segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Mitos e verdades sobre epilepsia

A equipe do Notícias ao Minuto publicou uma reportagem que vale a pena ler, reproduzida abaixo, esclarecendo 10 mitos e verdades sobre a epilepsia.
Se quiser acessar o texto original, no site, clique aqui




A epilepsia é um distúrbio neurológico, que acomete 1 a cada 100 indivíduos. Em 50% dos casos, a causa é desconhecida e 75% têm início ainda na infância. A doença ainda gera muitas dúvidas entre a população, inclusive pacientes e seus familiares.
Visando, então, desmitificar a doença, o neurocirurgião especialista em epilepsia pela UNIFESP Dr. Luiz Daniel Cetl listou alguns mitos e verdade sobre ela.
1- A crise epiléptica é o único sintoma da epilepsia.
MITO. A crise epiléptica ocorre quando o indivíduo perde a consciência e cai no chão, apresentando contrações musculares em todo o corpo. Mas os sintomas da epilepsia vão depender da localização do foco epiléptico, ou seja, de onde se originam as crises. Se, por exemplo, estiver próximo à área motora, provavelmente o sintoma será ilustrado pelo abalo do membro que essa região coordena. Se relacionada à área visual, poderá ser caracterizado pela alteração da visualização de cores. Existem outros sintomas, muitos até despercebidos por seus portadores e pessoas próximas a eles. Muitos pacientes sentem apenas um mal-estar na boca do estômago, o que também pode sinalizar uma crise, mas, justamente por ser desconhecido e mais simples, este sintoma pode passar despercebido.
2- Existem dois tipos de crises da epilepsia: crises parciais (simples e complexas) e crises generalizadas.
VERDADE. Nas crises generalizadas, as descargas elétricas anômalas acometem o cérebro como um todo, causando a perda de consciência e sintomas que variam de abalos de todo o corpo, postura tônica, e até atonia (onde há um relaxamento global de todos os músculos). Nas crises parciais, apenas uma porção do cérebro é acometido, sendo que este tipo é dividido em: parciais simples, com sintomas apenas motor, visual ou de mal-estar, sem afetar a consciência; e crises parciais complexas, quando há acometimento do controle motor ou visual e também alguma alteração na consciência, mas não a sua perda, como acontece com as crises generalizadas.
3- Entre os tipos de crises, temos também a crise de ausência, a parada comportamental e, mais raro, o estado de mal epiléptico, que tem, cada uma delas, suas características específicas.
VERDADE. A crise de ausência é caracterizada pela curta duração que pode ser de décimos de segundo e pode se repetir mais de uma vez ao dia e mesmo pessoas próximas não conseguem identificá-la. A parada comportamental é caracterizada como uma crise parcial complexa e muito mais frequente, em que o paciente fica parado, com o olho arregalado, como se estivesse fora de si e, o terceiro tipo é o estado de mal epiléptico, o mais grave de todos pois há uma ativação contínua dos neurônios desfuncionantes, que emitem sinais atípicos ou irregulares, de maneira interrupta, podendo causar lesões cerebrais.
4- Ao se deparar com uma pessoa tendo uma crise epiléptica, deve-se colocar a mãe na boca e segurar a língua para que ela não engasgue.
MITO. A recomendação é que, nos casos mais graves, quando o paciente tem contrações musculares e cai no chão, o ideal é afastá-lo de objetos e móveis que possam machucá-lo, deixá-lo se debater livremente até que a crise passe. Não se deve colocar a mão ou o dedo na boca do paciente e, como há salivação intensa, manter o corpo de lado para evitar que o paciente se sufoque com a própria saliva. Em casos de crises repetitivas a emergência deve ser acionada imediatamente.
5- O tratamento da epilepsia pode ser medicamentoso ou cirúrgico.
VERDADE. O tratamento convencional para a epilepsia é por via medicamentosa, com uso das chamadas drogas antiepilépticas (DAE), eficazes em cerca de 70% dos casos (há controle das crises) e com efeitos colaterais diminutos. Quando não há controle destes sintomas, outros tratamentos possíveis são a cirurgia e a estimulação do nervo vago. No entanto, apenas um profissional, analisando o caso, poderá indicar o tratamento apropriado para o paciente.
6- Paciente de epilepsia não consegue levar uma vida normal, devido às crises da doença.
MITO. O paciente com epilepsia deve seguir com suas atividades normalmente. À exemplo de grande ícones e personalidades mundialmente conhecidas, como Vincent van Gogh, Fiódor Dostoiévski e Machado de Assis, o portador da síndrome pode e deve trabalhar, se divertir, integrar-se socialmente e, sem preconceitos, medos ou estigmas, casar e ter filhos.
7- A epilepsia não é transmitida pelo ar ou contato físico.
VERDADE. A epilepsia é um distúrbio neurológico, não sendo transmitida pelo contato físico ou pelo ar.
8- Informação e conscientização ajudam a diminuir preconceitos em relação à doença e seus portadores.
VERDADE. Infelizmente, a epilepsia ainda gera muitos mitos e dúvidas entre a população, chegando também a atos de preconceitos que poderiam ser evitados pela informação e conhecimento da doença.
9- A epilepsia é mais prevalente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
VERDADE. A subnutrição da mulher e a não realização do pré-natal, realidades muito frequentes ainda em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, podem desencadear o surgimento da epilepsia na criança. Condições inadequadas de higiene podem facilitar infecções durante o pré-natal, e ser uma atenuante no desenvolvimento do cérebro do bebê. Por isso, vale lembrar que a ocorrência da epilepsia regiões subdesenvolvidas e/ou em desenvolvimento sugere que a falta de higiene pode ser uma causa peculiar da epilepsia.
10- Diversas personalidades importantes da história da arte, música e literatura tiveram epilepsia e eram verdadeiros gênios, reforçando que a epilepsia não impede que a pessoa portadora da doença leve uma vida normal.
VERDADE. Apesar do estigma, os pacientes com epilepsia têm uma vida ativa, como tiveram Vincent van Gogh, Fiódor Dostoiévski e Machado de Assis, grandes nomes da artes e literatura que eram portadores da doença.