terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dúvidas sobre epilepsia




Na convivência diária com crianças com epilepsia, percebo que o maior problema enfrentado pelos familiares é a falta de informações de qualidade. Inúmeras crenças a respeito da doença ainda estão presentes em nossa sociedade, e impedem estas crianças de seguirem com uma vida normal. A seguir, algumas das dúvidas mais freqüentes que ouço todos os dias:

O que causa epilepsia?

A epilepsia tem várias causas possíveis - desde doenças que geram acometimento cerebral até desenvolvimento cerebral anormal. Mais comumente, a epilepsia também pode desenvolver-se sem uma causa bem definida quando, acredita-se, seja de origem genética (embora nem sempre herdada dos pais).


Como se trata epilepsia?

Assim que a epilepsia é diagnosticada, é importante começar o tratamento o mais rápido possível. Há diferentes medicamentos com poucos efeitos colaterais que podem ser úteis em cada caso. Há também procedimentos cirúrgicos e dietéticos disponíveis para tratamento de formas refratárias aos medicamentos em situações específicas


Qual é o prognóstico?

A maioria das crianças com epilepsia leva uma vida normal. Ainda que a epilepsia atualmente não tenha cura definitiva, em algumas crianças ela desaparece com o passar do tempo. E a maioria das crises epiléticas não gera lesão cerebral.
Meu filho pode morrer durante uma crise epiléptica?
Não, é bastante raro que alguém morra durante uma crise epiléptica. A maior parte dos óbitos ocorre por eventos relacionados indiretamente a crises ( quedas e afogamentos, por exemplo). É claro que crises epilépticas muito prolongadas, em especial as com duração superior a 30 minutos, podem provocar danos cerebrais graves e irreversíveis, mas mesmo nestes casos é pouco freqüente que cheguem a provocar a morte.


Durante a crise eu devo “ desenrolar a língua” da criança?

Este é um dos principais mitos relacionados à epilepsia. A musculatura da língua pode se contrair durante uma crise dando a impressão de que a criança está “engolindo a língua”. Contudo, a criança não se asfixiará devido a essa contração e é absolutamente contra-indicado se puxar a língua de alguém para fora durante uma crise, bem como não se deve jamais introduzir qualquer objeto e nem água na boca do paciente neste momento.


Meu filho tem epilepsia ou disritmia cerebral?

O termo disritmia cerebral foi introduzido no início do século passado como sinônimo de epilepsia, com o objetivo de se evitar o uso do termo “epilepsia”, pois naquela época esta era considerada uma doença ainda mais estigmatizante. Contudo, com o passar dos anos o termo “disritmia cerebral” foi se descaracterizando e passou a ser utilizado para outras doenças que não a epilepsia. Atualmente, não utilizamos mais o termo.


Meu filho epiléptico pode fazer exercícios?

Sim, pessoas portadoras de epilepsia com suas crises controladas podem realizar exercícios físicos. Entretanto, esportes mais radicais que envolvem altura (asa delta, montanhismo, pára-quedismo) e esportes aquáticos em ambientes abertos (rios, lagos, mar) devem ser evitados. Aulas de natação em piscina sob a supervisão de alguém apto a socorrer se necessário estão liberadas, bem como a prática regular de atividades de educação física na esolca


Meu filho tem epilepsia. Ele vai ter algum problema mental?

Não, a epilepsia não tem necessariamente associação com baixa inteligência, problemas mentais ou psiquiátricos. É claro que algumas crianças, principalmente as que possuem doenças neurológicas mais graves como malformações cerebrais extensas, podem apresentar desordens psiquiátricas, mentais e rebaixamento intelectual associados a epilepsia. Entretanto, a regra não é essa.


Por fim, é fundamental que os pais de crianças com epilepsia informem-se ao máximo a respeito do tipo de epilepsia que ela possui. A informação melhora o entendimento da doença, facilia o tratamento das crianças e diminui o preconceito ainda tão presente em nossa sociedade.

Leia mais aqui:
http://www.epilepsia.org.br/epi2002/mitos_indice.asp