uma realidade das crianças entre 8 e 16 anos do Reino Unido, especialistas brasileiros em saúde infantil afirmam que esse não é um problema exclusivo das crianças britânicas. No Brasil, a realidade é parecida. Ana Maria Escobar, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, em São Paulo, conduziu uma pesquisa com os pais de cerca de 900 crianças de 5 a 9 anos que estudavam em escolas particulares e estaduais.
De acordo com os resultados do estudo, os pais disseram que 22,7% das crianças apresentavam ansiedade; 25,9% tinham problemas de atenção e 21,7% problemas de comportamento. "No início do estudo, esperava encontrar queixas como asma, mas não ansiedade", diz Ana. Apenas 8% tinham problemas respiratórios e 6,9% eram portadoras de asma. O estudo foi concluído em 2005, mas Ana Maria acredita que se a pesquisa fosse feita hoje, "os níveis de ansiedade e de problemas de comportamento certamente seriam ainda mais altos."
Mais do que infelizes, as crianças brasileiras também estão ansiosas, estressadas, deprimidas e sobrecarregadas. "Elas estão desconfortáveis com a infância. Esse desconforto aparece de várias formas: como irritabilidade, desatenção, tristeza e falta de ânimo. Muitas vezes, é um comportamento incomum em relação à idade delas", diz Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Saul Cypel, membro do departamento de Pediatria do Comportamento e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria, traz dados preocupantes: "A impressão que eu tenho é a de que o número de crianças com queixas comportamentais cresceu muito nesses últimos dez anos." Neste período, segundo Cypel, houve uma transformação do perfil da clínica: se antes as queixas sobre o comportamento infantil correspondiam a 20% dos pacientes, agora são responsáveis por 85% do total de seu consultório de neurologia.
Com uma agenda recheada de atividades extracurriculares, que vão desde aulas de idiomas como inglês e mandarim até as aulas clássicas como balé e futebol, as crianças estão sem tempo para se divertir e descansar, acreditam os médicos. Segundo Cypel, a antecipação de atividades para as quais o indivíduo não está preparado pode desencadear o stress tóxico, que ocorre quando há uma estimulação constante do sistema de resposta ao stress, trazendo prejuízos futuros para as crianças.
"A família introduz uma série de treinamentos, atividades e línguas novas. Na medida em que a criança não consegue dar conta disso, a sensação de fracasso se torna frequente", explica Cypel. "Com o stress tóxico, ao invés de favorecer o desenvolvimento da criança, os pais acabam limitando-a e desmotivando-a." Entre as consequências diretas estão a diminuição da autoestima, alterações alimentares (excesso ou falta de apetite), problemas de sono e apatia.
No início deste ano, a Academia Americana de Pediatria lançou um documento que chama a atenção para as evidências de impactos negativos do stress tóxico, com prejuízos posteriores para a aprendizagem, comportamento, desenvolvimento físico e mental. O relatório também sugere que parte dos problemas mentais que ocorrem nos adultos devem ser vistas como transtornos de desenvolvimento que tiveram início na infância.
Ana Maria Escobar acrescenta que a exposição à realidade violenta do Brasil também pode contribuir para uma sensação de ansiedade nas crianças. "Antes, raramente uma criança ouvia falar de um ato de violência. Hoje, elas ficam mais confinadas e têm medo de assaltos e sequestros. Isso com certeza provoca maior stress e ansiedade, além de maior possibilidade de se sentir infeliz, principalmente entre aquelas que vivem nas grandes cidades brasileiras", diz.
 
Sinais — O problema é agravado pelo fato de que muitos pais demoram a perceber o que se passa com seus filhos. "Eles acham que o comportamento das crianças é normal", diz Ana Maria Escobar. Além disso, a dificuldade em administrar o tempo que dedicam à vida profissional e aos filhos muitas vezes impede que os pais percebam os sinais de que algo está errado.
"Muitos pais priorizam a profissão e terceirizam a criação dos filhos. Mas é preciso se questionar: quanto tempo eu passo com meus filhos? Quem são as pessoas que estão criando eles?", afirma o psiquiatra Francisco Assumpção, da Sociedade Brasileira de Psiquiatria.
Essa é uma preocupação constante na vida da publicitária Flora*, que tem dois filhos, Cecília* e Celso*, de 7 e 9 anos, respectivamente. As crianças, que estudam em período integral na escola, têm uma rotina bastante atribulada. Celso faz aula de inglês, futebol, tênis e deve começar a aprender uma luta neste ano. Cecília também faz inglês, natação e deve começar a praticar ginástica olímpica. "Primeiro, experimentamos uma aula de inglês uma vez por semana, depois colocamos os dois em um esporte", afirma. "Tem que sentir muito como a criança está lidando com isso. Observar o comportamento para ver se ela está cansada e se o rendimento na escola começa a diminuir", diz. Flora se preocupou em contratar uma professora de inglês para que as crianças tivessem aulas em casa. Para ela, é melhor opção para evitar o stress desnecessário no trânsito.
Apesar da preocupação, Flora fez alterações na rotina de Cecília. A pequena começou a apresentar sinais de stress. Para descobrir o problema, Flora foi investigar com a filha e percebeu que a natação estava causando o problema. "Ela chorava muito e quando acordava dizia que não queria ir para a escola. Estava diferente do que ela é normalmente", disse. Flora tirou a filha da natação no ano passado, mas ela já pediu para voltar esse ano, segundo a mãe, que vai observar o desempenho da criança.


Leia na íntegra a reportagem no site de VEJA, aqui

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Exercício físico melhora desempenho escolar, diz estudo

Retirado do site de veja

Pesquisa revelou que adolescentes e crianças com habilidade motora e capacidade cardiorrespiratória boas tinham notas mais altas do que aqueles com vigor físico inferior



Praticar exercício físico na infância e na adolescência pode ser benéfico não apenas à saúde, mas também ao boletim escolar, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira no periódicoJournal of Pediatrics. Melhora da capacidade cardiorrespiratória, força muscular e habilidade motora são benefícios comprovados da atividade física à saúde. Como cada um desses fatores exerce efeitos sobre o cérebro, pesquisadores decidiram investigar se eles poderiam, de alguma forma, impactar o desempenho acadêmico. Os cientistas analisaram dados sobre rotina de exercícios, composição corporal e desempenho escolar de 2.038 crianças e adolescentes de seis a dezoito anos, na Espanha. Eles constataram que os participantes com boa capacidade cardiorrespiratória e habilidade motora tiravam melhores notas do que os voluntários com desempenho inferior nesses quesitos. A força muscular não mostrou relação com o boletim.
"Ter uma boa capacidade cardiorrespiratória e habilidade motora pode, até certo ponto, reduzir o risco de fracasso escolar", diz Irene Esteban-Cornejo, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha. O estudo realça a necessidade de realizar esforços para promover a prática de atividade física na infância e na adolescência.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Independent and Combined Influence of the Components of Physical
Fitness on Academic Performance in Youth


Onde foi divulgada: Journal of Pediatrics

Quem fez: Irene Esteban-Cornejo, Carlos Ma. Tejero-Gonzalez, David Martinez-Gomez, Juan del-Campo, Ana Gonzalez-Galo, Carmen Padilla-Moledo, James F. Sallis e Oscar L. Veiga

Instituição: Universidade Autônoma de Madri, na Espanha

Resultado: Pesquisadores descobriram que crianças com boa capacidade cardiorrespiratória e a habilidade motora têm melhor desempenho acadêmico do que aquelas com níveis cardiorrespiratórios e motores inferiores.

domingo, 22 de junho de 2014

Excesso de medicação em crianças?

Texto retirado do Blog do G1, Espiral, do Alysson Muotri

Uma análise recente do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) americano mostrou que mais de 10 mil crianças recebem medicamentos psicoestimulantes, como Ritalina. Estimativas sugerem que cerca de 8% das crianças americanas entre 6 e 17 anos foram medicadas por problemas comportamentais ou emocionais entre 2011 e 2012. O CDC descreve um aumento de 5 vezes quando comparamos crianças nas décadas de 80 e 90 com as de 2007-2010. Além disso, 1,3% das crianças tomam antidepressivos. Em crianças menores que 5 anos, o número de prescrições psicotrópicas chega a 1%.                                                                                                                                        Esses números alarmantes chamaram a atenção da mídia, que tem reportado a situação como um surto de tratamento exagerado. A interpretação mais óbvia: crianças com problemas emocionais e comportamentais estão sendo medicadas por médicos que estão muito ocupados e sem tempo de oferecer terapias extremamente caras, a pedido de pais, também muito ocupados para manter um ambiente saudável em casa. De quebra, culpa-se a escola, que não oferece as condições e atividades ideais para essas crianças. Por fim, culpa-se a indústria farmacêutica, cujo interesse é vender mais remédios em busca de lucros cada vez maiores.                                                                                Pode até parecer uma justificativa razoável de primeira, mas tem algo aí que me incomoda. Primeiro, culpar os pais é fácil, mas a realidade é que a maioria resiste em medicar os filhos e prefere tentar algo alternativo. O argumento das escolas também é fraco, pois a maior parte dessas crianças sendo medicadas está apenas começando a vida acadêmica. Quanto às indústrias farmacêuticas, o lucro delas tem, na verdade, diminuído nos últimos anos no mercado americano. Então de quem é a culpa? Talvez de ninguém.                                                                                                                              Uma visão alternativa seria pensar que não existe um surto de crianças medicadas sem necessidade e sim um aumento no número de crianças doentes. É lógico imaginar que se detectarmos um aumento no tratamento de diabetes em crianças, jamais culparíamos as famílias ou outros profissionais. Estaríamos a nos perguntar o porquê do aumento da diabetes em crianças. Entendo quem duvide que o número de crianças com problemas emocionais e comportamentais esteja realmente aumentando, com uma aceleração mais dramática nos últimos anos, afinal não temos marcadores claros pra isso. O diagnóstico nesse caso ainda é muito subjetivo. O que um pai ou médico considera um garoto superativo, outro pode considerá-lo enérgico e cheio de vitalidade. O contexto é importante.            Mas, mesmo assim, esse argumento não elimina a chance de que doenças emocionais e comportamentais estejam realmente atingindo mais as crianças. Uma explicação plausível são os fatores ambientais que, em contato com uma predisposição ou susceptibilidade genética, favoreça o surgimento dos sintomas. Ainda essa semana, um trabalho da universidade de Rochester nos EUA, mostrou que a exposição à poluição no ar, produz alterações neurológicas significativas no cérebro de cobaias, semelhantes a aquelas que são encontradas em humanos com autismo e esquizofrenia. Se o aumento do número de crianças afetadas estiver realmente correto, é possível que muitos estejam sofrendo com a falta, não excesso, de medicamentos.
Em tempo, nota do neuropediatriabh:                                                                                              O aumento no numero de diagnósticos se deve, em minha opinião, sobretudo, a maior cobrança de rendimento na aprendizagem escolar, no comportamento e no desenvolvimento geral da criança do mundo contemporâneo. A sociedade como um todo,  os pais e as escolas em particular, não toleram mais dificuldades ou atrasos, não tem tempo nem paciência para tal. A competição e a cobrança por produtividade do mundo adulto já atormentavam os adolescentes nas décadas passadas e agora chegaram à infância.      Porém, é importante ressaltar que, essa discussão (fundamental e que deve ser feita por todos) sobre os rumos da infância não podem servir para os pais se negarem a receber o diagnóstico ou a tratar seu filho. Colocar a culpa no mundo atual, na falta de apoio da mãe, na cobrança excessiva da escola ou da professora não resolverá os problemas de comportamento e aprendizagem do seu filho.   

quarta-feira, 23 de abril de 2014

TDAH: entrevista com Dr. Paulo Mattos (Revista Crescer)


Conheça os sintomas que despontam primeiro no sexo masculino

Por Cíntia Marcucci - atualizada em 14/04/2014 17h14

TEXTO RETIRADO DA REVISTA CRESCER

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância – atingindo 5% das crianças – e pode seguir pela vida toda. A criança tem sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Na primeira infância, o mais comum são os sintomas de hiperatividade, principalmente nos meninos. “Em estudos epidemiológicos, não se nota tanta diferença na prevalência do transtorno entre meninos e meninas, mas, em ambiente clínico, como ambulatórios e consultórios médicos, há maior número de meninos”, afirma Paulo Mattos, psiquiatra, coordenador do núcleo de estudos de TDAH da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos fundadores da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).
Mas qual seria a explicação? De acordo com o psiquiatra, existe a hipótese de que os meninos, por apresentarem mais sintomas de hiperatividade, enquanto nelas, o que mais se destaca é a desatenção. “Como ‘incomodariam’ mais, tanto na escola, quanto em casa, os meninos seriam encaminhados a especialistas com mais frequência”, diz.
Só depois, quando entram na escola, é que os indícios de déficit de atenção costumam ser notados. Por isso, o diagnóstico costuma ser fechado por volta dos 6 ou 7 anos. Em adultos, as diferenças entre o sexo masculino e feminino quanto à prevalência do TDAH e as formas clínicas de apresentação (com predomínio de desatenção, hiperatividade ou ambas combinadas) desaparecem.
Para dizer que uma criança tem TDAH é preciso juntar muitas características. Entre elas estão: parecer não escutar o que os outros falam, não se lembrar onde deixou as coisas, não se concentrar na sala de aula, não parar sentado quando deveria, ficar sempre mexendo pernas e mãos, não conseguir ficar quieto para ouvir uma história ou então ficar tão entretido com o que gosta que é difícil tirá-lo da frente da TV. Quando acompanhados e tratados, entretanto, a criança e o adulto podem levar uma vida normal. A seguir, o especialista responde a outras dúvidas comuns.
1. Como é o diagnóstico de TDAH? É necessário algum tipo de exame, como ressonância magnética e eletroencefalograma?
Paulo Mattos: 
O diagnóstico é inteiramente clínico, feito com base nos sintomas, da mesma maneira que outros problemas, como a síndrome do pânico e a depressão. Não é necessário exame de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro que avalie características físicas. Os pais não precisam se sentir inseguros por conta do diagnóstico ser feito sem exames, pois na psiquiatria é assim mesmo que funciona. Outros profissionais, como pediatras e neurologistas especializados na doença, também podem auxiliar no processo de diagnóstico.
2. Quando uma criança só demonstra dificuldade de se concentrar em uma situação, por exemplo, na escola, pode ser TDAH? Existem níveis diferentes da doença? Como distinguir quem tem TDAH de uma criança que é simplesmente muito ativa?
P.M.: 
Não, as dificuldades de atenção devem ocorrer em pelo menos duas situações diferentes para que o diagnóstico seja realmente fechado. Quando ocorrem casos como o da pergunta, o mais provável é que aquela situação específica seja um problema e é isso que deve ser investigado. Quanto aos níveis da doença, sim, o TDAH pode variar de leve a grave (de acordo com a intensidade dos sintomas). A diferença entre o transtorno e uma característica da criança recai na intensidade do comportamento, da hiperatividade e da impulsividade – é difícil e muitas vezes só um especialista poderá dizer se é algo que precisa ou não ser acompanhado e tratado.
3. É possível tratar a doença sem medicamentos, só com atividades físicas?
P.M.: 
Não. Casos leves de desatenção ou hiperatividade não são classificados como TDAH e quando há diagnóstico fechado os medicamentos são necessários. Atividade física não é tratamento, é muito importante para uma criança hiperativa, até para o gasto de energia, mas não tem efeito sozinha.
4. Como saber se uma menina tem TDAH, já que os meninos são diagnosticados mais facilmente por conta da hiperatividade presente nos primeiros anos de vida? Os sintomas aparecem mais tarde ou são diferentes?
P.M.: 
As meninas costumam apresentar mais sintomas de déficit de atenção mesmo. Por conta disso, fica mais fácil perceber depois que elas entram na escola. O grau de desatenção acaba comprometendo sua vida acadêmica, principalmente. Não é que ela não tivesse o problema antes, mas é mais difícil identificá-lo.
5. Caso não seja tratado ainda criança, o problema pode trazer consequências na vida adulta? Quais? Há alguma pesquisa específica sobre isso?
P.M.: 
Há inúmeras pesquisas mostrando que o TDAH está associado ao fracasso acadêmico, abandono escolar, acidentes de trânsito, uso de drogas, álcool e divórcio, entre outras situações negativas na vida adulta. Por isso, diagnóstico e tratamentos são tão importantes para seu filho ter uma vida normal.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Páscoa, chocolate e enxaqueca

Chocolate em excesso causa dor de cabeça e enxaqueca

 

Com a proximidade da Páscoa, tanto a venda quanto o consumo de chocolate aumentam consideravelmente. Entretanto, é preciso moderar a quantidade a ser ingerida. Especialistas afirmam que chocolate em excesso pode causar dores de cabeça e crises de enxaqueca. Logo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), quem possui predisposição para um desses problemas deve evitar alguns alimentos em excesso, inclusive o chocolate.

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Entendendo epilepsia

Definição

A epilepsia é um distúrbio cerebral que envolve convulsões espontâneas e repetidas de qualquer tipo. As convulsões ("ataques") são episódios de perturbação da função cerebral que causa alterações na atenção e no comportamento. Elas são causadas por sinais elétricos anormalmente excitados no cérebro.

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domingo, 26 de janeiro de 2014

Epilepsia na infância


     Epilepsia é uma doença crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes não provocadas por uma causa qualquer ( como desidratação, hipoglicemia, intoxicação edistúrbio hidroeletrolítico ou outras alterações do organismo que podem desencadear crise epiléptica em qualquer pessoa).
     O novo conceito operacional da ILAE ( International League Against Epilepsy) afirma que o paciente deve apresentar pelo menos duas crises espontâneas, sem evidência de desencadeantes agudos de crises epilépticas, ou uma crise epiléptica com forte probabilidade de apresentar um a segunda crise ( probabilidade deve ser avaliada pelo neurologista). Ainda segundo a ILAE, além da predisposição persistente a apresentar crises, devemos considerar também conseqüências neurobiológicas, cognitivas e psicossociais tanto no diagnóstico quanto no tratamento dos pacientes.
     Crises epilépticas ocorrem por atividade elétrica anormal, excessiva e síncrona de umgrupo de neurônios de uma determinada região do cérebro, com um espectro bastante amplo de manifestações neurológicas, a depender do local do cérebro em que estão os neurônios ativados.As crises podem se manifestaratravés de vários sinais e sintomas, sobretudo em crianças, com o cérebro em formação ainda. O objetivo deste post é, exatamente, demonstrar ( com vídeos do youtube, postados pelos pais e de acesso público)para o leitor algumas manifestações de crises epilépticas. Caso seu filho tenha alguma manifestação que sugira crise epiléptica, filme-o e leve o vídeo ao neuropediatra. Ele te orientará e esclarecerá do que se trata.
     As crises epilépticas podem ocorrer durante o sono ( muito comum na infância) ou acordado, em repouso ou desencadeada por esforço físico ( sob hiperventilação), em qualquer hora do dia, acometendo uma parte do corpo ou todo o corpo, com ou sem perda de consciência. Apenas como curiosidade, o termo crise convulsiva refere-se apenas ao subgrupo de crises epilépticas que se apresentam com manifestações motoras por todo o corpo, e seu uso é cada vez menor.
     Abaixo seguem exemplos, retirados do youtube, e postados pelos próprios pais, de tipos de crises epilépticas na infância. Lembrando que o objetivo do post é informar. Se seu filho tem qualquer movimento semelhante a isso, ou existe qualquer dúvida, procure imediatamente um neuropediatra. Ele irá avaliar e explicar

1) Crise de espasmo

O video começa aos 10 segundos. A criança apresenta uma sequencia de "sustos". Na realidade, um tipo específico de crise epiléptica da infância. No caso abaixo, com versão dos olhos para cima. Aos pais mais desesperados: toda criança assusta e tem reflexos semelhantes a um episódio desses; reparem, porém, que são inúmeros sustos, em sequencia, por 5 minutos.



2) Crise de ausência

São crises rápidas, mais comuns em pré-escolares e escolares, em que a criança se " desliga" por alguns segundos, podendo fazer algum movimento involuntário como piscar ou mastigar durante as crises.


3) Crises focais

Há inúmeros exemplos, com ou sem perda do contato da criança com os pais. Dormindo ou acordada.
Diferente das crises de ausência, elas duram mais tempo e a criança apresenta alguns sintomas após a crise, como confusão mental, dificuldade para falar, formigamentos ou sonolencia, embora isso não seja uma regra.



Por fim reitero que: o objetivo do post é informar. Se seu filho apresenta qualquer movimento semelhante a esses, ou existe qualquer dúvida, procure filmar os episódios e leve-o imediatamente a uma consulta com neuropediatra. Ele é o único capaz de avaliar e te explicar o real diagnóstico do evento observado.