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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

10 estratégias para ajudar crianças com TDAH na escola


RETIRADO DO SITE JTV ONLINE

O canto dos passáros, o bate-papo dos colegas, o barulho do relógio… tudo é motivo para distrair uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na sala de aula. Ensinar crianças que apresentam o transtorno requer muita paciência, criatividade e conhecimentos sobre o TDAH.

Segundo Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga e parceira da NeuroKinder, o comportamento de um aluno com TDAH pode ser desafiador na sala de aula. “Estudantes com TDAH costumam ter notas baixas e, muitas vezes, são repreendidos e punidos, o que pode levar à baixa autoestima e aversão à escola. O professor precisa entender que o aluno tem potencial para aprender, mas os métodos precisam ser adaptados para o funcionamento de quem tem TDAH.”, afirma.
Para a especialista, o princípio básico para ensinar crianças com TDAH começa a partir de três pontos: acomodação, instrução e intervenção. “O primeiro diz respeito ao que o professor pode fazer para facilitar a aprendizagem. O segundo é sobre os métodos que o professor usa para ensinar e o terceiro são os meios de reduzir os comportamentos que perturbam a concentração e distraem os outros alunos. Mas, é sempre bom lembrar que a atitude positiva do educador é crucial”, diz Viviani.
Para entender melhor, separamos uma lista com 10 itens que podem ajudar os professores a extrair o potencial de crianças e adolescentes com TDAH:
  1. Lugar estratégico: Acomode o aluno longe de distrações (como  janelas/portas). Escolha lugares perto de outros alunos que possam dar bons exemplos e até ajudá-lo. O lugar também deve ser próximo da mesa do professor.
  2. Informações claras: Seja sempre muito claro sobre as tarefas, tanto as de sala de aula quanto as lições de casa. Dê prazos e estabeleça regras.
  3. Abuse de recursos: Use gráficos, planilhas, imagens, listas e cores diferentes para ensinar as matérias.
  4. Por partes: Como a concentração e atenção são afetadas no TDAH, procure dividir as atividades em blocos. Procure passar uma instrução por vez, de preferência fazendo contato visual.
  5. Combine sinais com o aluno: Crie sinais para se comunicar com o aluno sobre os comportamentos esperados, pro exemplo, prestar atenção na matéria, fazer a tarefa proposta, etc. Pode ser um sinal com a mão, um toque no ombro, etc. Se precisar chamar a atenção, faça isso em particular, jamais na frente dos outros alunos. Caso o comportamento não esteja afetando os outros alunos, procure ignorar.
  6. Adequação das avaliações: Se for possível, dê provas e testes desmembrados e com poucas questões. Evite questões com mais de um item. Alunos com TDAH tendem a responder somente o primeiro item. Além disso, o ideal é que esses alunos tenham pelo menos 50% de tempo a mais para fazer as provas. Substituir as provas por trabalhos também pode ser uma opção.
  7. Reforço Positivo: Quando o aluno completar uma tarefa/lição proposta elogie pontualmente. O reforço positivo é fundamental para quem tem TDAH.
  8. Organização: Ajude o aluno a organizar os materiais das aulas, separando as matérias em pastas/cadernos diferentes.
  9. Exponha-o somente no momento certo: Evite fazer ‘chamada oral’ com esse aluno quando ele não está prestando atenção, pois ter que responder uma questão publicamente pode deixá-lo nervoso.
  10. Relação com os pais: Mantenha um canal de comunicação diário com os pais. O acompanhamento do TDAH envolve pais, educadores e profissionais de saúde. Todos precisam se unir para ajudar o aluno em todos os aspectos.
“Toda criança tem o direito de aprender e vivenciar da melhor maneira possível seus anos escolares. O TDAH é desafiador, mas há estratégias que podem ser aplicadas no dia a dia e que irão facilitar muito o aprendizado. O que importa é ter em mente que, em muitos casos, o ensino precisará ser individualizado para que o aluno consiga vencer suas dificuldades e desenvolver seu potencial”, conclui Viviani.

domingo, 17 de setembro de 2017

Entenda os tipos de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Há três tipos de TDAH: o desatento, o do tipo combinado e o hiperativo-impulsivo


O dia 19 de setembro é o dia nacional da consciência do TDAH, nos Estados Unidos, e apesar de muito ser falado sobre o tema, muitas pessoas ainda acham que a hiperatividade, a inquietude e a impulsividade ocorre em todas as crianças portadoras de TDAH (Transtorno de Déficit de atenção com hiperatividade). Há um grande equívoco nesse conceito, é o que afirma o neuropediatra do Instituto NeuroSaber Dr. Clay Brites.
Para o especialista, muitos mitos ainda persistem em torno do assunto. Segundo Brites, cerca de 30% a 40% das crianças com TDAH não são impulsivas e hiperativas. "Elas são simplesmente desatentas em excesso. Ou seja, apresentam déficit de atenção".
Segundo o neuropediatra, há três tipos de TDAH: o desatento, o do tipo combinado e o hiperativo-impulsivo. O desatento é o transtorno em que a criança é quieta, não dá trabalho na sala de aula e ainda é tímida. "O aluno introspectivo com o transtorno, não pergunta, não faz questionamentos e precisa muitas vezes do professor para estimula-lo a raciocinar, a pensar e a participar da aula".
Nos casos onde o TDAH cursa com a criança, o neuropediatra diz que é esperado esse estudante ser extremamente desatento, distraído, esquecido, não consegue terminar o que começa, além de ter baixo rendimento em várias matérias. "O quadro começa muitas vezes lá atrás, mas ninguém identifica porque essa criança é muito quieta, ela não dá trabalho na escola então ninguém encaminha para o médico".
No outro tipo combinado, Brites comenta que a criança tem tanto déficit de atenção como sinais de hiperatividade e impulsividade. Por esse motivo, ela é mais precocemente identificada e a escola encaminha geralmente mais cedo para avaliação do neurologista. "Os pais também acabam procurando equipes multidisciplinares para entender porque o filho é tão inquieto, agitado, impulsivo, não para e não aprende com os próprios erros".
Para ele, essas crianças têm muita dificuldade de aguardar a vez e de esperar. São altamente impulsivas, criam grandes problemas de relacionamento social na escola e em casa. "Uma boa porcentagem evolui para quadro opositor desafiador".
"Já o tipo hiperativo-impulsivo, trata-se de uma categoria onde somente o comportamento é afetado e não a desatenção excessiva e pode resultar em grandes prejuízos na socialização", informa.
Em todos os casos, Brites ressalta que essas crianças precisam de ajuda. Mas para isso, é fundamental conhecer o transtorno para poder identificar os tipos de TDAH. Dessa forma, professores, pais e profissionais de saúde não irão deixar passar despercebido nenhumas das condições.
"O transtorno leva a severos prejuízos a médio e longo prazo na aprendizagem escolar, na interação social e na capacidade de reagir de forma adequada, afetivamente positiva, frente a situações que envolvam frustação ou confusões sociais. Quanto mais cedo for o diagnóstico, mais fácil e rápido será o tratamento e a recuperação dessa criança", conclui.

Entenda mais sobre o transtorno e veja como ajudar o seu filho


Você já deve ter ouvido sobre ele: o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (ou simplesmente TDAH) é bastante conhecido pelas famílias – e pela ciência também! Há anos, ele vem sendo muito estudado pela psiquiatria e psicologia. Mais de 29 mil pesquisas já foram feitas sobre o assunto. A seguir, confira perguntas e respostas. 

O que é TDAH?
É um transtorno neurobiológico do desenvolvimento que leva à impulsividade, hiperatividade e falta de atenção. Todos os seres humanos presentam algum desses sintomas, mas em certas pessoas eles se combinam e se manifestam com tanta intensidade e frequência que atrapalham o desenvolvimento, prejudicam as atividades do dia a dia e levam a prejuízos nos âmbitos familiar, escolar e social – é aí que se identifica o TDAH. As crianças com esse transtorno têm menos atividade elétrica e reagem menos a certos estímulos, além de terem partes do cérebro menores que o normal. Também têm dificuldade de regular dopamina e norepinefrina, substâncias essenciais para a concentração e o controle de impulsos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é inteiramente clínico, com parâmetros bem estabelecidos, feito com base nos sintomas, isto é, sem exames laboratoriais. Não é necessário realizar ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro exame que avalie características físicas. Além do psiquiatra, outros profissionais, como psicólogos, pediatras e neurologistas especializados na doença, também podem auxiliar no processo de diagnóstico. As manifestações clínicas costumam começar antes dos 7 anos, mas se confundem com a agitação e a insubordinação compatíveis com a idade pré-escolar. A maioria das crianças abandona essas características quando cresce e é por esse motivo que o diagnóstico não pode ser fechado antes disso.

Como é o tratamento?
Casos leves de desatenção ou hiperatividade não são classificados como TDAH. Quando há um diagnóstico fechado os medicamentos de uso controlado são necessários. Se os remédios forem tomados corretamente, conforme prescrito pelo médico, raramente se associam à dependência. O tratamento pode ser interrompido rapidamente, sem problemas. Como o TDAH é uma doença que em geral se estabiliza com a chegada àidade adulta, a pessoa para de tomar remédios na grande maioria dos casos

terça-feira, 5 de setembro de 2017

E-book Mitos e Verdades sobre o TDAH

Escrito pelo neuropediatra Clay Brites, e-book está liberado para download. Especialista faz alerta sobre informações deturpadas e preconceituosas, destaca conceitos equivocados e ressalta que o TDAH não é um problema social ou culpa de pais e educadores.



segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Dúvida de muitos pais: é transtorno ou travessura do filho?

Retirado do site Gazeta do povo


Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)  afeta até 5% das crianças, de acordo com a Sociedade Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).
Com menos de um metro de altura e apenas 4 anos de idade, A.S.* dita as regras quando não gosta de algo: “não quero assim!”. Ao mesmo tempo, a menina conta diversas histórias, acena para os coleguinhas que passam no corredor, fala “hi” para a professora de inglês e tenta se equilibrar na calçada como se estivesse numa corda bamba. Hiperativa? Não, somente uma criança falante, conquistadora e completamente saudável, garante o pai R.S.*.
Em contrapartida A.A.*, 10 anos, é estudiosa e serena, presta atenção a todos os comandos e responde prontamente apenas o que lhe é perguntado. Mas nem sempre foi assim, afirma L.C., mãe da menina: “a escola deu o alerta de que ela não conseguia acompanhar as lições, tinha problemas de relacionamento com os colegas e não deixava ninguém estudar”. A solução encontrada foi buscar ajuda de um psicólogo e de um neurologista, que diagnosticaram o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
O TDAH afeta até 5% das crianças, de acordo com a Sociedade Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), sendo a desatenção e a hiperatividade/impulsividade os sintomas principais. Porém, na infância e adolescência, é relativamente comum ter dificuldade com regras e limites. Então, como diferenciar o distúrbio de uma característica comportamental?
Diagnóstico
Para a neuropediatra Ana Chrystina Crippa, essa distinção é difícil para a família, devendo-se procurar ajuda especializada. Mas, é importante notar alguns sinais: “a desatenção, que pode resultar em baixo rendimento escolar; os prejuízos sociais, quando a criança estraga a brincadeira por não assimilar as regras, por exemplo; e a hiperatividade, que a faz não parar quieta um minuto sequer”, expõe Ana.
Além disso, apresentar agitação motora excessiva, incapacidade de se envolver em uma atividade por tempo prolongado, responder antes de concluírem a pergunta, interromper conversas ou falar demais são outros pontos levantados pela mestre em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Thaise Löhr-Tacla.
Por meio de um questionário construído pela American Psychiatric Association – que disponibilizamos na página ao lado – é possível reconhecer alguns sintomas primários do TDAH em crianças (o teste é diferente para detectar indícios em adultos). Porém, ele serve apenas como ponto de partida, pois o diagnóstico preciso só pode ser feito por um profissional especializado.
Tratamento
A psicoterapia, a pedagogia e a medicação à base de Metilfenidato devem ser trabalhados em conjunto, de acordo com a neuropediatra. A Ritalina e o Concerta – que geram polêmica por terem se popularizado, nos últimos anos, entre estudantes sem TDAH que buscam aumentar seu rendimento em provas e concursos – são os remédios mais utilizados.
Há dois anos, A.A. passou a tomar Ritalina e mudou muito de comportamento. “Antes ela ia mal na escola, e agora tem notas boas e maior capacidade de concentração. A relação com os coleguinhas também melhorou muito. Agora ela é mais aceita”, relata a mãe.
Muitas crianças com o transtorno são discriminadas e mal compreendidas. Segundo a psicóloga, isso pode comprometer a autoestima devido às críticas frequentes, daí a importância de se receber tratamento adequado. “Muitos pais têm filhos em situação semelhante e não aceitam, não procuram ajuda. Mas o TDAH existe, é real, e buscar assistência médica é fundamental para o bem de nossos filhos”, alerta a mãe de A.A..

QUESTIONÁRIO
Construído pela American Psychiatric Association, o questionário revela alguns sintomas primários do TDAH em crianças. Porém, serve apenas como ponto de partida, pois o diagnóstico preciso só pode ser feito por um profissional especializado. Para cada item, escolha: “nem um pouco”; “só um pouco”; “bastante” ou “demais”: 
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros nos trabalhos da escola ou tarefas por descuido.
2. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer.
3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele.
4. Não segue instruções até o fim ou não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
7. Perde coisas necessárias para atividades (brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros, por exemplo).
8. Se distrai com estímulos externos.
9. É esquecido em atividades do dia-a-dia.
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado.
12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado.
13. Tem dificuldade em brincar ou se envolver em atividades de lazer de forma calma.
14. Não para ou frequentemente está a “mil por hora”.
15. Fala em excesso.
16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas.
17. Tem dificuldade de esperar sua vez.
18. Interrompe os outros ou se intromete (em conversas ou jogos, por exemplo).
Como avaliar
Se existem pelo menos 12 itens marcados como “bastante” ou “demais”, os sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade estão acima do esperado de uma criança ou adolescente. Neste caso, procure um neurologista ou um psiquiatra.
* Os nomes dos personagens entrevistados foram mantidos em segredo.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TDAH não é desculpa para um desempenho escolar ruim

Mais que a medicação, a postura e organização são fatores decisivos no tratamento do TDAH.

“Meu filho tira notas baixas por que tem TDAH. Vamos agendar algumas aulas particulares para ajudá-lo?” Eu ouço essa frase diariamente. A questão é muito séria e os pais precisam aprofundar os debates sobre o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), popularmente chamado de DDA. É preciso entender que a frase acima pode ter efeitos colaterais para o futuro do seu filho.
A premissa é perigosa: alguns pais consideram que uma criança (ou adolescente) com laudo de TDAH automaticamente terá mal desempenho escolar. Esta presunção é equivocada, é mais uma forma de tirar a responsabilidade das costas do sujeito ativo do processo de aprendizagem (o estudante). Nenhum pai diz, mas muitos pensam: “Meu filho não tem culpa pelas notas baixas, afinal, ele tem um transtorno de atenção”. Não é bem assim.
A autora inglesa Pamela Druckerman explicou em seu livro “Bringing Up Bébé” (publicado no Brasil sob o título “Crianças Francesas Não Fazem Manha”) os motivos pelos quais os alunos matriculados em Paris apresentam índices de TDAH muito abaixo do que crianças que vão ao colégio em Washington D.C.
Druckerman vai no ponto, ela mostra que os médicos franceses buscam avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança e não apenas o cérebro dela. Avaliam o contexto social daquela criança/adolescente. Os psiquiatras, então, optam por tratar a questão com psicoterapia ou aconselhamento familiar.
Entender o conceito do transtorno de aprendizagem é fundamental para compreendermos suas implicações no dia a dia do aluno, no que podemos exigir dele e, sobretudo, no que podemos esperar dele.
Um alerta: não é porque uma criança é agitada ou não presta atenção nas coisas que ela tem TDAH. É preciso que se faça um diagnóstico profissional, multidisciplinar. Os pais precisam seguir um caminho longo para ter um diagnóstico seguro."
O que é, afinal, o TDAH? Costumo usar o seguinte conceito: é uma síndrome (conjunto de sintomas) caracterizada por distração, agitação/hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico (entre outras características) em intensidade alta, que, consequentemente, comprometem o rendimento escolar e/ou social de uma criança/adolescente.
Em entrevista à jornalista Marília Gabriela, o neuropediatra Paulo Mattos, autor do livro “No Mundo da Lua”, resumiu a questão: “São crianças que apresentam um exagero na inquietude, na desatenção e na impulsividade”. Notem: ele usa a palavra “exagero”.
Aprofundemos, o TDAH apresenta uma disfunção em áreas do córtex cerebral, conhecido como lobo pré-frontal. Quando seu funcionamento está comprometido, ocorrem dificuldades com concentração, memória, hiperatividade e impulsividade, originando os principais sintomas do transtorno.
Normalmente, em atividades como estudo, leitura ou outras que exijam concentração, o cérebro aumenta os níveis de ativação, justamente para dar conta destas atividades. Nos casos típicos de TDAH, a característica psicofisiológica mais comum é a hipofunção/hipoativação do córtex pré-frontal. Trocando em miúdos, uma quantidade significativa de neurônios pulsa mais devagar do que o esperado, especialmente quando as circunstâncias exigem maior esforço mental e, portanto, maior ativação.
Em paralelo à questão neurológica, o TDAH tem fortes componentes comportamentais. Nossa maneira de ser – tanto o funcionamento do cérebro quanto a personalidade, hábitos e preferências – é resultado de uma interação entre nossa carga genética e todas as experiências pelas quais passamos.
O cérebro se desenvolve a partir destas interações, de toda a estimulação que recebe e das aprendizagens que dela decorrem. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que o cérebro se constrói e se reconstrói ao longo da vida. A isto a ciência dá o nome de neuroplasticidade. Por isso, depende dos nossos estímulos agravarmos ou controlarmos os sintomas do TDAH.
É fundamental que os pais entendam o diagnóstico do transtorno como uma característica a mais do filho, que a criança/adolescente terá de se esforçar mais, mas que não tratem o mau desempenho do estudante como algo inerente e automático."
A neuropsicóloga Suzana Myrian Gonçalves explica que muito da melhoria do desempenho escolar das crianças depende da adaptação da família. “Os pais precisam mudar a rotina quando têm uma criança com laudo de TDAH. Se a família for disfuncional, as dificuldades do filho se agravam. Por outro lado, se os pais são atenciosos, têm tempo de estudar com a criança, conseguem sentar e comer com ela, a melhoria do desempenho aparece. Às vezes, os sintomas até são dissolvidos por esta rotina funcional”, ensina.
Estes pais cobram dos seus filhos, oferecem a eles uma rotina em casa que favoreça os estudos, estabelecem combinados e têm a consciência de que eles podem obter um excelente desempenho escolar. Vão suar mais? Vão. Mas é impossível? Longe disso!
Aprofundar os estudos sobre o TDAH é fundamental não apenas para o desempenho escolar do seu filho hoje. É fundamental para o desempenho social e profissional do seu filho por toda a vida.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Fidget Spinner trata TDAH?



Fidget spinner: auxiliar no tratamento de TDAH ou somente um brinquedinho da moda? Para a ciência, apenas diversão.


Vários pais estão em dúvida sobre a nova moda entre a criançada: o fidget spinner. O objeto, com três ou mais pontas, colorido, brilhante, maneiríssimo, gira entre os dedos e foi lançado para ser o peão moderno. Um brinquedo simples, divertido e que substitui muito bem os videogames e tablets, pouco estimulantes para as crianças.

Em meio a essa moda, surgiu o boato de que seria uma ótima opção terapêutica para crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O que se sabe até o momento sobre o assunto é: não há nenhum estudo científico que comprove essa afirmação. Portanto, papais e mamães, sem expectativas!

Qualquer novo brinquedo ou objeto que desperte o interesse das crianças pode melhorar a atenção e reduzir temporariamente a ansiedade e a impulsividade, tanto por estimular sistemas de auto-recompensa quanto por ativação de centros de prazer cerebrais. Contudo, ele não pode ser taxado como uma alternativa para tratamento de TDAH e, pior, pode atrapalhar os estudos das crianças que não sabem a hora de usá-los.


O tratamento do TDAH segue sendo complexo e multidisciplinar, com objetivo de controlar a impulsividade e melhorar a execução e produtividade da criança, para que ela tenha uma melhor auto imagem e construa a identidade de um indivíduo bem aceito socialmente, capaz de aprender e de realizar as atividades. Para a ciência, o fidget spinner passa longe de auxiliar no tratamento de TDAH, até o momento. É apenas um brinquedinho mesmo.

"Não era amor, era cilada": além de não auxiliar no tratamento do TDAH,o fidget spinner ainda pode atrapalhar seu filho de estudar. Fique de olho!

sábado, 6 de maio de 2017

Atividades físicas ajudam no tratamento de TDAH

A renomada revista Pediatrics publicou um estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrando que atividade física pode auxiliar pessoas que possuam Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), melhorando de forma significativa variados aspectos cognitivos dos indivíduos com esse transtorno.
Os alunos foram acompanhados por 9 meses, com diferenças importantes no desempenho escolar dos individuos que praticavam esportes, em relação aos não praticantes. Habilidades como focar, alternar focos em tarefas distintas e memória de trabalho (curtissimo prazo) foram mais bem avaliadas nos praticantes de esportes.

Há também outros estudos, como o da Universidade Estadual de Michigan, que demonstrou que um programa de exercícios de 12 semanas poderia melhorar o desempenho de todas as crianças em relação a matemática e leitura - resultado ainda maior entre as portadoras de TDAH.
Um trabalho similar da Universidade de Purdue, e publicado no Journal of Attention Disorders, também mostrou que apenas 26 minutos de atividades físicas diárias durante 8 semanas poderia diminuir significativamente os sintomas do TDAH em crianças da escola primária.
Obviamente, nada disso substitui o tratamento medicamentoso, o apoio multidisciplinar, o auxilio familiar e a adoção de medidas adaptativas no ambiente escolar. Mas, por obvio, o esporte além de ser uma atividade formadora das crianças se mostra agora uma alternativa divertida para ajudar no tratamento de TDAH. E aí? Mãos a obra? 💪

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Quais são as leis e direitos das crianças diagnosticadas com Déficit de Atenção e Hiperatividade?


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, também conhecido como TDAH é, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), um transtorno neurobiológico que possui causas genéticas e geralmente aparece na infância, acompanhando o indivíduo por toda a vida. Entre as características mais comuns estão sintomas de inquietude, falta de atenção e impulsividade. Segundo a ABDA, entre 5% e 8% da população brasileira tem o transtorno.
Uma vez que o TDAH é um distúrbio, é preciso que seja diagnosticado por uma equipe multidisciplinar e especializada. Infelizmente, sabemos que há uma tendência em diagnosticar com TDAH alunos um pouco mais agitados e que têm problemas disciplinares, quando na verdade eles não têm distúrbio nenhum. Portanto, é preciso ter muito equilíbrio e cuidado ao tratar da questão, já que os casos de medicalização de crianças e jovens supostamente com TDAH vêm crescendo: só nos últimos 10 anos, houve um aumento de 800% no consumo de metilfenidato (cujo nome comercial é Ritalina), medicamento indicado para esse tipo de transtorno.   
Diagnosticado corretamente o distúrbio, é preciso apoiar o desenvolvimento da criança por meio de uma equipe, que deverá saber quais são os direitos de quem tem o transtorno. Infelizmente, a legislação sobre TDAH ainda é muito incipiente no Brasil. O Projeto de Lei 7081, de 2010 visa regulamentar o direito de a criança com TDAH ser diagnosticada precocemente e, assim, garantir que ela receba apoio da área da saúde e da educação. A proposta, ainda em tramitação na Câmara dos Deputados, passou pela Comissão de Finanças e Tributação e falta passar pela Comissão de Justiça, para então ser sancionado.
Retirado do jornal O Globo
Esse assunto também foi abordado na Rádio Globo: Clique aqui
A ABDA ( Associação Brasileira de Déficit de Atenção) também lançou uma cartilha sobre o tema. Clique aqui para ler.
O pessoal do PSICOEDU também escreveu sobre o tema aqui
O canal do youtube TDAH descomplicado também lançou um video aqui:


Atividades físicas ajudam no tratamento de TDAH


A revista Pediatrics publicou recentemente um estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrando que atividade física é um ótimo remédio para quem possui Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Eles asseguram que os exercícios regulares melhoraram o desempenho cognitivo e a função cerebral.
Foi observado que as atividades físicas ajudaram os pacientes a manterem o foco, a desenvolverem a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva (habilidade em alternar tarefas). O estudo, que durou 9 meses, trouxe ainda uma discrepância entre o desenvolvimento dos alunos com TDAH que praticavam esportes e aqueles que não.
Um outro estudo, realizado pela Universidade Estadual de Michigan, também nos Estados Unidos, descobriu-se ainda que, durante um programa de exercícios de 12 semanas, houveram resultados positivos em todas as crianças em relação a matemática e leitura, especialmente entre aquelas que possuíam TDAH.
Um trabalho semelhante, realizado pela Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, e publicado no Journal of Attention Disorders, constatou que apenas 26 minutos de atividades físicas diárias durante 8 semanas pode diminuir significativamente os sintomas do TDAH em crianças da escola primária.
Tantas evidências levaram os pesquisadores a concluírem que as atividades físicas podem ser boas aliadas no tratamento de TDAH, além de melhorarem o humor e o desempenho cognitivo, liberando dopamina e seratonina, com efeito semelhante a medicamentos estimulantes.

Retirado do site Minha Vida

Nota deste blog:
Embora as familias procurem tratamento por isso, o principal problema do TDAH não é o rendimento escolar nem a inadequação social das crinças que apresentam o transtorno. Na realidade, a presença persistente da inadequação social e das dificuldades escolares é o maior mal a ser evitado. Permitir que a criança, em um período de formação emocional e criação de identidade, seja vista e se veja como um indivíduo inadequado é algo insuperável na vida adulta.
Neste sentido, a pratica esportiva, além de atenuar os sintomas pode também contribuir para uma formação cidadã das crianças. Longe de "cansá-los", ideia recorrente em nossa população quando se trata de colocar crianças em atividades esportivas, o objetivo da prática esportiv na infância deve ser de esstimulção e formação.
Nas crianças com TDAH, sobretudo nos de apresentação predominantemente de hiperatividade, nem sempre é possível colocá-los para praticar uma atividade esportiva sem medicação. Com frequencia, estas crianças não obedecem os professores, não seguem regras e não conseguem coordenar seus movimentos, tamanha a impulsividade. Por isso mesmo, é importante ressaltar que a atividade física pode e deve ser implementada como forma de tratar os indivíduos com TDAH mas, dificilmente, substitui o uso medicação, devendo ser implementada como medida auxiliar no tratamento destes indivíduos


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Os sinais de alerta para a identificação do transtorno de déficit de atenção

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é considerado uma desordem neurobiológica que afeta entre 3 a 7% da população infantil, tanto no Brasil quanto em outros países do mundo. Hoje, estima-se que 50% a 80% das pessoas que tiveram o TDAH na infância continuam a apresentar na vida adulta, sintomas significativos associados a importantes prejuízos em diversas esferas da vida cotidiana.
O DSM-5 descreve o TDAH como um conjunto de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que se manifestam por meio de um padrão persistente e freqüente ao longo do tempo. Estes sintomas dizem respeito ao excesso de agitação, inquietação, falta de autocontrole, falar em demasia, interromper os outros, responder antes de ouvir a pergunta inteira, incapacidade para protelar respostas, como também distrair-se com facilidade, não prestar atenção à detalhes, dificuldade para memorizar compromissos, organizar e realizar tarefas e perder objetos.
Os sintomas do TDAH aparecem cedo na vida da criança, mas tornam-se mais graves a partir do ingresso desta na escola, porque durante o processo de aprendizagem escolar a criança necessita focar mais a sua atenção e permanecer sentada durante as aulas. Quando uma criança se levanta, sem permissão, é distraída ou não segue as instruções, não é só porque ela sofre de TDAH, mas porque há uma deficiência crônica complexa, envolvida em processos de autocontrole e na capacidade de inibir respostas negativas a um estímulo, mesmo que o aluno estivesse consciente das consequências, o que o predispõe a enfrentar dificuldades para fazer o que se espera dele. Estudiosos têm apontado estas dificuldades como um prejuízo nas Funções Executivas que se localizam na área Pré-Frontal do cérebro, entre as quais cita-se o déficit na inibição de respostas, atenção sustentada, memória de trabalho não verbal e verbal, planejamento, noção de tempo, regulação da emoção e na fluência verbal e não verbal.
No âmbito familiar e escolar, este transtorno é sentido como um fator que promove dificuldades no convívio e no dia a dia. Os adultos acusam a criança de “não escutar”, de não seguir regras e normas, de não conseguir completar as solicitações mais simples, de reagir com agressividade e de não tolerar frustração.  O excesso de atividade motora, o alto nível de impulsividade evidenciada na antecipação das respostas e na inabilidade para esperar a sua vez, diante de um acontecimento, pode provocar, geralmente, um impacto negativo nas relações sociais e ou familiares e promover um alto nível de estresse com quem convive com a criança ou adolescente.
Por outro lado, os adultos tendem a encarar a criança com TDAH, como inoportuna, aversiva e desobediente, ou ainda, preguiçosa, mal-educada e incoveniente, e que tem muita dificuldade para se adaptar no ambiente onde convive e para corresponder às expectativas dos adultos.
As crianças com TDAH apresentam também uma frequente rotina de evitação, postergação e esquecimento das tarefas cotidianas. Os pais descrevem uma rotina familiar estressante, pois as tarefas mais simples podem se tornar uma missão quase impossível de o filho realizar, como por exemplo, tomar banho, escovar os dentes, sentar para as refeições, de se preparar para dormir, pegar no sono e fazer as tarefas de casa. Sem supervisão de um adulto, ele poderá começar outras três atividades sem terminar o que começou e, os pais ficam rapidamente desencorajados, ocupando grande parte do seu tempo de lazer com a criança, principalmente com o dever de casa, que se manifesta como uma das mais importantes incapacidades invisíveis da criança.
O ambiente escolar é uma das áreas mais comprometidas na vida do estudante com TDAH. Desta forma, professores e coordenadores são elementos chave no processo de identificação do transtorno, eles atuam como mediadores ou como um apoio para a família no sentido de indicar o estudante para uma avaliação, ocasionalmente indicando quais especialidades deverão ser consultadas.
É claro que não é responsabilidade direta da escola ou do professor realizar o diagnóstico do TDAH, mas sim identificar dificuldades e prejuízos e compartilhar estes dados com os pais, mesmo que no primeiro momento, os pais estejam defensivos e não os aceitem.
A identificação precoce do quadro determinará a extensão na qual as dificuldades de atenção e hiperatividade estão interferindo nas suas habilidades acadêmicas, afetivas e sociais, possibilitando o estabelecimento de uma proposta de prevenção de problemas, antes do seu agravamento, evitando assim a exacerbação dos sintomas, o nível grave de prejuízos e o grau de sofrimento do estudante.
O conhecimento e a postura dos professores com relação ao TDAH são cruciais, pois a equipe escolar que é avessa ao diagnóstico, quer por desconhecimento ou por razões teóricas e filosóficas, com receio de rotulação e estigmatização, e às intervenções escolares, necessárias a estes estudantes, não colaboram com o processo escolar destes alunos, colocando em risco o seu desempenho escolar, o qual se constitui em uma experiência de vida que tem um enorme impacto no emocional do estudante e da sua família.
O sistema escolar deve ter consciência de seu papel, flexibilizando suas exigências, minimizando os riscos secundários ao TDAH, como fracasso escolar, rejeição, repetência, evasão e exclusão, cujos efeitos negativos na personalidade podem ser de uma magnitude que nem sempre é avaliada e prevista por aqueles que definem e aplicam as normas escolares.
Edyleine Bellini Peroni Benczik é Psicóloga e Neuropsicóloga, Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, Mestre em Psicologia Escolar e Proprietária do Psiquê – Núcleo de Psicologia e Neuropsicologia