terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cabeça nas nuvens ...

Revista mente e cérebro: "O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade não termina na infância. Ao contrário do que se supunha há alguns anos, pode prosseguir pela adolescência e chegar à idade adulta"




O tratamento, porém, do TDA/H reduz as possibilidades de abuso/dependência de drogas à metade, ou seja, para o mesmo nível da população geral. O diagnóstico de TDA/H em adolescentes e adultos requer cuidadosa análise da história clínica, obtida por intermédio do relato do paciente acerca de seus sintomas e do impacto deles em sua vida. Em geral, do ponto de vista psiquiátrico, buscam-se informações sobre o início do transtorno na infância, sobre a persistência ao longo da vida e a ocorrência atual dos sintomas, considerando a adaptação dos critérios da quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da Associação Psiquiátrica Americana (APA), para a vida adulta.

FATORES DE RISCO
Escalas de avaliação para adultos têm sido adaptadas no Brasil por pesquisadores sob recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), caso de Paulo Mattos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que tem se dedicado ao estudo e tratamento do TDA/H em adolescentes e adultos. Fatores de risco e de proteção devem ser examinados com cuidado, como os psicossociais, cognitivos, educacionais e familiares. É preciso levar em conta também a possibilidade de outros diagnósticos psiquiátricos concomitantes, visto que é freqüente a presença de diversas patologias psiquiátricas comórbidas ao TDA/H, como transtornos de conduta, do humor e de ansiedade.

No que se refere ao tratamento, nos últimos dez a 20 anos houve aumento no uso de fármacos, sobretudo de estimulantes, com orientação da Academia Americana de Psiquiatria Infantil e do Adolescente para um monitoramento sistemático dos efeitos da medicação no comportamento. Mais recentemente, os estudos têm enfocado a eficácia de terapias medicamentosas e não-medicamentosas.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido a principal modalidade não-medicamentosa citada na literatura internacional, pois atua nos principais déficits comportamentais do portador de TDA/H, como os de comportamento inibitório, de auto-regulação da motivação, de organização e planejamento, além de direcionar o paciente a um objetivo.

Mas isso deve ocorrer concomitantemente a mudanças ambientais. A orientação à família e seu engajamento no tratamento de TDA/H, em especial no caso de crianças e adolescentes, auxiliam no entendimento de que não se trata de rebeldia ou preguiça. É fundamental explicar para os pais as multifacetadas razões pelas quais o filho tem determinados comportamentos e sintomas, e encorajá-los a participar da intervenção possibilita o aumento da aderência ao tratamento.


Além de desatenção, hiperatividade e impulsividade – consideradas os principais sintomas –, outra manifestação comum é a pouca coordenação motora, a ponto de, muitas vezes, os pais rotularem os filhos de desajeitados ou desastrados.

Em geral, as crianças com o distúrbio apresentam tendência de movimentação constante: agitam as mãos ou os pés, remexem-se na cadeira, abandonam seu lugar para correr ou escalar (muros, móveis etc.), sobretudo em situações em que isso é inapropriado. Falam demais ou têm dificuldade de brincar e permanecer em silêncio durante determinadas atividades de lazer que requerem esse comportamento.

Entre os sinais de desatenção estão os problemas para se fixar em detalhes ou a propensão a erros por descuido em atividades intelectuais. Esses meninos e meninas não conseguem acompanhar instruções longas e/ou terminar os deveres escolares ou domésticos nem organizar as tarefas; relutam em envolver-se em atividades que exijam esforço mental por longo período (como ler textos extensos ou livros sem gravuras) ou as evitam; distraem-se facilmente com estímulos alheios às tarefas ou atividades diárias que estão executando, muitas vezes chegando a esquecer-se delas.

A desatenção leva à distração, ao “sonhar acordado” e à dificuldade de persistir em uma única tarefa por um período mais prolongado. Como a atenção é desviada de um estímulo a outro, com freqüência os pais e os professores dizem que esses jovens agem como se não ouvissem ou como se vivessem com a cabeça nas nuvens. (...)

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