segunda-feira, 29 de maio de 2017

"Convulsão em crianças": entendendo a epilepsia na infância

As epilepsias são síndromes neurológicas caracterizadas pela presença de crises epilépticas repetidas e suas repercussões sociais, familiares, cognitivas e emocionais. Por diferenets motivos, desde causas genéticas a presença de cicatrizes cerebrais, um grupo de neurônios começa a emitir de forma sincrônica uma série de descargas elétricas, que gera diferentes manifestações corporais e sensações, em geral ocorrendo simultaneamente a perda de consciencia. A maioria das epilepsias ocorre na infância e adolescencia, em geral sem grandes sequelas para os pacientes - que levam vida normal - e sem maiores problemas intelectuais, sociais ou de desenvolvimento. Além disso, a maior parte das epilepsias infantis tem bom resultado com o tratamento, e as crianças costumam ficar sem crises e livres dos medicamentos antes da vida adulta.
Retirado de: http://www.avidaquer.com.br/conviva-com-epilepsia/

Identificando uma crise epiléptica

Os pais e médicos generalistas tem muitas dificuldades em identificar e classificar corretamente crises epilépticas. Em alguns casos, mesmo o neurologista não consegue identificar com precisão que sintoams são aqueles. Por isso, é fundamental que os pais filmem os eventos e movimentos anormais apresentados,apesar das dificuldades e do desespero da maioria, no momento dos eventos.
Além disso a identificação de um fator causador como febre (temperatura axilar acima de 37,8 graus, medida ANTES da crise), sonolência, cansaço, ocorrencia durante pratica esportiva ou em frente a jogos eletrônicos), ajuda bastante na classificação das epilepsias. Apenas como registro, ressaltamos que convulsões febris, de ocorrência entre 6 meses e 5 anos, tem evolução própria, benigna, e não se enquadra no perfil das epilepsias.
Algumas manifestações que podem ser de crises epilépticas:
1- A criança perde o contato com o mundo, desconecta da realidade ou apresenta ausências breves.
2- Apresenta contrações musculares fortes, com sacudidas dos músculos.
3- Apresenta sudorese excessiva, urina ou defeca na roupa durante o evento, movimentos de piscadas, contrações faciais ou mastigatórios.

Diagnóstico e tratamento da epilepsia na infância

Na grande maioria dos casos de epilepsias na infância, as crises epiléticas desaparecem com o amadurecimento cerebral e com o passar dos tempos. Contudo, quanto mais crises o indivíduo tem, mais frequentes e intensas se tornam as crises. E mais difícil se torna seu controle com medicamentos.
Caso uma criança tenha qualquer manifestação de possível crise epiléptica, deve ser imediatamente levada ao Pronto Atendimento. Lá serão investigadas possíveis causas para a crise, que necessitem de intervenção médica urgente e, na ausência disso, a criança será encmainhada para avaliação ambulatorial. A realização de exames de imagem ou eletroencefalograma, em geral, deve ser feita ambulatorialmente. Estes exames não dão o diagnóstico de epilepsia, e apenas ajudam na classificação do tipo de epilepsia ( com frequencia os exames não mostram anormalidades).
As epilepsias atualmente têm inúmeros meios de tratamento e os novos remédios controlam as crise sem gerar efeitos colaterais ou afetar a qualidade de vida das crianças. Em casos raros, em que não ocorra controle das crises com medicamentos, utilizamos tratamentos diferentes, como cirurgias, dieta cetogênica, uso de estimulador vagal, dentre outros. Os medicamentos a base de Cannabis, tão discutidos nos últimos anos no Brasil, tem pouquissima utilidade na prática clínica, são pouco estudados e usados em casos pontuais, excepcionalmente, como ultima medida. 

Curiosidades sobre as epilepsias:
1- As epilepsias não são sempre genéticas.
2- Há vários tipos de crises epilépticas
3- A epilepsia não é uma doença mental, nem contagiosa.
4- 80 por centro das crises controlam-se com medicação antiepiléptica
5- Para a maior parte das pessoas com epilepsia, as consequencias psicologicas, emocionais e de aprendizagem são mais importantes que as crises em si.
6- 30% da população terá uma crise epiléptica em algum momento da vida. Mas apenas 1% da população tem epilepsia.
7- Durante uma crise epiléptica, o importante é proteger bem a cabeça da criança e evitar que ela se asfixie com o seu próprio vômito, posicionando seu corpo e sua cabeça de lado. Nada de enfiar a mão na boca para desenrolar a lingua!!! Além do perigo de cortar o dedo, essa manobra é inutil: a lingua se desenrola sozinha depois de alguns segundos de crise.
8- A epilepsia é mais comum em crianças, adolescentes e idosos.

Impedir que o paciente engula a própria língua durante uma crise é um mito. O correto é virar o paciente de lado, protegê-lo, deixar que a saliva escorra e aguardar calmamente que a crise acabe