domingo, 2 de julho de 2017

O que desencadeia crises de epilepsia?


A epilepsia é uma doença crônica, caracterizada pela presença de crises epilepticas repetidas. Uma crise epiléptica, é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que pode ocorrer sem motivo aparente ou causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. 


Se ficarem restritos, a crise será chamada focal; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada.Dentre as crises generalizadas, existem as crises mioclônicas, as de ausência e as convulsões ( crises tonico-clonico generalizadas, um tipo de crise epiléptica com maior numero de fenomenos motores).  Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menor gravidade se a crise for menos aparente.
Existem alguns fatores externos capazes de desencadear crises epilépticas, influenciando diretamente em sua frequência. O problema é que muitas pessoas desconhecem esses fatores e, por isso, não são capazes de se prevenir. 




A respeito disso, ressalta-se que estes fatores desencadeantes de crises epilépticas são sempre dependentes da idade. Por exemplo, em crianças de até 6 anos, destacam-se as crises febris, que ocorrem principalmente com a elevação súbita da temperatura. Já na adolescência, as crises generalizadas (como ausências, mioclonias e convulsões) começam a aparecer e tendem a se manifestar pela manhã, até duas horas após o despertar, ou no momento de cansaço excessivo, quando acontece o relaxamento do final do dia.
Já na vida adulta, as crises podem acontecer mais comumente durante o sono, principalmente as crises focais, que comprometem áreas mais restritas do cérebro. Além disso, privação de sono, ingestão alcoólica, estresse, hábitos de vida não saudáveis, como sedentarismo e consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, processos infecciosos, menstruação, desidratação e uso de alguns medicamentos como antidepressivos em doses elevadas (ou a retirada deles) também podem aumentar a frequência de crises.
Ao entender o que pode influenciar a ocorrência de crises, a pessoa com epilepsia deve se policiar para evitar maus hábitos e situações frequentes no dia a dia, como dormir poucas horas por noite, alimentar-se mal e passar por momentos de estresse.
Importante lembrar que, entre aquelas que fazem uso de medicamentos para a prevenção de crises, a perda de uma dose é um fator desencadeante muito comum. Então, nesses casos, é importante que haja um cuidado para não esquecer de tomar o remédio nos momentos certos. Familiares e pessoas próximas tem um papel importante no auxílio e apoio aos pacientes nessas situações.
A identificação de fatores desencadeantes e consciência sobre essas questões é parte integral do tratamento. Muitas vezes, apenas o uso adequado dos fármacos, responsáveis pelo controle das crises, é insuficiente. Para quem tem epilepsia, evitar os fatores externos pode ser igualmente importante para a estabilidade do quadro clínico.
Por fim, uma informação curiosa: há poucos dados na literatura sobre as relações entre as causas que envolvem o ambiente, em relação ao estresse, depressão e ansiedade, quando se fala em epilepsia. Porém, uma recente pesquisa, realizada no Norte de Manhattan e no Harlem, mostrou que fatores estressantes, como dificuldade de integração social, depressão e transtorno de ansiedade generalizada, aumentavam o risco de repetição de crises em duas a três vezes. Esses números corroboram a importância do acompanhamento psicológico, representado, por exemplo, por meio da terapia de relaxamento, terapia cognitivo-comportamental (abordagem mais específica, breve e focada no problema atualda pessoa com epilepsia), biofeedback (técnica que ensina a prestar atenção no funcionamento do corpo) e educação sobre a doença
É essencial que as pessoas que estão por perto, como os cuidadores, familiares e conhecidos, não excluam a pessoa com epilepsia e convivam com ela com naturalidade. A inclusão social é importante para que ela saiba lidar melhor com a própria doença e não se sinta sozinha em sua jornada.