domingo, 14 de maio de 2017

Mitos e verdades sobre epilepsia

Trinta por cento da população terá uma crise epiléptica em algum momento da vida. Porém, as epilepsias são um distúrbio neurológico que acomete 1% da população. Caracterizam-se pela presença de duas ou mais crises epilépticas ou, ainda, uma crise epiléptica em um indivíduo com grande predisposição de ter a segunda crise ( probabilidade avaliada pelo neurologista), e suas repercussões emocionais, sociais e cognitivas. Em um grande numero de casos a epilepsia é genética, embora nem sempre herdada da família da mãe e do pai, e cerca de 80% das epilepsias tem início ainda na infância. Seu diagnóstico é clínico, e deverá ser dado por um neurologista. Os exames complementares (tomografia, ressonância, eletroencefalograma, dentre outros) não dão o diagnóstico da doença, mas ajudam a classificar o tipo de epilepsia do indivíduo, o que ajuda no tratamento e nos dá a evolução do quadro e o prognóstico.
Abaixo, o blog responde sobre alguns mitos e verdades sobre epilepsia.


1- O único sintoma de uma epilepsia são as crises epilépticas. MITO!
Há vários tipos de crises epilépticas e vários sintomas que podem aparecer antes, após e durante as crises. Muitos pacientes apresentam tonturas ou dores de cabeças frequentes antes de terem as crises epilépticas. Antes das crises, muitos sentem formigamentos, mal-estar na boca do estômago ou sensações ruins. Após, é comum que as pessoas tenham confusão mental, sonolência, desarticlação da fala, dor de cabeça, enjôos e vômitos, dentre outros.

2- Existem dois tipos de crises da epilepsia: crises parciais (simples e complexas) e crises generalizadas. MITO!
Há diversos tipos de crises epilépticas, sobretudo na infância. Há crises de espasmos, ausências (desconexão breve, de até 20 segundos), mioclônicas ( choques), de perda de tônus ( atônicas). Há as crises tônico-clônicas generalizadas, em que as descargas elétricas anômalas acometem todo o cérebro, causando a perda de consciência e sintomas que variam de abalos de todo o corpo, postura tônica, e até atonia (onde há um relaxamento global de todos os músculos). Há também as crises parciais, em que apenas uma porção do cérebro é acometido, sendo que este tipo é dividido em: parciais simples, com sintomas apenas motor, visual ou de mal-estar, sem afetar a consciência; e crises parciais complexas, quando há acometimento do controle motor ou visual e também alguma alteração na consciência, mas não a sua perda, como acontece com as crises generalizadas.

3- Ao se deparar com uma pessoa tendo uma crise epiléptica, deve-se colocar a mãe na boca e segurar a língua para que ela não engasgue. MITO!
A recomendação é proteger a cabeça destes indivíduos, afastá-lo de objetos e móveis que possam machucá-lo e deixá-lo se debater livremente até que a crise passe. Não se deve NUNCA colocar a mão ou o dedo na boca do paciente e, como há salivação intensa, deve-se manter o corpo de lado para evitar que o paciente se sufoque com a própria saliva. 



4- O tratamento da epilepsia pode ser medicamentoso ou cirúrgico. VERDADE!
O tratamento convencional para a epilepsia é por via medicamentosa, com uso das chamadas drogas antiepilépticas (DAE), eficazes em cerca de 70% dos casos (há controle das crises) e com poucos efeitos colaterais. Quando não houver controle destes sintomas, outros tratamentos possíveis são a dieta cetogênica, a cirurgia e a estimulação do nervo vago. No entanto, apenas o neurologista, analisando o caso, poderá indicar o tratamento apropriado para o paciente.

5- Paciente de epilepsia não consegue levar uma vida normal, devido às crises da doença. MITO!
O paciente com epilepsia tem vida normal, e boa parte das crianças com epilepsia consegue retirar a medicação e ficar livre das crises antes da adolescência.Mesmo usando medicações, o portador de epilepsia, em geral, consegue estudar, trabalhar, se divertir, integrar-se socialmente, dirigir, casar e ter filhos.

6- A epilepsia não é transmitida pelo ar ou contato físico. VERDADE!
A epilepsia é um distúrbio neurológico, não sendo transmitida pelo contato físico ou pelo ar.

7- Informação e conscientização ajudam a diminuir preconceitos em relação à doença e seus portadores. VERDADE!
Infelizmente, a epilepsia ainda gera muitos mitos e dúvidas entre a população, chegando também a atos de preconceitos que poderiam ser evitados pela informação e conhecimento da doença.

8- A epilepsia é mais prevalente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. VERDADE!
A subnutrição da mulher e a não realização do pré-natal, realidades muito frequentes ainda em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, podem desencadear o surgimento da epilepsia na criança. Condições inadequadas de higiene podem facilitar infecções durante o pré-natal, e ser uma atenuante no desenvolvimento do cérebro do bebê. Por isso, vale lembrar que a ocorrência da epilepsia regiões subdesenvolvidas e/ou em desenvolvimento sugere que a falta de higiene pode ser uma causa peculiar da epilepsia.
9- Diversas personalidades importantes da história da arte, música e literatura tiveram epilepsia e eram verdadeiros gênios, reforçando que a epilepsia não impede que a pessoa portadora da doença leve uma vida normal. VERDADE!
Apesar do estigma, os pacientes com epilepsia têm uma vida ativa, como tiveram Vincent van Gogh, Fiódor Dostoiévski e Machado de Assis, grandes nomes da artes e literatura que eram portadores da doença