Retirado de: https://vidasaudavel.gazetaesportiva.com/alimentacao/o-que-pode-desencadear-crises-epilepticas/
A
epilepsia é uma doença crônica, caracterizada pela presença de crises
epilepticas repetidas. Uma crise epiléptica, é uma alteração temporária e
reversível do funcionamento do cérebro, que pode ocorrer sem motivo aparente ou
causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou
minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar
restritos a esse local ou espalhar-se.
Se ficarem restritos, a crise será
chamada focal; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada.Dentre
as crises generalizadas, existem as crises mioclônicas, as de ausência e as
convulsões ( crises tonico-clonico generalizadas, um tipo de crise epiléptica
com maior numero de fenomenos motores). Por isso, algumas pessoas podem
ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o
problema tenha menor gravidade se a crise for menos aparente.
Existem
alguns fatores externos capazes de desencadear crises epilépticas,
influenciando diretamente em sua frequência. O problema é que muitas pessoas
desconhecem esses fatores e, por isso, não são capazes de se prevenir.
A respeito disso, ressalta-se que
estes fatores desencadeantes de crises epilépticas são sempre dependentes
da idade. Por exemplo, em crianças de até 6 anos, destacam-se as crises febris,
que ocorrem principalmente com a elevação súbita da temperatura. Já na
adolescência, as crises generalizadas (como ausências, mioclonias e convulsões)
começam a aparecer e tendem a se manifestar pela manhã, até duas horas após o
despertar, ou no momento de cansaço excessivo, quando acontece o relaxamento do
final do dia.
Já na vida
adulta, as crises podem acontecer mais comumente durante o sono, principalmente
as crises focais, que comprometem áreas mais restritas do cérebro. Além disso,
privação de sono, ingestão alcoólica, estresse, hábitos de vida não saudáveis,
como sedentarismo e consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, processos
infecciosos, menstruação, desidratação e uso de alguns medicamentos como
antidepressivos em doses elevadas (ou a retirada deles) também podem aumentar a
frequência de crises.
Ao entender
o que pode influenciar a ocorrência de crises, a pessoa com epilepsia deve se
policiar para evitar maus hábitos e situações frequentes no dia a dia, como
dormir poucas horas por noite, alimentar-se mal e passar por momentos de
estresse.
Importante
lembrar que, entre aquelas que fazem uso de medicamentos para a prevenção de
crises, a perda de uma dose é
um fator desencadeante muito comum. Então,
nesses casos, é importante que haja um cuidado para não esquecer de tomar o
remédio nos momentos certos. Familiares e pessoas próximas tem um papel
importante no auxílio e apoio aos pacientes nessas situações.
A
identificação de fatores desencadeantes e consciência sobre essas questões é
parte integral do tratamento. Muitas vezes, apenas o uso adequado dos fármacos,
responsáveis pelo controle das crises, é insuficiente. Para quem tem epilepsia,
evitar os fatores externos pode ser igualmente importante para a estabilidade
do quadro clínico.
Por fim,
uma informação curiosa: há poucos dados na literatura sobre as relações entre
as causas que envolvem o ambiente, em relação ao estresse, depressão e
ansiedade, quando se fala em epilepsia. Porém, uma recente pesquisa, realizada
no Norte de Manhattan e no Harlem, mostrou que fatores estressantes, como
dificuldade de integração social, depressão e transtorno de ansiedade
generalizada, aumentavam o risco de repetição de crises em duas a três vezes.
Esses números corroboram a importância do acompanhamento psicológico,
representado, por exemplo, por meio da terapia de relaxamento, terapia
cognitivo-comportamental (abordagem mais específica, breve e focada no problema
atualda pessoa com epilepsia), biofeedback (técnica que ensina a prestar
atenção no funcionamento do corpo) e educação sobre a doença
É essencial
que as pessoas que estão por perto, como os cuidadores, familiares e
conhecidos, não excluam a pessoa com epilepsia e convivam com ela com
naturalidade. A inclusão social é importante para que ela saiba lidar melhor
com a própria doença e não se sinta sozinha em sua jornada.