As alterações de crescimento e de formato do perímetro cefálico são muito comuns no primeiro ano de vida, e trazem muitas preocupações para pais e pediatras. Contudo, a cabeça "amassada", torta ou assimetrica pode existir nos primeiros meses de vida, tanto pela posição do feto na barriga/útero da mãe quanto pela passagem do bebê no canal vaginal - por isso essas alterações são mais comuns em bebês nascidos de parto vaginal. Como os ossos cranianos não estão grudados, fundidos, ainda, pode haver uma modificação temporária no formato da cabeça, quando submetida a pressões assimétricas. Contudo, com o tempo, ocorre um remodelamento natural do formato do cranio.
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A passagem pelo canal vaginal por deformar um pouco o cranio do bebê, sem maiores riscos |
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Assimetrias cranianas e sinais de traumatismo no parto: Bossa (caput succedaneum) serossanguínea a bossa é uma tumefacção (inchaço) na zona de apresentação da cabeça ao nascimento, por edema do couro cabeludo, que pode estender-se sobre as suturas (união dos ossos cranianos). Habitualmente, desaparece nos primeiros dias de vida e não precisa de nenhum tratamento. Quando são bossas grandes, pode surgir icterícia com necessidade de fototerapia ("luzes"). O cefalohematoma é uma hemorragia limitada à superfície de um osso craniano (habitualmente o parietal), muitas vezes só notada algumas horas após o nascimento e que não passa as linhas de sutura. Por vezes, pode haver uma pequena fratura associada. Normalmente, não é necessário qualquer tratamento (pode surgir icterícia) e a maioria dos cefalohematomas é reabsorvida entre a 2ª semana e o 3º mês de vida, conforme o tamanho. Só em situações raras há complicações graves associadas. A craniossinostose é decorrente do fechamento precoce das suturas dos ossos dos bebês, o que impede o crescimento do cérebro e pode gerar retardo mental futuro. Hemorragias subconjuntivais e retinianas: devido ao aumento súbito da pressão dentro do tórax do recém-nascido, podem surgir pequenas hemorragias no rosto e no pescoço, assim como nos olhos (subconjuntivais e retinianas), que não necessitam de tratamento e são temporárias. |
Além disso, é comum que ocorra um crescimento assimetrico do cranio em crianças que ficam muito tempo deitas na cama ou no carrinho de bebê, na mesma posição, gerndo uma pressão maior de um lado que em outro, e crescimento irregular do cranio, chamado de plagiocefalia posicional. Para evitar isso, o indicado é sempre revezar o lado em que o bebê ficará deitado, inclusive avaliando se há algo no berço ou ao redor que chame a atenção dele para um lado só.
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Esquema de como se desenvolve a plagiocefalia posicional |
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Plagiocefalia posicional: foto retirada da web |
Até 15% das crianças nascem com algum tipo de assimetria na cabeça. Porém, a imensa minoria necessita de uma intervenção cirúrgica por fusão precoce dos ossos (cranioestenose ou craniossinostose), condição que pode impedir o crescimento adequado do cérebro e gerar atraso do desenvolvimento e retardo mental irreversível.
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Como avaliar o crânio de seu filho. Retirado de https://noticias.uol.com.br/saude/album/14122011plagiocefalia_album.htm#fotoNav=1 |
Por fim, é fundamental lembrar que a avaliação pediátrica frequente, em que existe análise do desenvolvimento e medidas periódicas da cabeça, são o melhor meio de avaliar e prevenir qualquer problema neurológico e craniano das crianças. Seu pediatra irá sempre monitorar isso, tirar suas dúvidas e encaminhá-lo ao neuropediatra caso seja necessária uma avaliação mais aprofundada.
Avalição pediátrica de rotina: a melhor forma de prevenção
Foto retirada do site do dr Ulysses Fagundes ---> http://www.igastroped.com.br/o-instituto/equipe/prof-dr-ulysses-fagundes-neto/minha-historia/capitulo-13/