segunda-feira, 7 de agosto de 2017

8 Dificuldades Escolares que os Pais Precisam Prestar Atenção

Retirado do excelente portal MIDIA BAHIA


O segundo semestre do ano letivo começou. Para a maior parte dos estudantes é motivo para comemorar, rever amigos e voltar à vida normal. Porém, para algumas crianças e adolescentes estudar ou ir para a escola pode não ser tão divertido assim.
Por isso, com a ajuda da neuropsicopedagoga Viviani Zumpano e da neuropediatraDra. Karina Weinmann, preparamos uma lista de 8 sinais que podem indicar que o estudante está passando por uma alguma dificuldade que precisa ser avaliada:
  1. Notas ruins em todas as matérias: Se a criança ou adolescente era um bom aluno e de repente começa a apresentar queda do desempenho escolar em todas as matérias, é preciso ficar atento. “Os pais precisam avaliar se há problemas em casa, como divórcio, chegada de um irmão, morte de um parente, etc. Além disso, conversar sobre um possível bullying ou conflito escolar também é importante. Pensar em problemas de visão é uma boa ideia, já que quando a criança não enxerga bem isso pode levar a problemas em sua performance escolar.
  2. Notas ruins em matérias específicas: A criança é ótima em português, mas tem um desempenho ruim em matérias que envolvem cálculos ou vice-versa. Cada dificuldade pode ser um sinal dos diferentes tipos de Transtornos de Aprendizagem, como a discalculia  ou dislexia.
  3. Desatenção: A atenção é uma habilidade que se desenvolve com o tempo. Porém, se há reclamações da escola em relação a isso é bom averiguar. A falta de atenção é um dos comportamentos relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas pode também ser consequência de um sono não reparador, ansiedade, estresse ou depressão.
  4. Agressividade: Se repentinamente a criança começa a apresentar comportamentos agressivos, bater nos colegas ou até mesmo a xingá-los, é um sinal de alerta. Bullying e problemas em casa podem ser a causa, assim como o TDAH ou ainda o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).
  5. Choro excessivo: Do mesmo modo que a agressividade, o choro pode indicar que a criança está passando por problemas com colegas, professores ou até mesmo com a família.
  6. Dificuldades no relacionamento: Crianças brigam e fazem as pazes no mesmo dia e é importante deixar que resolvam suas questões sozinhas. Mas, se a criança não consegue fazer e manter amizades, os pais devem procurar ajuda especializada. A dificuldade de interação social pode ser simplesmente timidez, como também indicar algum transtorno do desenvolvimento, como o autismo.
  7. Oposição excessiva: Por natureza, as crianças costumam desafiar pais e professores. Mas, se as reações são agressivas demais, se há resistência em aceitar regras, se incomodam os demais com suas atitudes e argumentam o tempo todo com os adultos, sem reconhecer sua responsabilidade perante um mau comportamento, os pais precisam procurar ajuda, uma vez que estes sinais podem indicar a presença do Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), que costuma aparecer na idade pré-escolar, antes dos 10 anos. Vale lembrar que em 50% dos casos, o TOD e o TDAH acontecem juntos.
  8. Preguiça de estudar: Se não há nenhum explicação orgânica ou doença diagnosticada, a preguiça de estudar pode estar relacionada à falta de atribuições de responsabilidade em outros setores da vida da criança. “Atualmente, muitos pais não têm o costume de ensinar as crianças a terem tarefas e responsabilidades, como ajudar na arrumação da casa, ou organizar o próprio quarto, por exemplo. A única responsabilidade é estudar. Mas, como não aprenderam esses conceitos de deveres e direitos, alguns estudantes têm preguiça de estudar e acabam indo muito mal na escola.

O que fazer?

Se você é pai ou mãe e identificou algum sinal na lista, o ideal é procurar ajuda especializada. “Quanto mais precoce é o diagnóstico, melhor é a resposta ao tratamento. Mais importante ainda é lembrar que não adianta medicar a criança. É preciso identificar a causa e procurar resolvê-la. Quando necessário são usadas terapias como fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicoterapia e neuropsicopedagogia”, explica Dra. Karina.
“A fase escolar é um dos períodos mais marcantes na vida de uma pessoa. Por isso, precisamos estar atentos aos comportamentos das crianças e oferecer recursos que possam ser utilizados para que elas superem as dificuldades, principalmente quando o problema está mais ligado ao gerenciamento das emoções do que a alguma doença física”, conclui Viviani.

Seu filho tem transtorno de aprendizagem ou só dificuldade?

Retirado do portal midia bahia

Quando estão em período escolar, é comum algumas crianças apresentarem certas dificuldades. Mas como saber se essa complicação é ou não um transtorno? Pais e professores também se deparam com esse questionamento. Segundo especialistas, família e escola devem ficar atentos para que os pequenos não sejam vistos como preguiçosos ou desinteressados.
De acordo com o Dr. Clay Brites, neuropediatra do instituto NeuroSaber, os transtornos de aprendizagem são distúrbios de desenvolvimento que levam a uma incapacidade de aprender normalmente. Isso acontece devido a falhas no processamento cerebral da informação por meio da leitura, escrita e matemática.
“Normalmente inteligentes, estas crianças não conseguem processar informações veiculadas por símbolos gráficos ou numéricos e por meios que exigem organização sensorial ou espacial”, ressalta.
Clay explica que existem dois tipos de transtornos de aprendizagem: o não verbal e o verbal. Segundo o profissional, o não verbal está relacionado com problemas de percepção sensorial, ou seja, um bom processamento tátil. Ele comenta que a criança tem também muita dificuldade de perceber situações de orientação espacial ou com o raciocínio matemático. “Mas não nos números em si, mas em como esses números são representados no espaço.”
Sobre os transtornos verbais, o neuropediatra diz que eles são divididos de quatro formas: Dislexia, Disortografia, Discalculia e Disgrafia. Brites esclarece que a discalculia é uma desordem neurológica onde é afetada a habilidade da criança de compreender e lidar com os números e operações matemáticas. Já a disortografia é a incapacidade de seguir gramaticalmente a linguagem. “Ela se manifesta com erros de concordância e pontuação”.
Em relação à disgrafia, o neuropediatra explica que se trata da dificuldade crônica e persistente na habilidade motora e espacial da escrita. Ela é caracterizada por uma grafia sempre ruim e alterada e que gera um constante incômodo em quem escreve. “E a dislexia é caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração”.
No entanto, há outros problemas que também podem atrapalhar as crianças sem que os pais se apercebam, é o que alerta a psicopedagoga Luciana Brites, uma das fundadoras do instituto NeuroSaber.
“Antes de pensar no diagnóstico como transtorno, é importante que os filhos tenham acompanhamento médico, pois as dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas aos problemas de visão, audição, má alfabetização e até mesmo a questões afetivas dentro da família”, destaca.
Para ela, é essencial que pais observem com cautela as crianças e que os profissionais da educação possam estar capacitados. “Caso contrário, os sintomas podem ser pormenorizados ou podem banalizar tudo, achando que qualquer problema se trata de um transtorno de aprendizagem”.

CONHEÇA 10 MITOS SOBRE DOR DE CABEÇA EM CRIANÇAS

RETIRADO DO PORTAL GREEN ME:

É fácil dizer mas difícil entender. Existem muitos mitos e falsas crenças sobre as dores de cabeça, especialmente sobre aquelas que acometem crianças e adolescentes.
As dores de cabeça não são todas iguais e por isso devem ser tratadas de forma diferente. Temos que distinguir entre as cefaleias primárias e secundárias. Nas primeiras, (enxaqueca, dor de cabeça de tensão e cefaleia em salvas) a dor na cabeça é ela a própria doença, enquanto nas segundas, a dor de cabeça é um sintoma de outros problemas ou doenças.
A forma mais comum de cefaleia primária é a enxaqueca, um problema que pode ser genético pois está ligado à presença de membros da família que sofrem disso.
Na Itália, 10 em casa 100 crianças e adolescentes sofrem de algum tipo de dor de cabeça, e o Hospital Pediátrico Bambino Gesù em Roma, elaborou um manual de falsas crenças para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre esta questão. Vejamos:

1. A dor de cabeça acomete apenas adultos

Não é verdade. Crianças podem sofrer desde mal desde os seus primeiros meses de vida.

2. A dor de cabeça é apenas um fator psicológico

Embora o fator psicológico possa ser um aspecto importante a se considerar, especialmente em casos graves, a dor de cabeça está relacionada à uma predisposição constitucional especialmente nos casos da cefaleia primária.

3. Problemas de vista causam dor de cabeça

A dor de cabeça não é um sintoma direto de problemas de visão. Faz-se uma consulta oftalmológica para excluir a hipertensão intracraniana.

4. Para dores de cabeça causada pela sinusite, basta fazer inalação

Sinusite não afeta crianças menores de 8 anos de idade, porque os seus seios nasais ainda não estão bem desenvolvidos. Por isso, associar dor de cabeça em crianças pequenas à sinusite não é correto, assim como a inalação com soro fisiológico não funcionará para fazê-la passar.

5. Para tratar dor de cabeça em crianças não é necessária consulta especializada

Nem sempre uma dor de cabeça é uma coisa trivial. De fato, há casos em que elas podem ser sintomas de doenças mais graves. Não há necessidade de se assustar com um único episódio, mas se as dores forem frequentes, será necessário consultar um centro especializado, sim.

6. Resista à dor. Ela passará sozinha

Viver com dor de cabeça sem poder fazer nada? Não é assim. As dores de cabeça não tratadas podem resultar em sensibilização das áreas do cérebro que lidam com a dor. Estes podem começar a interpretar como dor, sinais de tipo indolor. O risco é um aumento na frequência dos ataques.

7. Automedicação

Nunca medique seu filho baseado em experiências pessoais, etc. O tratamento da dor deve sempre ser seguido por um médico. Errar a dosagem de analgésicos ou assumir mais de 15 doses mensais pode levar à dores de cabeça crônicas.

8. Suplementos são suficientes para tratar dores de cabeça

Embora às vezes eles são prescritos no lugar de medicamentos, de acordo com os médicos do hospital italiano,
"Não há nenhuma evidência científica sobre a eficácia dos suplementos de ervaspara o tratamento de enxaquecas. Há estudos, no entanto, que confirmam a elevada eficácia do efeito placebo em crianças. Entre as crianças com dor de cabeça, o efeito funciona em até 60% delas, uma percentagem igual à dos melhores medicamentos. O efeito placebo não significa “enganar”, mas é um mecanismo psicológico para estimular a produção de substâncias com propriedades analgésicas: as endorfinas "

9. Os analgésicos são todos iguais

Analgésicos têm efeitos diferentes dependendo do ingrediente ativo. Na Itália, e também no Brasil, o paracetamol é um dos mais comuns, no entanto, o medicamento mais utilizado para controlar as dores de cabeça, ali, é o ibuprofeno. Somente um médico poderá receitar qual é o melhor analgésico para cada caso em particular.

10. Prevenção nao existe

Falso, você pode prevenir alguns tipos de dores de cabeça. Como? A realização de uma vida regular evitando a exposição à temperaturas extremas, ao estresse, às alterações do ritmo de sono-vigília e dormir um número adequado de horas.
"Uma série de falsas crenças muitas vezes nos levam a abordar o problema de forma incorreta, com o risco de fazer da dor de cabeça um problema crônico ou medicar inútil ou erradamente a criança. Nossa tarefa é lançar luz sobre esta questão, sugerindo, em primeira instância, uma consulta ao pediatra ou médico de família. Um passo necessário para enquadrar adequadamente o problema e avaliar se é necessário fazer uma investigação mais aprofundada em um centro especializado em dor de cabeça“.

Enxaqueca infantil pode ser causada pela alimentação?

Alguns esclarecimentos dados pela dra Ana Escobar, em seu blog no portal BEM ESTAR, DO G1:



Ao final de um dia de semana cotidianamente normal, chega em casa um familiar que se diz cansado, visivelmente irritado, enjoado, com claros sinais de que não tem ânimo para fazer nada, a não ser ficar quieto em um canto, de preferência na própria cama, em silêncio, alegando muita dor de cabeça já diagnosticada como enxaqueca. Todos conhecemos alguém que já passou por isso. No entanto, quando a cena acima descrita se refere a uma criança de 6 anos, os fatos ficam mais preocupantes.

Crianças podem ter enxaqueca? Sim. A incidência de crianças que, a partir de 5 anos de idade, reclamam de constantes dores de cabeça está aumentando nos últimos tempos. Estima-se que, atualmente, 8% da população infantil tem o diagnóstico de enxaqueca.

Quais as razões para o aumento da enxaqueca infantil?

Muitas são as razões apontadas para explicar o aumento da enxaqueca entre crianças. A causa é, portanto, multifatorial.

Não há a menor dúvida de que a vida está muito mais estressante para os pequenos. A rotina das crianças é intensa, com aulas regulamentares, mais as aulas extras de esportes, inglês, música e outras tantas que os pais julgam necessárias para “preparar” os filhos para uma vida competitiva. O tempo para brincar é mais escasso. A violência urbana impede que as crianças brinquem ou gastem energia ao ar livre. Os jogos eletrônicos tomam conta do tempo livre das crianças com bastante intensidade. O período de sono fica mais curto. Como não poderia deixar de ser, a ansiedade infantil é outra situação que, paralelamente, aumenta a incidência nos dias de hoje.

A alimentação é mais “rápida”, mais “fast”. A indústria oferece uma série de opções alimentares para que as refeições sejam preparadas em menor tempo, posto que na vida acelerada não há um segundo a perder. Resultado: as crianças consomem mais alimentos que notadamente podem causar cefaleia tipo enxaqueca. São exemplos: salsichas, frituras, corantes, queijo tipo cheddar, molhos, refrigerantes tipo cola, cafeína, chocolates e tudo o que contem chocolate como iogurtes ou leites.

Por tudo isso, a enxaqueca infantil aumenta. Crianças queixam-se mais comumente de dor de cabeça, geralmente na região frontal, acompanhada de enjoo, eventualmente de vômitos, intolerância à luz e mal estar. A boa notícia é que as crises infantis em geral são mais curtas que as dos adultos. Duram no máximo algumas poucas horas.

É essencial deixar claro que a dor de cabeça recorrente em crianças merece sempre uma investigação médica mais aprofundada. Há várias patologias que necessariamente devem ser descartadas, como, por exemplo, alteração na acuidade visual, sinusiopatia ou até diagnósticos mais complexos como tumores.

Há tratamento para as crises de enxaqueca infantil. No entanto, o melhor e mais indicado é que estas crises sejam evitadas, posto que debilitam a criança e impedem que ela aproveite em plenitude sua infância. Para a profilaxia das crises, é fundamental que a família procure mudar alguns hábitos que podem desencadeá-las.

Neste sentido, um estilo de vida mais tranquilo, menos ansioso, com mais tempo para atividades lúdicas e uma a alimentação adequada e saudável podem atuar como as condutas mais relevantes no sentido de diminuir a frequência das crises. Pode parecer óbvio, mas é exatamente isso que funciona.

Cultive bons hábitos. O estilo de vida que você escolhe pode  dar mais -- ou menos -- dor de cabeça. Vale sempre.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TDAH não é desculpa para um desempenho escolar ruim

Mais que a medicação, a postura e organização são fatores decisivos no tratamento do TDAH.

“Meu filho tira notas baixas por que tem TDAH. Vamos agendar algumas aulas particulares para ajudá-lo?” Eu ouço essa frase diariamente. A questão é muito séria e os pais precisam aprofundar os debates sobre o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), popularmente chamado de DDA. É preciso entender que a frase acima pode ter efeitos colaterais para o futuro do seu filho.
A premissa é perigosa: alguns pais consideram que uma criança (ou adolescente) com laudo de TDAH automaticamente terá mal desempenho escolar. Esta presunção é equivocada, é mais uma forma de tirar a responsabilidade das costas do sujeito ativo do processo de aprendizagem (o estudante). Nenhum pai diz, mas muitos pensam: “Meu filho não tem culpa pelas notas baixas, afinal, ele tem um transtorno de atenção”. Não é bem assim.
A autora inglesa Pamela Druckerman explicou em seu livro “Bringing Up Bébé” (publicado no Brasil sob o título “Crianças Francesas Não Fazem Manha”) os motivos pelos quais os alunos matriculados em Paris apresentam índices de TDAH muito abaixo do que crianças que vão ao colégio em Washington D.C.
Druckerman vai no ponto, ela mostra que os médicos franceses buscam avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança e não apenas o cérebro dela. Avaliam o contexto social daquela criança/adolescente. Os psiquiatras, então, optam por tratar a questão com psicoterapia ou aconselhamento familiar.
Entender o conceito do transtorno de aprendizagem é fundamental para compreendermos suas implicações no dia a dia do aluno, no que podemos exigir dele e, sobretudo, no que podemos esperar dele.
Um alerta: não é porque uma criança é agitada ou não presta atenção nas coisas que ela tem TDAH. É preciso que se faça um diagnóstico profissional, multidisciplinar. Os pais precisam seguir um caminho longo para ter um diagnóstico seguro."
O que é, afinal, o TDAH? Costumo usar o seguinte conceito: é uma síndrome (conjunto de sintomas) caracterizada por distração, agitação/hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico (entre outras características) em intensidade alta, que, consequentemente, comprometem o rendimento escolar e/ou social de uma criança/adolescente.
Em entrevista à jornalista Marília Gabriela, o neuropediatra Paulo Mattos, autor do livro “No Mundo da Lua”, resumiu a questão: “São crianças que apresentam um exagero na inquietude, na desatenção e na impulsividade”. Notem: ele usa a palavra “exagero”.
Aprofundemos, o TDAH apresenta uma disfunção em áreas do córtex cerebral, conhecido como lobo pré-frontal. Quando seu funcionamento está comprometido, ocorrem dificuldades com concentração, memória, hiperatividade e impulsividade, originando os principais sintomas do transtorno.
Normalmente, em atividades como estudo, leitura ou outras que exijam concentração, o cérebro aumenta os níveis de ativação, justamente para dar conta destas atividades. Nos casos típicos de TDAH, a característica psicofisiológica mais comum é a hipofunção/hipoativação do córtex pré-frontal. Trocando em miúdos, uma quantidade significativa de neurônios pulsa mais devagar do que o esperado, especialmente quando as circunstâncias exigem maior esforço mental e, portanto, maior ativação.
Em paralelo à questão neurológica, o TDAH tem fortes componentes comportamentais. Nossa maneira de ser – tanto o funcionamento do cérebro quanto a personalidade, hábitos e preferências – é resultado de uma interação entre nossa carga genética e todas as experiências pelas quais passamos.
O cérebro se desenvolve a partir destas interações, de toda a estimulação que recebe e das aprendizagens que dela decorrem. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que o cérebro se constrói e se reconstrói ao longo da vida. A isto a ciência dá o nome de neuroplasticidade. Por isso, depende dos nossos estímulos agravarmos ou controlarmos os sintomas do TDAH.
É fundamental que os pais entendam o diagnóstico do transtorno como uma característica a mais do filho, que a criança/adolescente terá de se esforçar mais, mas que não tratem o mau desempenho do estudante como algo inerente e automático."
A neuropsicóloga Suzana Myrian Gonçalves explica que muito da melhoria do desempenho escolar das crianças depende da adaptação da família. “Os pais precisam mudar a rotina quando têm uma criança com laudo de TDAH. Se a família for disfuncional, as dificuldades do filho se agravam. Por outro lado, se os pais são atenciosos, têm tempo de estudar com a criança, conseguem sentar e comer com ela, a melhoria do desempenho aparece. Às vezes, os sintomas até são dissolvidos por esta rotina funcional”, ensina.
Estes pais cobram dos seus filhos, oferecem a eles uma rotina em casa que favoreça os estudos, estabelecem combinados e têm a consciência de que eles podem obter um excelente desempenho escolar. Vão suar mais? Vão. Mas é impossível? Longe disso!
Aprofundar os estudos sobre o TDAH é fundamental não apenas para o desempenho escolar do seu filho hoje. É fundamental para o desempenho social e profissional do seu filho por toda a vida.

sábado, 15 de julho de 2017

Explicando mais sobre epilepsias!

A dra. Maria Luiza Manreza – Presidente da Liga Brasileira de Epilepsia, foi entrevistada pelo programa Voce Bonita da TV Gazeta, e explicou as principais causas da epilepsia, como surgem as crises epiléticas, como socorrer uma pessoa que esteja em uma crise e a iniciativa do projeto Purple Day no combate contra o preconceito. Não perca!

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Falando de Dislexia

Ler e escrever são aprendizados fundamentais para qualquer pessoa e a chave para o acesso a outros conhecimentos ao longo da vida. Entretanto, boa parte das crianças e adolescentes enfrentam dificuldades para ler e escrever. Hoje, uma das causas mais frequentes de mau desempenho nos estudos é a Dislexia, o Transtorno de Aprendizagem mais comum entre a população escolar, sendo referida uma prevalência entre 5 a 17,5 %.
1. O que é a dislexia?
A Dislexia é um Transtorno de Aprendizagem de origem neurobiológica. A condição é caracterizada pela dificuldade de reconhecimento das palavras, fluência na leitura das palavras e baixa competência em ler e escrever. Essas dificuldades são resultado de um déficit fonológico inesperado em relação à idade e a outras habilidades cognitivas. Isso quer dizer que apesar da inteligência normal (QI) e da criança estar na idade esperada para aprender a ler e a escrever, ela não consegue.

2. Qual a causa da dislexia?
Aprender a ler não é um processo natural como é o da linguagem oral, que se desenvolve por meio da interação social com os adultos ou outras crianças. Para aprender a ler é preciso ter uma boa consciência fonológica, ou seja, o conhecimento consciente de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas, as sílabas por fonemas e que os caracteres do alfabeto representam esses fonemas. A leitura fluente acontece quando todos esses processos acontecem de forma automática, sem atenção consciente ou esforço. Lembrando, portanto, que a consciência fonológica é uma habilidade adquirida.

A hipótese mais aceita hoje é que a dislexia é causada por um déficit nesse processamento fonológico devido a uma disrupção no sistema neurológico cerebral. Este déficit dificulta a discriminação e o processamento dos sons da linguagem e a consciência fonológica.

3. A dislexia é passada dos pais para os filhos?
Os estudos realizados ao longo dos anos mostraram que há um fator genético importante na dislexia. Uma mutação genética rompe alguns circuitos cerebrais envolvidos no processo de leitura e escrita, levando à dislexia. A dislexia costuma aparecer em várias pessoas de uma mesma família que compartilham essa mutação genética. Assim, podemos dizer que a doença tem carácter genético e hereditário.

4. Só é possível diagnosticar uma criança quando ela entra na fase da alfabetização?
Os especialistas afirmam que existem sinais que podem indicar dificuldades futuras. Não é preciso correr para o consultório médico, mas é importante que os pais estejam atentos e conscientes de que se a criança for diagnosticada tardiamente, os anos perdidos não podem ser recuperados. Tudo é uma questão de bom senso, mas a intervenção precoce é fundamental para ajudar as crianças com dislexia.

5. Quais são os sinais precoces da dislexia?
O atraso na aquisição da fala é o primeiro sinal de alerta. Essa dificuldade pode indicar várias outras condições, como também pode ser um indício de dislexia no futuro. A dificuldade de pronunciar palavras mais complexas, assim como a omissão ou a inversão de sons (pipocas – popicas), também indicam algum déficit de linguagem. Crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem da leitura já nos primeiros anos escolares, como falta de consciência silábica e fonêmica, dificuldade de identificar as letras e os sons correspondentes e que têm uma linguagem oral e vocabulário empobrecidos devem ser avaliadas precocemente.

6. Existe algum exame que comprove o diagnóstico da dislexia?Atualmente não existe nenhum marcador biológico que confirme o diagnóstico da dislexia, portanto nenhum exame, nem de análises clínicas, nem de imagem, é capaz de comprovar o diagnóstico. Em geral, o neuropediatra é o profissional mais indicado para diagnosticar e tratar a dislexia, juntamente com uma equipe interdisciplinar. O médico irá excluir outras causas orgânicas, irá investigar o histórico familiar, histórico clínico e todas as demais informações. Participam ainda da avaliação o fonoaudiólogo, psicopedagogo e neuropsicólogo que irão aplicar uma série de testes para ajudar na confirmação do diagnóstico do médico.

7. Existe alguma relação da dislexia com problemas visuais?
Até o momento nenhum estudo comprovou que a dislexia é causada por um problema de visão. Os erros de inversão (ver as letras ao contrário p/b), por exemplo, são erros de origem fonológica e não de origem visual.

8. É verdade quem tem dislexia também tem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?
Nem todo mundo que tem dislexia tem TDAH. Mas, o TDAH é a comorbidade mais comum associada à dislexia. Entre as doenças que se desenvolvem conjuntamente com a dislexia podemos encontrar a disgrafia, a discalculia, transtornos relacionados à coordenação motora, entre outros.

9. A dislexia afeta mais homens que mulheres?
Sim. Estudos mostram que a dislexia afeta duas vezes mais os meninos que as meninas.

10. Como é feito o tratamento?
O tratamento para a dislexia deve ser feito por uma equipe interdisciplinar, composta pelo neuropediatra, professor, psicopedagogo, psicólogo e fonoaudiólogo. A participação da família é fundamental para o sucesso da terapia. Os profissionais atuam conjuntamente e trocam informações sobre a evolução do quadro. O tratamento exige dedicação de todos os envolvidos e é de longa duração.

11. A dislexia tem cura?
Não, ainda não há cura para a dislexia. Porém, quanto antes for feito o diagnóstico e o tratamento, mais cedo a criança irá desenvolver estratégias que irão ajudar a ler e a escrever. A terapia também vai ajudar a fortalecer a autoestima e o controle emocional para enfrentar as dificuldades ao longo da vida acadêmica.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Fidget Spinner trata TDAH?



Fidget spinner: auxiliar no tratamento de TDAH ou somente um brinquedinho da moda? Para a ciência, apenas diversão.


Vários pais estão em dúvida sobre a nova moda entre a criançada: o fidget spinner. O objeto, com três ou mais pontas, colorido, brilhante, maneiríssimo, gira entre os dedos e foi lançado para ser o peão moderno. Um brinquedo simples, divertido e que substitui muito bem os videogames e tablets, pouco estimulantes para as crianças.

Em meio a essa moda, surgiu o boato de que seria uma ótima opção terapêutica para crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O que se sabe até o momento sobre o assunto é: não há nenhum estudo científico que comprove essa afirmação. Portanto, papais e mamães, sem expectativas!

Qualquer novo brinquedo ou objeto que desperte o interesse das crianças pode melhorar a atenção e reduzir temporariamente a ansiedade e a impulsividade, tanto por estimular sistemas de auto-recompensa quanto por ativação de centros de prazer cerebrais. Contudo, ele não pode ser taxado como uma alternativa para tratamento de TDAH e, pior, pode atrapalhar os estudos das crianças que não sabem a hora de usá-los.


O tratamento do TDAH segue sendo complexo e multidisciplinar, com objetivo de controlar a impulsividade e melhorar a execução e produtividade da criança, para que ela tenha uma melhor auto imagem e construa a identidade de um indivíduo bem aceito socialmente, capaz de aprender e de realizar as atividades. Para a ciência, o fidget spinner passa longe de auxiliar no tratamento de TDAH, até o momento. É apenas um brinquedinho mesmo.

"Não era amor, era cilada": além de não auxiliar no tratamento do TDAH,o fidget spinner ainda pode atrapalhar seu filho de estudar. Fique de olho!

7 explicações para a dor de cabeça do seu filho (e como solucioná-la)

Retirado da Revista Crescer. Reportagem de Luiza Tenente - atualizada em 22/08/2014 16h47

Seu filho se queixou de dor de cabeça? Saiba que 85% das crianças entre 5 e 12 anos terão cefaleia ao menos uma vez na vida. A conclusão é do neurologista da infância e adolescência Marco Antônio Arruda, que conduziu uma pesquisa em 2012 com 6 mil crianças e adolescentes dessa faixa etária, de 87 cidades e 18 estados brasileiros. Por mais que pareça um sintoma corriqueiro, é importante descobrir o que desencadeia o incômodo. São tantas causas possíveis que o diagnóstico do pediatra precisa ser feito após analisar o contexto: alimentação, sono, capacidade de visão, entre outras situações. Portanto, sempre fique atento ao comportamento do seu filho, de modo que consiga relatá-lo corretamente ao médico.

A intensidade da dor de seu filho é medida através deobservação comportamental: se ele pára de brincar, e deita, essa dor é forte.


Para saber qual a intensidade da dor de cabeça da criança, uma dica é observar se ela produz algum impacto na rotina. “Os bebês e as crianças menores ainda não saberão descrever se o incômodo está fraco ou forte. Por isso, é importante notar se eles param de brincar quando reclamam da dor. Caso interrompam a atividade, procure o pediatra”, afirma Rudimar dos Santos Riesgo, do Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O especialista explica que a dor de cabeça pode ser motivada por um ganho secundário, em alguns casos. Seu filho percebe que, quando diz que está se sentindo mal, consegue cafuné e carinho dos pais. Logo após receber atenção, já volta a se divertir. Nessa situação, suprir a carência da criança já soluciona o problema.
Após descobrir o que causa a dor, fica mais fácil tratá-la. Mas não se preocupe: há medicamentos que podem aliviar o incômodo de imediato. “Nos casos em que a dor é em peso ou aperto (como se estivesse com um capacete justo) dura de 30 minutos a 72 horas contínuas, com frequência mensal e intensidade leve ou moderada, a indicação é apenas de tratamento da crise, sem a necessidade de medicamentos preventivos”, explica o neurologista Marco Antônio Arruda.  Os analgésicos, como dipirona e paracetamol, podem ser usados, desde que com frequência moderada. E claro: não cabe a você escolher o remédio. “Pergunte antes ao especialista qual medicamento pode ser usado no momento da dor”, explica Clarissa Bueno, neurologista do Hospital Infantil Sabará (SP).
A seguir, confira quais são as causas mais comuns para a dor de cabeça nas crianças. A lista leva em conta as situações em que o incômodo é um sintoma isolado. Se ele vier acompanhado de febre, por exemplo, pode ser sinal de alguma infecção, como amidalite -  já que o aumento da temperatura corporal dilata os vasos sanguíneos e provoca a dor.
Pular refeições: Se a criança ficar sem se alimentar por intervalos longos, o índice glicêmico (nível de açúcar no sangue) vai diminuir. Como o cérebro precisa do oxigênio da glicose para funcionar, haverá alteração de metabolismo e a dor de cabeça vai aparecer. Nesse caso, basta comer corretamente para que o incômodo cesse. Ter uma rotina definida, com pequenas porções saudáveis de alimento a cada 3 horas, é a melhor forma de prevenção.
Observe fatores desencadeantes, como alimentos, problemas na escola, restrição ou excesso de sono. Isso ajuda no diagnóstico!
Dormir pouco: É importante que seu filho também tenha rotina para repousar. Caso ele não descanse, a fadiga cerebral poderá ocasionar dor de cabeça. A solução é simples: definir um horário para ir para cama e para acordar. Clicando aqui, você pode ver a tabela que indica quanto seu filho precisa dormir por dia.

Problemas de visão: No fim do dia, quando volta da escola, seu filho se queixa de dor de cabeça? Ele pode estar com dificuldade para enxergar, apesar de não saber disso ainda. Os músculos que movimentam os olhos estão no osso da cabeça – se são muito exigidos, podem desencadear o desconforto. É preciso consultar um oftalmologista para saber se precisa usar óculos.
Ranger os dentes: Problemas na articulação da mandíbula, como o bruxismo, podem fazer com que a criança tenha dor de cabeça. Em geral, é um tipo de desconforto que aparece pela manhã, já que ela contraiu a região durante o sono. O pediatra vai investigar se há alguma disfunção no momento em que seu filho fecha a boca. No entanto, há outro motivo para isso: tensão. Uma dica para detectar se esse é o caso da criança é observar se ela se incomoda em pentear o cabelo: a tensão e a ansiedade se manifestam pela aflição na área do couro cabeludo. Nas duas situações, quem recomendará o tratamento será o dentista – o uso de uma placa que não deixa que os dentes se batam é a solução mais adotada.
Calor: Em dias quentes ou de intenso exercício físico, também é comum que seu filho se queixe de dor de cabeça. Isso porque, com o calor, os vasos sanguíneos se dilatam. Além disso, a contração muscular na região cervical e a fadiga podem ser as responsáveis pelo incômodo. Sugira que ele descanse (e se hidrate, claro!).
Tensão: Após analisar as condições orgânicas, o pediatra avaliará o aspecto emocional do seu filho. Se ele estiver exposto a alguma situação de estresse – pode ser na família e na escola, por exemplo –, a contratura muscular pode trazer dor de cabeça. Nesse caso, o tratamento psicológico é a melhor forma para resolver o problema.
Será que é enxaqueca?

Caso o seu filho tenha crises de dor de cabeça recorrentes, fique atento a outros sinais: se o incômodo surge em mais de um lado da região, com intensidade moderada a forte, e se vem acompanhado de enjoo e vômito. A enxaqueca costuma se manifestar também pela fotofobia (incômodo com a luz), fonofobia (desconforto diante de sons altos) e alterações visuais (aura: luzes piscando, manchas brilhantes ou visão borrada). Em geral, é pulsátil (lateja)  e piora com o esforço físico. Vale lembrar que o histórico familiar conta muito para o problema, já que ele é determinado por fatores genéticos.Na pesquisa coordenada por Arruda, concluiu-se que 8% das crianças de 5 a 12 anos no país têm enxaqueca.

O mais indicado é consultar um neurologista. Não há um exame específico para diagnosticar a doença, mas a observação dos sinais listados acima é suficiente para concluir se o seu filho sofre com o problema. Para tentar prevenir as crises, o especialista investigará se há fatores que desencadeiam o incômodo. Alimentos que contêm tiramina e conservantes, como salsicha, queijo e iogurte, podem estar entre os vilões. “Durante as crises, os medicamentos mais seguros são o ibuprofeno e o paracetamol. Mas há também outros remédios eficazes para a prevenção da dor”, explica Arruda. Como tratamento alternativo, coloque seu filho em um ambiente silencioso, ventilado e escuro, para que a dor diminua. Não deixe de tratar o problema – a criança que sofre de enxaqueca, sem ser medicada, tende a faltar mais na escola e a piorar seu desempenho.


domingo, 2 de julho de 2017

O que desencadeia crises de epilepsia?


A epilepsia é uma doença crônica, caracterizada pela presença de crises epilepticas repetidas. Uma crise epiléptica, é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que pode ocorrer sem motivo aparente ou causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. 


Se ficarem restritos, a crise será chamada focal; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada.Dentre as crises generalizadas, existem as crises mioclônicas, as de ausência e as convulsões ( crises tonico-clonico generalizadas, um tipo de crise epiléptica com maior numero de fenomenos motores).  Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menor gravidade se a crise for menos aparente.
Existem alguns fatores externos capazes de desencadear crises epilépticas, influenciando diretamente em sua frequência. O problema é que muitas pessoas desconhecem esses fatores e, por isso, não são capazes de se prevenir. 




A respeito disso, ressalta-se que estes fatores desencadeantes de crises epilépticas são sempre dependentes da idade. Por exemplo, em crianças de até 6 anos, destacam-se as crises febris, que ocorrem principalmente com a elevação súbita da temperatura. Já na adolescência, as crises generalizadas (como ausências, mioclonias e convulsões) começam a aparecer e tendem a se manifestar pela manhã, até duas horas após o despertar, ou no momento de cansaço excessivo, quando acontece o relaxamento do final do dia.
Já na vida adulta, as crises podem acontecer mais comumente durante o sono, principalmente as crises focais, que comprometem áreas mais restritas do cérebro. Além disso, privação de sono, ingestão alcoólica, estresse, hábitos de vida não saudáveis, como sedentarismo e consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, processos infecciosos, menstruação, desidratação e uso de alguns medicamentos como antidepressivos em doses elevadas (ou a retirada deles) também podem aumentar a frequência de crises.
Ao entender o que pode influenciar a ocorrência de crises, a pessoa com epilepsia deve se policiar para evitar maus hábitos e situações frequentes no dia a dia, como dormir poucas horas por noite, alimentar-se mal e passar por momentos de estresse.
Importante lembrar que, entre aquelas que fazem uso de medicamentos para a prevenção de crises, a perda de uma dose é um fator desencadeante muito comum. Então, nesses casos, é importante que haja um cuidado para não esquecer de tomar o remédio nos momentos certos. Familiares e pessoas próximas tem um papel importante no auxílio e apoio aos pacientes nessas situações.
A identificação de fatores desencadeantes e consciência sobre essas questões é parte integral do tratamento. Muitas vezes, apenas o uso adequado dos fármacos, responsáveis pelo controle das crises, é insuficiente. Para quem tem epilepsia, evitar os fatores externos pode ser igualmente importante para a estabilidade do quadro clínico.
Por fim, uma informação curiosa: há poucos dados na literatura sobre as relações entre as causas que envolvem o ambiente, em relação ao estresse, depressão e ansiedade, quando se fala em epilepsia. Porém, uma recente pesquisa, realizada no Norte de Manhattan e no Harlem, mostrou que fatores estressantes, como dificuldade de integração social, depressão e transtorno de ansiedade generalizada, aumentavam o risco de repetição de crises em duas a três vezes. Esses números corroboram a importância do acompanhamento psicológico, representado, por exemplo, por meio da terapia de relaxamento, terapia cognitivo-comportamental (abordagem mais específica, breve e focada no problema atualda pessoa com epilepsia), biofeedback (técnica que ensina a prestar atenção no funcionamento do corpo) e educação sobre a doença
É essencial que as pessoas que estão por perto, como os cuidadores, familiares e conhecidos, não excluam a pessoa com epilepsia e convivam com ela com naturalidade. A inclusão social é importante para que ela saiba lidar melhor com a própria doença e não se sinta sozinha em sua jornada.


terça-feira, 27 de junho de 2017

Oscilação hormonal em meninas interfere em crises de enxaqueca

Noticia retirada do site: http://www.correiobraziliense.com.br

Fatores como alimentação e estresse podem estar relacionados às crises de enxaqueca, independentemente do gênero. Mas a dor de cabeça latejante e intensa é mais comum em mulheres: três vezes mais frequentes do que nos homens. Por isso, cientistas dos Estados Unidos decidiram observar, em meninas e adolescentes, qual a influência dos hormônios femininos na ocorrência desse tipo de cefaleia. Após analisar 34 voluntárias, concluíram que níveis mais altos de progesterona podem reduzir as chances de crises de enxaqueca entre as mais velhas. Detalhes do trabalho foram publicados na revista especializada Cephalalgia e, segundo os autores, têm o potencial de ajudar no desenvolvimento de estratégias de tratamento mais eficazes

As participantes do experimento foram divididas em três faixas etárias: 8 a 11 anos, 12 a 15 anos e 16 a 17 anos. Todas eram pacientes do Hospital de Crianças de Cincinnati, nos Estados Unidos, unidade especializada em dor de cabeça. Durante 90 dias, foram coletadas amostras diárias de urina das voluntárias, que também tiveram que registrar em um diário a ocorrência e a gravidade das dores de cabeça. A quantidade dos hormônios sexuais estrogênio e progesterona na urina foi correlacionada com os relatos escritos.

Os resultados mostraram que, nas adolescentes mais velhas, quando os níveis de progesterona estavam baixos, o risco de elas serem acometidas por uma crise de enxaqueca era de 42%. O valor caía para 24% quando havia taxas maiores do hormônio. No grupo mais novo, porém, o efeito foi contrário: 15% de chance de ter a complicação quando havia níveis baixos de progesterona, e 20% em nível alto.



“A progesterona parece ser o fator mais importante no desencadeamento da enfermidade nas meninas jovens. No entanto, esse efeito parece diferir dependendo da idade das garotas”, explica ao Correio Vincent Martin, codiretor do Centro de Dor de Cabeça e Dor Facial do Instituto de Neurociência UC Gardner, nos Estados Unidos. Segundo ele, essa reação contrária deve estar relacionada às mudanças hormonais características da adolescência, época também em que costumam surgir as primeiras crises de enxaqueca. “Os hormônios provavelmente agem sobre os caminhos da dor do nervo trigêmeo, desencadeando as dores de cabeça”, detalha. “À medida que o cérebro está se desenvolvendo nessas meninas, pode haver diferenças na sensibilidade dos receptores cerebrais e seus papéis na ocorrência de enxaqueca.”

Andrew Hershey, diretor de Neurologia doo Hospital de Crianças de Cincinnati, explica que as meninas começam a sofrer as primeiras mudanças da puberdade entre 8 e 10 anos. À medida que segue o desenvolvimento puberal, geralmente ocorrem flutuações hormonais cíclicas e períodos menstruais irregulares. “Já demonstraram que um padrão de dor de cabeça mensal pode começar durante esses estágios iniciais. Quando envelhecem, seus períodos menstruais tornam-se mais regulares, assim como as flutuações hormonais, e, aos 17 anos, a maioria das meninas tem padrões hormonais adultos”, detalha.


Suspeita

Márcia Neiva, Neurologista do Hospital Brasília, avalia que o estudo dá sustentação científica a uma suspeita comum nos consultórios. “Sabemos que as mulheres são mais acometidas por enxaquecas, o que aponta para influências hormonais. Já sabemos também que alguns anticoncepcionais podem evitar a enxaqueca, por exemplo. Para pacientes que sofrem com enxaqueca, sempre indico medicamentos contraceptivos feitos com base na progesterona, pois foi demonstrado que o uso deles diminui a quantidade de crises”, diz a especialista.

Renato Mendonça, neurologista do Laboratório Exame em Brasília, ressalta que ainda há muito a estudar sobre a influência dos hormônios femininos no corpo humano. “Sabemos pouco sobre eles, mas temos certeza de que estão envolvidos em diversos fatores, como o humor, e que se combinam, provocando uma gama de influências. No caso na enxaqueca mesmo, é difícil vermos mulheres mais velhas com essa enfermidade. Ela é mais frequente em jovens, algo que indica também uma mudança causada pela alteração hormonal.” Na maioria dos casos, as crises desse tipo de cefaleia desaparece após os 50 anos.


Multifatorial

Apesar da influência hormonal detectada, os autores do estudo destacam que outros fatores estão envolvidos na ocorrência de enxaquecas. “As mudanças que vimos podem refletir o tempo mais cedo que as meninas começam a responder aos hormônios. Poderia também explicar por que as crises se desenvolvem em adolescentes, mas muitos outros fatores precisam ser avaliados, já que esse é um problema multifatorial”, ressalta Vincent Martin.

Os resultados atingidos, segundo a equipe, abrem um caminho de possibilidades em busca de intervenções mais eficazes contra um problema considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das principais causas de anos perdidos por incapacidade. “É possível que algumas terapias hormonais possam ser dadas a adolescentes mais velhas para prevenir a enxaqueca, mas isso precisa ser investigado em estudos futuros”, diz Martin.

“É possível que algumas terapias hormonais possam ser dadas a adolescentes mais velhas para prevenir a enxaqueca, mas isso precisa ser investigado em estudos futuros”