domingo, 25 de agosto de 2013

Disgrafia: visão geral


 A disgrafia é um distúrbio de aprendizagem que afeta a escrita, ato que exige que o  indivíduo tenha um complexo conjunto de habilidades motoras e de processamento de informações. Crianças com disgrafia tem dificuldades para escrever, e podem ter problemas de ortografia, má caligrafia, dificuldade em colocar os pensamentos no papel, além de incapacidade de organizar letras, números e palavras em uma linha ou página. 

 Em geral, a disgrafia resulta em boa parte de dificuldades visuo-espaciais (problemas ao processar o que foi visto) e dificuldade de processamento de linguagem ( problemas para processar e dar sentido ao que é ouvido).
 

Sinais de disgrafia:


 Ter má caligrafia não basta para o diagnóstico. Como a disgrafia é um distúrbio de processamento, as dificuldades podem mudar ao longo da vida.

Crianças pré-escolares - alfabetização:


     Pega do lápis apertada e posição do corpo desajeitada
     Evita tarefas de escrita ou desenho
     Problemas para a formação das formas de letras
     Espaçamento inconsistente entre letras ou palavras
     Compreensão pobre de letras maiúsculas e minúsculas
     Incapacidade para escrever ou desenhar em uma linha ou dentro de margens
     Cansa rapidamente enquanto escreve


Crianças em fase escolar

     Caligrafia ilegível
     Mistura de escrita cursiva e de caixa alta
     Fala palavras em voz alta enquanto escreve
     Tão concentrada em escrever que a compreensão do que está escrito é perdida
     Problemas para pensar em palavras para escrever
     Omite ou não termina as palavras em frases




Adolescentes e adultos

     Dificuldade para organizar os pensamentos no papel
     Dificuldade em manter o controle de pensamentos escritos
     Dificuldade com estrutura de sintaxe e gramática
     Grande diferença entre idéias escritas e compreensão demonstradas através da fala




 Como ajudar?

Há muitas maneiras de ajudar uma pessoa com disgrafia a alcançar o sucesso. Geralmente as estratégias se dividem em três categorias principais:

       
1- Acomodação: oferecer alternativas para expressão escrita
       
2- Modificações: mudança de expectativas ou tarefas para minimizar ou evitar a área de fraqueza
       
3- Remediação: fornecimento de instrução para melhorar a escrita e habilidades de escritaCada tipo de estratégia deve ser considerado quando do planejamento de instrução e apoio. Uma pessoa com disgrafia se beneficiará da ajuda de especialistas e aqueles que estão mais próximos da pessoa. Encontrar o tipo mais benéfico de suporte envolve a tentativa de diferentes estratégias e troca aberta de idéias sobre o que funciona melhor entre os profissionais e familiares.
Embora os professores sejam obrigados por lei a fazer "acomodações razoáveis" para as pessoas com dificuldades de aprendizagem, eles podem não estar cientes de como ajudar. Falar com eles sobre disgrafia e explicar os desafios enfrentados pelos portadores desta dificuldade de aprendizagem também é fundamental para um melhor convivio no ambiente escolar.


Acima, posição correta ( esquerda) e posições incorretas ( meio e direita) para se segurar no lápis


Acima, outras posições incorretas

Abaixo, alguns exemplos de como ensinar pessoas com disgrafia s superar suas dificuldades com a expressão escrita.



Alfabetização

    Seja paciente e positivo, incentive a prática e louve o esforço. Tornar-se um bom escritor leva tempo e prática.
    
Utilize papel com linhas em relevo como um guia sensorial para a criança ficar dentro das linhas.
    
Experimente diferentes canetas e lápis para encontrar um que é mais confortável.
   
Pratique escrever letras e números no ar com grandes movimentos do braço para melhorar a memória motora destas formas. Pratique também letras e números menores, movendo apenas a mão ou os dedos.
    
Incentive boa aderência, postura e posicionamento do papel para escrever. É importante reforçar essa postura desde cedo, pois é difícil desaprender maus hábitos mais tarde.
    
Utilizar técnicas multi-sensoriais para aprender as letras, formas e números. Por exemplo, falando através de seqüências motoras, tais como o "b" é "pauzinho com um círculo longe do meu corpo."
   

Linhas de relevo em papel quadriculado
 

Escolares

Alguns jogos podem melhorar psicomotricidade e disgrafia
       Incentivar a prática por meio de oportunidades de menor pressão para escrita. Isso pode incluir escrever cartas ou um diário, fazer listas, ou manter o controle de times de futebol.
    
Permitir o uso de letra em caixa alta ou cursiva, o que for mais confortável.
    
Usar papel milimetrado para o cálculo de matemática para manter linhas e colunas organizadas.
    
Permitir tempo extra para tarefas de escrita.
    
Começar a escrever atribuições criativamente com o desenho, ou falar idéias em um gravador.
    
Ensinar explicitamente diferentes tipos de escrita-expositiva e ensaios pessoais, contos, poemas, etc    Pedir aos alunos para revisar o trabalho depois de um tempo, é mais fácil ver os erros depois de uma pausa.


    Ajudar os alunos a criar uma lista de verificação para a edição de trabalho ortografia, asseio, gramática, sintaxe, a progressão clara das idéias, etc
   
Reduzir a quantidade de cópias, em vez disso, se concentrar em escrever as respostas e idéias originais.
   
Dar as tarefas em pequenos passos, aos poucos, ao invés de uma só vez.
    
Encontrar meios alternativos de avaliação de conhecimentos, tais como relatórios orais ou projetos visuais.



Estratégias sensoriais: vale tudo!



Adolescentes e Adultos

Muitas dessas dicas a seguir podem ser usadas por todas as faixas etárias. Nunca é cedo ou tarde para reforçar as habilidades necessárias para ser um bom escritor.

    
Fornecer gravadores para complementar as notas escritas.
    
Criar um plano passo-a-passo que divide as tarefas escritas em pequenas tarefas .
    
Ao organizar projetos de escrita, criar uma lista de palavras-chave que serão úteis.
    
Fornecer feedback claro e construtivo sobre a qualidade do trabalho, explicando os pontos fortes e fracos do projeto, comentando sobre a estrutura e conteúdo.
    
Usar tecnologia assistiva, como software ativado por voz, se os aspectos mecânicos da escrita continuarem a ser um grande obstáculo.


 
Mãos a obra!

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

TDAH: orientações aos pais e professores




Algumas Estratégias Pedagógicas para Alunos com TDAH:
Atenção, memória sustentada:

Algumas técnicas para melhorar a atenção e memória sustentadas

1 – Quando o professor der alguma instrução, pedir ao aluno para repetir as instruções ou compartilhar com um amigo antes de começar as tarefas.
2 – Quando o aluno desempenhar a tarefa solicitada ofereça sempre um feedback positivo (reforço) através de pequenos elogios e prêmios que podem ser: estrelinhas no caderno, palavras de apoio, um aceno de mão... Os feedbacks e elogios devem acontecer SEMPRE E IMEDIATAMENTE após o aluno conseguir um bom desempenho compatível com o seu tempo e processo de aprendizagem.
3 – NÃO criticar e apontar em hipótese alguma os erros cometidos como falha no desempenho. Alunos com TDAH precisam de suporte, encorajamento, parceria e adaptações. Esses alunos DEVEM ser respeitados. Isto é um direito! A atitude positiva do professor é fator DECISIVO para a melhora do aprendizado.
4 – Na medida do possível, oferecer para o aluno e toda a turma tarefas diferenciadas. Os trabalhos em grupo e a possibilidade do aluno escolher as atividades nas quais quer participar são elementos que despertam o interesse e a motivação. É preciso ter em vista que cada aluno aprende no seu tempo e que as estratégias deverão respeitar a individualidade e especificidade de cada um.
4 – Optar por, sempre que possível, dar aulas com materiais audiovisuais, computadores, vídeos, DVD, e outros materiais diferenciados como revistas, jornais, livros, etc. A diversidade de materiais pedagógicos aumenta consideravelmente o interesse do aluno nas aulas e, portanto, melhora a atenção sustentada.
5 – Utilizar a técnica de “aprendizagem ativa” (high response strategies): trabalhos em duplas, respostas orais, possibilidade do aluno gravar as aulas e/ou trazer seus trabalhos gravados em CD ou computador para a escola.
6 – Adaptações ambientais na sala de aula: mudar as mesas e/ou cadeiras para evitar distrações. Não é indicado que alunos com TDAH sentem junto a portas, janelas e nas últimas fileiras da sala de aula. É indicado que esses alunos sentem nas primeiras fileiras, de preferência ao lado do professor para que os elementos distratores do ambiente não prejudiquem a atenção sustentada.
7 – Usar sinais visuais e orais: o professor pode combinar previamente com o aluno pequenos sinais cujo significado só o aluno e o professor compreendem. Exemplo: o professor combina com o aluno que todas as vezes que percebê-lo desatento durante as atividades, colocará levemente a mão sobre seu ombro para que ele possa retomar o foco das atividades.
8 – Usar mecanismos e/ou ferramentas para compensar as dificuldades memoriais: tabelas com datas sobre prazo de entrega dos trabalhos solicitados, usar post-it para fazer lembretes e anotações para que o aluno não esqueça o conteúdo.
9 – Etiquetar, iluminar, sublinhar e colorir as partes mais importantes de uma tarefa, texto ou prova.

Tempo e processamento das informações

1 – Usar organizadores gráficos para planejar e estruturar o trabalho escrito e facilitar a compreensão da tarefa. Clique aqui para ver um exemplo.
2 – Permitir como respostas de aprendizado apresentações orais, trabalhos manuais e outras tarefas que desenvolvam a criatividade do aluno.
3 – Encorajar o uso de computadores, gravadores, vídeos, assim como outras tecnologias que possam ajudar no aprendizado, no foco e motivação.
4 – Reduzir ao máximo o número de cópias escritas de textos. Permitir a digitação e impressão, caso seja mais produtivo para ao aluno.
5 – Respeitar um tempo mínimo de intervalo entre as tarefas. Exemplo: propor um trabalho em dupla antes de uma discussão sobre o tema com a turma inteira.
6 – Permitir ao aluno dar uma resposta oral ou gravar, caso ele tenha alguma dificuldade para escrever.
7 – Respeitar o tempo que cada aluno precisa para concluir uma atividade. Dar tempo extra nas tarefas e nas provas para que ele possa terminar no seu próprio tempo.

Organização e técnicas de estudo

1 – Dar as instruções de maneira clara e oferecer ferramentas para organização do aluno desenvolver hábitos de estudo. Incentivar o uso de agendas, calendários, post-it, blocos de anotações, lembretes sonoros do celular e uso de outras ferramentas tecnológicas que o aluno considere adequado para a sua organização.
2 – Na medida do possível, supervisionar e ajudar o aluno a organizar os seus cadernos, mesa, armário ou arquivar papéis importantes.
3 – Orientar os pais e/ou o aluno para que os cadernos e os livros sejam “encapados” com papéis de cores diferentes. Exemplo: material de matemática – vermelho, material de português – azul, e assim sucessivamente. Este procedimento ajuda na organização e memorização dos materiais.
4 – Incentivar o uso de pastas plásticas para envio de papéis e apostilas para casa e retorno para a escola. Desta forma, todo o material impresso fica condensado no mesmo lugar minimizando a eventual perda do material.
5 – Utilizar diariamente a agenda como canal de comunicação entre o professor e os pais. É extremamente importante que os pais façam observações diárias sobre o que observam no comportamento e no desempenho do filho em casa, assim como o professor poderá fazer o mesmo em relação às questões relacionadas à escola.
6 – Estruturar e apoiar a gestão do tempo nas tarefas que exigem desempenho em longo prazo. Exemplo: ao propor a realização de um trabalho de pesquisa que deverá ser entregue no prazo de 30 dias, dividir o trabalho em partes, estabelecer quais serão as etapas e monitorar se cada uma delas está sendo cumprida. Alunos com TDAH apresentam dificuldades em desempenhar tarefas em longo prazo.
7 – Ensine e dê exemplos frequentemente. Use folhas para tarefas diárias ou agendas. Ajude os pais, oriente-os como proceder e facilitar os problemas com deveres de casa. Alunos com TDAH não podem levar “toneladas” de trabalhos para fazer em casa num prazo de 24 horas.

Técnicas de aprendizado e habilidades metacognitivas

1 – Explicar de maneira clara e devagar quais são as técnicas de aprendizado que estão sendo utilizadas. Exemplo: explicar e demonstrar na prática como usar as fontes, materiais de referência, anotações, notícias de jornal, trechos de livro, etc.
2 – Definir metas claras e possíveis para que o aluno faça sua autoavaliação nas tarefas e nos projetos. Este procedimento permite que o aluno faça uma reflexão sobre o seu aprendizado e desenvolva estratégias para lidar com o seu próprio modo de aprender.
3 – Usar organizador gráfico (clique aqui para ver) para ajudar no planejamento, organização e compreensão da leitura ou escrita.

Inibição e autocontrole

1 – Buscar sempre ter uma postura pró-ativa. Antecipar as possíveis dificuldades de aprendizado que possam surgir e estruturar as soluções. Identificar no ambiente de sala de aula quais são os piores elementos distratores (situações que provocam maior desatenção) na tentativa de manter o aluno o mais distante possível deles e, consequentemente, focado o maior tempo possível na tarefa em sala de aula.
2 – Utilizar técnicas auditivas e visuais para sinalizar transições ou mudanças de atividades. Exemplo: falar em voz alta e fazer sinais com as mãos para lembrar a mudança de uma atividade para outra, ou do término da mesma.
3 – Dar frequentemente feedback (reforço) positivo. Assinale os pontos positivos e negativos de forma clara, construtiva, respeitosa. Este monitoramento é importante para o aluno com TDAH, pois permite que ele desenvolva uma percepção do seu próprio desempenho, potencial e capacidade e possa avançar motivado em busca da sua própria superação.
4 – Permitir que o aluno se levante em alguns momentos, previamente combinados entre ele e o professor. Alunos com hiperatividade necessitam de alguma atividade motora em determinados intervalos de tempo. Exemplo: pedir que vá ao quadro (lousa) apagar o que está escrito, solicitar que vá até a coordenação buscar algum material, etc., ou mesmo permitir que vá rapidamente ao banheiro ou ao corredor beber água. Este procedimento é extremamente útil para diminuir a atividade motora e, muitas vezes, é ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO para crianças muito agitadas.

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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

TDAH: como diagnosticar? ( da Revista Crescer)


TDAH: como descobrir o transtorno e lidar com o seu filho

Psiquiatra responde a dúvidas e mãe que teve o filho diagnosticado com TDAH dá seus conselhos para melhorar a rotina

Por Crescer - atualizada em 24/05/2013 19h29
tdah_menino (Foto: shutterstock)
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um problema que preocupa pais, educadores e profissionais de saúde. Nesta reportagem, o psiquiatra Paulo Mattos, um dos fundadores da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), responde a dez dúvidas de nossas leitoras. Além disso, você confere as valiosas dicas de Vivian Sampaio, uma mãe que reorganizou a rotina com o filho Thiago após o diagnóstico.
Palavra de especialista


1) Como é o diagnóstico de TDAH? É necessário algum tipo de exame, como ressonância magnética e eletroencefalograma? 
Paulo Motta: O diagnostico é inteiramente clínico, feito com base nos sintomas, da mesma maneira que outros problemas, como a síndrome do pânico e a depressão. Não é necessário exame de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro que avalie características físicas. Os pais não precisam se sentir inseguros por conta do diagnóstico ser feito sem exames, pois na psiquiatria é assim mesmo que funciona. Outros profissionais, como pediatras e neurologistas especializados na doença, também podem auxiliar no processo de diagnóstico.

2) Quando uma criança só demonstra dificuldade de se concentrar em uma situação, por exemplo, na escola, pode ser TDAH? Existem níveis diferentes da doença? Como distinguir quem tem TDAH de uma criança que é simplesmente muito ativa?

P.M.: Não, as dificuldades de atenção devem ocorrer em pelo menos duas situações diferentes para que o diagnóstico seja realmente fechado. Quando ocorrem casos como o da pergunta, o mais provável é que aquela situação específica seja um problema e é isso que deve ser investigado. Quanto aos níveis da doença, sim, o TDAH pode variar de leve a grave (de acordo com a intensidade dos sintomas). A diferença entre o transtorno e uma característica da criança recai na intensidade do comportamento, da hiperatividade e da impulsividade – é difícil e muitas vezes só um especialista poderá dizer se é algo que precisa ou não ser acompanhado e tratado.
3) Existe algum indicativo, alguma característica, que elimine a possibilidade de uma criança ter TDAH com segurança?

P.M.: Não, isso não existe pois o TDAH é algo que todos nós temos. Em medicina dividimos os problemas naqueles que são diagnósticos de categoria e de dimensão. Os primeiros são do tipo “tem” ou “não tem”, por exemplo, uma pessoa tem ou não HIV, tem ou não hepatite. Já os do segundo tipo são os que caracterizam o diabetes ou a pressão alta. Todos temos açúcar no sangue e pressão arterial, o que importa é saber se os níveis estão dentro do aceitável/normal ou não. O TDAH é desse segundo tipo: todos nós teremos sintomas de hiperatividade e de déficit de atenção, mas em algumas pessoas há uma combinação e uma intensidade nos sintomas que atrapalha seu desenvolvimento e seu dia a dia, sempre comparado aos padrões de crianças da mesma idade.
4) O TDAH pode ser decorrente de alguma alta habilidade não trabalhada ou ignorada nas crianças? Já diagnosticou alguma criança com TDAH como superdotada?

P.M.: Na verdade o TDAH não tem relação direta com nenhum outro problema. É um transtorno neurobiológico, altamente genético e pode ocorrer em qualquer tipo de criança, tanto nas com inteligência normal, como nas com inteligência abaixo do normal e também nas superdotadas. São coisas independentes e que podem ocorrer ou não ao mesmo tempo.
5) Qual é a diferença entre os medicamentos estimulantes e não estimulantes usados para o tratamento? Qual é o mais usado hoje e quais os efeitos colaterais possíveis?

P.M.: Os estimulantes (metilfenidato e anfetaminas) são a primeira escolha porque são os mais eficazes; os não estimulantes incluem alguns antidepressivos (mas não todos) e a atomoxetina. Os mais usados são os estimulantes, que podem causar, numa minoria de casos, insônia, diminuição do apetite, irritabilidade e irritação gástrica. Todos esses sintomas desaparecem geralmente após um curto tempo depois do início do tratamento.
6) É possível tratar a doença sem medicamentos, só com atividades físicas?

P.M.: Não. Casos leves de desatenção ou hiperatividade não são classificados como TDAH e quando há diagnóstico fechado os medicamentos são necessários. Atividade física não é tratamento, é muito importante para uma criança hiperativa, até para o gasto de energia, mas não tem efeito sozinha.
7) Os medicamentos podem causar dependência química? A criança vai precisar tomar por toda a vida ou eles podem ser retirados em dias que ela não precisa de concentração (como um fim de semana, por exemplo)? Ou eles funcionam como os antidepressivos, que precisam de diminuição da dosagem antes de serem retirados?

P.M.: Os medicamentos são de uso controlado exatamente porque não devem ser tomados por quem não precisa ou de maneira desregulada. Se tomados do modo como prescrito pelo médico, esses medicamentos muito raramente se associam a dependência, algo que se observa em quem não é portador de TDAH e usa os estimulantes com outros propósitos. Além disso, os estudos mostram que o tratamento diminui, e não aumenta, o risco de uso de drogas no futuro. Quanto a interrupção do tratamento, pode ser feita rapidamente e mesmo ser suspensa em um dia mais tranquilo, como fim de semana, sem problemas. Como o TDAH é uma doença que em geral se estabiliza com a chegada à idade adulta, a pessoa para de tomar remédios na grande maioria dos casos.
8) Como saber se uma menina tem TDAH, já que os meninos são diagnosticados mais facilmente por conta da hiperatividade presente nos primeiros anos de vida? Os sintomas aparecem mais tarde ou são diferentes?

P.M.: As meninas costumam apresentar mais sintomas de déficit de atenção mesmo. Por conta disso, fica mais fácil perceber depois que elas entram na escola. O grau de desatenção acaba comprometendo sua vida acadêmica, principalmente. Não é que ela não tivesse o problema antes, mas é mais difícil identificá-lo.
9) Como é a vida social da criança com TDAH? Muito prejudicada, diferente das crianças sem o problema?

P.M.: A vida social dessas crianças e adolescentes pode ser prejudicada porque eles são mais rejeitados pelos colegas por conta de suas características (os sintomas do transtorno). Quando medicados e acompanhados por profissionais, não há problema algum, já que a criança fica com comportamento igual ao das outras da mesma idade.
10) Caso não seja tratado ainda criança, o problema pode trazer consequências na vida adulta? Quais? Há alguma pesquisa específica sobre isso?

P.M.: Há inúmeras pesquisas mostrando que o TDAH está associado ao fracasso acadêmico, abandono escolar, acidentes de trânsito, uso de drogas, álcool e divórcio, entre outras situações negativas na vida adulta. Por isso, diagnóstico e tratamentos são tão importantes para seu filho ter uma vida normal.
Palavra de mãe
Planeje com antecedência e explique antes como vai ser o dia para seu filho: ele tem um tempo próprio para finalizar qualquer atividade e as surpresas ou a imprevisibilidade podem deixá-lo mais ansioso e agitado. Estime um tempo extra para prepará-lo para sair.
- Tenha sempre algo para manter seu filho entretido. Crianças com TDAH não suportam esperar.
- A impulsividade é uma característica do TDAH. Por isso, evite perguntar o porquê de alguma atitude impulsiva. Você nunca terá explicação convincente e poderá ficar mais irritada.
- Crie um sistema de ações e recompensas. Selecione cinco tarefas que você espera que a criança faça diariamente. Por exemplo: sentar à mesa para jantar e tomar banho quando chamado. Peça para seu filho listar algumas recompensas. Defina um número de pontos para cada tarefa cumprida e para cada recompensa. Quando a criança atingir o numero de pontos que corresponde a uma recompensa, dê o prêmio rapidamente.
- Elogie a criança pelo mínimo que ela fizer, valorize os pequenos sucessos. Isso ajuda a regular as emoções.
- Ajude seu filho a exercitar sua organização e gerenciamento de tempo, pois isso colabora para um melhor desempenho acadêmico a longo prazo e será essencial quando adolescentes e adultos.
- Use “por favor” e o verbo em forma imperativa para pedir algo. A instrução tem que ser clara e especifica: diga simplesmente “hora do banho” com olhos nos olhos e espere pacientemente que ela faça o que foi pedido. Lembre-se: eles precisam de comandos e constantes direções.
- Crianças com TDAH têm dificuldade de regular emoções: escondem sentimentos ou simplesmente explodem. Pergunte no final do dia, antes de dormir, se tiveram um dia bom. Com o passar do tempo seu filho vai se sentir mais a vontade para explicar o que sente.
- Coloque-o numa atividade física que promova trabalho em grupo e melhore a interação social.
- Pergunte ao seu filho como ele resolveria um problema. Esse exercício permite rever uma atitude impulsiva.
- O momento de transição de uma atividade para outra sempre causa desconforto. Siga uma preparação: se a criança está vendo televisão e é hora do banho, avise-a com cinco minutos de antecedência, depois com dois minutos. Por fim, olhe para ela e diga que a televisão será desligada e a leve para o banho. No começo será difícil, mas ela vai se acostumar com esse procedimento
Seja realista com as suas expectativas. Não espere perfeição. Espere menos frequência, menos duração e menos intensidade de uma atitude indesejável. Os sintomas de hiperatividade diminuem aos 8 anos, porém a hiperatividade interna tem grandes chances de continuar. Prepare seu filho para o futuro.
- Tenha iniciativa como pai/mãe, diminua suas reações quando ela fizer algo fora do esperado.
- Lembre-se que tratá-lo como se não tivesse TDAH será muito prejudicial para a família toda, inclusive para irmãos e para o ciúme entre eles.
- Castigo não muda comportamentos, pois não ensina uma melhor maneira de se comportar. O objetivo é educar e não punir.
- Não há nenhuma pesquisa comprovando que dieta alimentar possa tornar uma criança menos hiperativa. Se seu filho adora chocolate, não é preciso proibi-lo de comer.
- TDAH é uma doença consistentemente inconsistente. Espere dias bons e ruins e converse com o psiquiatra sobre alternativas de tratamento. Há medicamentos que podem ajudar muito
Leia muito. As informações são limitadas, principalmente em português. Indico os sites Chadd (www.chadd.org), o de Sharon Weiss (www.sharonkweiss.com) e o de Russel Barkley (www.russellbarkley.org ), todos em inglês.
- Mais importante: a criança com TDAH deve sentir que ela não é o problema. A equação é pais + filho contra o problema.

domingo, 11 de agosto de 2013

TDAH e disfunção executiva

   

 As funções executivas são um conjunto de habilidades utilizadas no dia-a-dia para planejar, executar, avaliar execução e corrigir ou manter o que está sendo realizado. Alguns exemplos  das funções executivas são organização, gerenciamento do tempo, controle das emoções e da impulsividade, estabelecimento de objetivos e planejamento.
     As funções executivas não são habilidades isoladas; muito pelo contrário, são altamente inter-relacionadas e inter-dependentes. Problemas com funções executivas – conhecidos também como Disfunções Executivas, podem ser encontrados em crianças sem qualquer outro transtorno, embora sejam muito comuns em casos de transtornos de desenvolvimento e são uma marca central do TDAH.
     O déficit de atenção é decorrente de problemas de modulação da atenção – como se sabe, pessoas com TDAH – tem distração e desatenção mas podem conseguir prestar atenção, muitas vezes de extrema intensidade, chegando a um hiperfoco. Contudo, enfrentam problemas com controle voluntário e auto-direcionado do foco. A hiperatividade representa um déficit em inibição motora, assim como a impulsividade está relacionada a uma inibição pobre dos impulsos. Enfim: por essas caracterísitcas, as diversas formas de apresentação de TDAH tem, habitualmente, disfunção executiva.



O acompanhamento de terapeuta ocupacional, psicopedagogo e psicomotricista é fundamental para estes pacientes, que melhoram, e muito, sua capacidade de planejar, organizar e realizar tarefas de vida diaria.
   Além disso, a postura dos pais em casa deve ser alterada, visando, sobretudo, a correção destas dificuldades, para a formação de um futuro adulto autônomo, independente e com capacidade de realização.
Por isso, seguem abaixo algumas dicas sobre como estimular as crianças com TDAH e disfunção executiva:

Valorize o esforço do seu filho

Valorizar uma crinça pelos resultados (notas, por exemplo) ou por habilidades inatas ( como é inteligente) forma crianças avessas ao esforço e ao risco, que desistem facilmente, e param tudo no meio do processo. Estimule sempre o esforço e o planejamento, de modo a mostrar para a criança que ela pode controlar o processo, mas nunca os resultados.



Seja sempre específico

Ao invés de dizer "você é bom em matemática", o melhor a fazer é dizer " parabéns pelos cálculos, você deve ter  esforçado muito!"

Estimule a criança a rever os trabalhos e achar erros
Use frases com: achou um erro? Ótimo? Agora é só corrigir.


Seja sincero


Mesmo as crianças menores sabem quando os adultos estão sendo sinceros. Se elas são premiadas sem merecerem, chegam rapidamente a duas conclusões: 1- não posso a reeditar nele e 2- eu devo ser uma lástima se você está me elogiando por isso.

Não exagere

Crianças também não respondem bem a elogios excessivos. Faça-o de forma freqüente, mas elogie sempre.





Seja equilibradoEvite excessos, mas a falta também é danosa. Isso vale para tudo, especialmente para o comportamento dos pais! Nada de um bonzinho e um bravo, ou um que se preocupa com tudo e o outro com nada. E principalmente: nada de um proíbe e o outro autoriza. 
Por fim, ressaltamos que a melhor forma de estimular uma criança é expor a ele expectativas claras, consistentes e reais, com consequencias anunciadas com antecedência, sem improvisos. As crianças tem que ser estimuladas a direcionar sua energia para estas atividades e seus pais tem que repetir de forma calma e firme incontáveis vezes tudo o que querem que seja feito.