domingo, 17 de setembro de 2017

Entenda os tipos de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Há três tipos de TDAH: o desatento, o do tipo combinado e o hiperativo-impulsivo


O dia 19 de setembro é o dia nacional da consciência do TDAH, nos Estados Unidos, e apesar de muito ser falado sobre o tema, muitas pessoas ainda acham que a hiperatividade, a inquietude e a impulsividade ocorre em todas as crianças portadoras de TDAH (Transtorno de Déficit de atenção com hiperatividade). Há um grande equívoco nesse conceito, é o que afirma o neuropediatra do Instituto NeuroSaber Dr. Clay Brites.
Para o especialista, muitos mitos ainda persistem em torno do assunto. Segundo Brites, cerca de 30% a 40% das crianças com TDAH não são impulsivas e hiperativas. "Elas são simplesmente desatentas em excesso. Ou seja, apresentam déficit de atenção".
Segundo o neuropediatra, há três tipos de TDAH: o desatento, o do tipo combinado e o hiperativo-impulsivo. O desatento é o transtorno em que a criança é quieta, não dá trabalho na sala de aula e ainda é tímida. "O aluno introspectivo com o transtorno, não pergunta, não faz questionamentos e precisa muitas vezes do professor para estimula-lo a raciocinar, a pensar e a participar da aula".
Nos casos onde o TDAH cursa com a criança, o neuropediatra diz que é esperado esse estudante ser extremamente desatento, distraído, esquecido, não consegue terminar o que começa, além de ter baixo rendimento em várias matérias. "O quadro começa muitas vezes lá atrás, mas ninguém identifica porque essa criança é muito quieta, ela não dá trabalho na escola então ninguém encaminha para o médico".
No outro tipo combinado, Brites comenta que a criança tem tanto déficit de atenção como sinais de hiperatividade e impulsividade. Por esse motivo, ela é mais precocemente identificada e a escola encaminha geralmente mais cedo para avaliação do neurologista. "Os pais também acabam procurando equipes multidisciplinares para entender porque o filho é tão inquieto, agitado, impulsivo, não para e não aprende com os próprios erros".
Para ele, essas crianças têm muita dificuldade de aguardar a vez e de esperar. São altamente impulsivas, criam grandes problemas de relacionamento social na escola e em casa. "Uma boa porcentagem evolui para quadro opositor desafiador".
"Já o tipo hiperativo-impulsivo, trata-se de uma categoria onde somente o comportamento é afetado e não a desatenção excessiva e pode resultar em grandes prejuízos na socialização", informa.
Em todos os casos, Brites ressalta que essas crianças precisam de ajuda. Mas para isso, é fundamental conhecer o transtorno para poder identificar os tipos de TDAH. Dessa forma, professores, pais e profissionais de saúde não irão deixar passar despercebido nenhumas das condições.
"O transtorno leva a severos prejuízos a médio e longo prazo na aprendizagem escolar, na interação social e na capacidade de reagir de forma adequada, afetivamente positiva, frente a situações que envolvam frustação ou confusões sociais. Quanto mais cedo for o diagnóstico, mais fácil e rápido será o tratamento e a recuperação dessa criança", conclui.

Entenda mais sobre o transtorno e veja como ajudar o seu filho


Você já deve ter ouvido sobre ele: o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (ou simplesmente TDAH) é bastante conhecido pelas famílias – e pela ciência também! Há anos, ele vem sendo muito estudado pela psiquiatria e psicologia. Mais de 29 mil pesquisas já foram feitas sobre o assunto. A seguir, confira perguntas e respostas. 

O que é TDAH?
É um transtorno neurobiológico do desenvolvimento que leva à impulsividade, hiperatividade e falta de atenção. Todos os seres humanos presentam algum desses sintomas, mas em certas pessoas eles se combinam e se manifestam com tanta intensidade e frequência que atrapalham o desenvolvimento, prejudicam as atividades do dia a dia e levam a prejuízos nos âmbitos familiar, escolar e social – é aí que se identifica o TDAH. As crianças com esse transtorno têm menos atividade elétrica e reagem menos a certos estímulos, além de terem partes do cérebro menores que o normal. Também têm dificuldade de regular dopamina e norepinefrina, substâncias essenciais para a concentração e o controle de impulsos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é inteiramente clínico, com parâmetros bem estabelecidos, feito com base nos sintomas, isto é, sem exames laboratoriais. Não é necessário realizar ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro exame que avalie características físicas. Além do psiquiatra, outros profissionais, como psicólogos, pediatras e neurologistas especializados na doença, também podem auxiliar no processo de diagnóstico. As manifestações clínicas costumam começar antes dos 7 anos, mas se confundem com a agitação e a insubordinação compatíveis com a idade pré-escolar. A maioria das crianças abandona essas características quando cresce e é por esse motivo que o diagnóstico não pode ser fechado antes disso.

Como é o tratamento?
Casos leves de desatenção ou hiperatividade não são classificados como TDAH. Quando há um diagnóstico fechado os medicamentos de uso controlado são necessários. Se os remédios forem tomados corretamente, conforme prescrito pelo médico, raramente se associam à dependência. O tratamento pode ser interrompido rapidamente, sem problemas. Como o TDAH é uma doença que em geral se estabiliza com a chegada àidade adulta, a pessoa para de tomar remédios na grande maioria dos casos